O novo disco de Patrícia Ahmaral, o primeiro totalmente autoral, ainda não tem data de lançamento. Enquanto isso, a cantora e compositora belo-horizontina vai soltando algumas pistas do que vem por aí neste novo trabalho. Após lançar “Tirania” em setembro do ano passado, Patrícia agora divulga mais um single. “Que Graça?” chegou nesta sexta-feira (29) às plataformas digitais. Em maio, será a vez de “Frida” vir à tona.
A mineira, cuja trajetória como intérprete ficou marcada nos álbuns “Ah!” (1999), “Vitrola Alquimista” (2004) e “Superpoder” (2011), além de “Ah! Vivo!”, lançado em julho como registro do show realizado em outubro de 2019 em comemoração aos 20 anos de sua estreia no mercado fonográfico, sentiu o desejo de compartilhar as canções que têm nascido durante a pandemia e que vão desaguar no próximo álbum.
Produzida por Fernando Nunes, “Que graça?” passeia pela MPB e pelo pop mesclando camadas rítmicas que passam pelo samba, pelo maracatu e pelo baião. A música questiona o mundo contemporâneo repleto de desigualdades, injustiças e marginalizações sociais e discriminação racial.
“Até quando vamos colocar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente, sabendo que milhões de pessoas no mundo vivem em estado de miséria? É muita loucura”, comenta a cantora, que reconhece seu lugar de privilégio enquanto mulher branca: “Não há mais espaço para a neutralidade. Precisamos reconhecer os privilégios herdados nesse lugar da pele branca e assumir a responsabilidade histórica que temos sobre essa faceta vexatória e terrível da sociedade que criamos, que joga seres humanos na escória e naturaliza isso”.
“Que Graça?” foi mixada por André Cabelo e tem a participação dos músicos Bruno Santos (percussão), Fernando Nunes (violão, baixo fretless e programações eletrônicas) e Rafael Mandacaru (theremin).
No segundo semestre deste ano, Patrícia Ahmaral lançará um disco-tributo ao poeta piauiense Torquato Neto (1944-1972), cuja morte completa 50 anos em 2022. Estarão no disco canções escolhidas à dedo, como parcerias de Torquato com autores do quilate de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Edu Lobo, Paulo Diniz, Geraldo Azevedo, Carlos Pinto, Zeca Baleiro, Chico César, entre outros. O projeto foi aprovado na Lei Aldir Blanc e está sendo gravado com recursos do edital.