Porta dos Fundos investe no terror em novo especial natalino

A tão aguardada noite feliz de Natal está totalmente fora dos planos do pessoal do Porta dos Fundos em 2022. Pelo menos isso é o que indica o novo especial de fim de ano que o coletivo de comédia carioca preparou para ir ao ar nesta quarta-feira (21), na plataforma de streaming Paramount+.

Batizado de “O Espírito do Natal”, a atração deixa de lado a sátira debochada sobre temas bíblicos para apostar num climão de suspense e terror trash.

Com um elenco formado por Gregorio Duvivier, Rafael Portugal, Fábio Porchat, Antonio Tabet, Raphael Logam, Thati Lopes, João Pimenta e Evelyn Castro, o enredo desta vez acompanha um grupo de amigos avessos à época natalina que decidem passar o feriado juntos numa cabana isolada.

No entanto, ao chegar à casa, a turma se depara com um invasor misterioso vestido de vermelho, que acaba assassinado por um deles. A morte desse intruso estranho desencadeia uma série de eventos horripilantes, que vão atormentar cada um dos personagens ao longo da história. Tudo isso, claro, apresentado com o característico humor do Porta dos Fundos.

“A gente já estragou o Natal para os adultos, então chegou a hora de estragar para as crianças também”, avisou Fábio Porchat, que assina o roteiro do projeto com Jhonatan Marques, durante entrevista coletiva com a imprensa no início de dezembro.

Segundo o ator, a trama – que obviamente não é voltada para o público infantil – foi a chance perfeita para que o grupo tentasse algo bem diferente das tradicionais produções em cima de protagonistas religiosos.

“A ideia era não ficar repetitivo e sair um pouco da religião. Queríamos um tipo de humor que tivesse a cara do Porta e que explorasse algo novo. Aí pensamos: que assunto só a gente poderia fazer? E a resposta foi: matar o Papai Noel! Nunca tínhamos falado sobre o Papai Noel, e matar o Papai Noel sem dúvida é algo que só o Porta poderia fazer”, afirmou o humorista, às gargalhadas.

Mas isso significa que a trupe não vai mais fazer esquetes sobre religião no futuro?

“Claro que não. A gente sempre continua tocando no assunto”, garantiu Porchat.

“Inclusive, fizemos um minidoc de divulgação para esse filme que traz Jesus reclamando por ter deixado de ser o garoto-propaganda do especial de Natal do Porta dos Fundos”, adiantou o comediante, que por nove anos tem sido o responsável pela criação de todos os conteúdos natalinos do coletivo.

Entre o espanto e o riso frouxo

Porchat revelou que, com o mote definido, o passo seguinte foi buscar uma linguagem cinematográfica que causasse grandes sensações no telespectador. Nada pareceu mais plausível do que lidar com o medo e o riso ao mesmo tempo.

“A gente decidiu fazer um filme de terror – terror de verdade – e que fosse engraçado também. Porém, não queríamos nada do chamado ‘terrir’, que mostra todo mundo em pânico e aquela coisa toda. Tinha que ser terror com todos os seus clichês clássicos: a coisa da cabana abandonada, da geladeira vazia e da trilha sonora que dá medo”, observou.

Para Porchat, o mais importante era conseguir trazer todas as possibilidades do gênero para dentro do especial.

“Eu queria algo do tipo: e se o próprio Natal pudesse se vingar das pessoas? Porque é comum escutar muita gente dizendo que odeia o feriado e tudo o que ele representa, desde as frutas cristalizadas, passando pelos presentes, até o Papai Noel. Mas, e se o espírito do Natal também não gostasse da gente e resolvesse retaliar? Isso, sim, seria o filme de terror natalino perfeito”, justificou.

Foi precisamente com isso em mente que o texto se desenvolveu.

“Quando desenvolvemos a história, não queríamos que ele fosse um Papai Noel óbvio – aquele cara totalmente vestido de vermelho, com a barba branca, com o gorro”, argumentou Porchat. “Queríamos mostrar cinco amigos que odeiam o Natal e alugam uma casa na serra para escapar justamente da data, mas terminam matando sem querer um cara esquisito que aparece por lá – que era ninguém menos que o próprio Papai Noel”, completou.

O propósito era que os personagens ficassem na dúvida sobre o que fizeram.

“A brincadeira sempre foi criar uma dúvida desde o início: quem será esse cara com esse saco meio vermelho nas costas? Será que é um assaltante, um mendigo, um pedinte ou só uma pessoa que invadiu a casa? Somente ao longo do filme eles se dão conta de que na verdade era o Papai Noel. E é aí que o espírito do Natal resolve punir essa turma”, realçou Porchat. 

Apesar de se arriscar em um novo estilo artístico, ele garante que o foco do grupo segue sendo o humor e todos os seus desafios.

“O grande obstáculo para o Porta é conseguir fazer um humor que funcione e não seja datado, forçoso ou cheio de pretensão. A gente sempre optou por não fazer piadas em cima de factuais porque elas tendem a ficar datadas. O cara que ganha o ‘Big Brother’ hoje pode ser muito famoso no momento, mas talvez daqui a dez anos o público não se lembre mais dele”, sublinhou Fábio Porchat.

“Acho que é por isso que o Porta dos Fundos sempre vai atrás do humor mais largado e fala de todo tipo de assunto. Nossa vontade é poder fazer um humor acessível e que não seja nunca metido a besta. Mas vamos continuar tentando isso sempre”, finaliza.

Programe-se

O quê: ‘O Espírito do Natal’, especial do Porta dos Fundos

Quando: Estreia nesta quarta-feira (21)

Onde: Na plataforma de streaming Paramount+

Produção: Brasil, 2022

Direção: Rodrigo Van Der Pu

Elenco: Gregorio Duvivier, Rafael Portugal, Fábio Porchat, Antonio Tabet, Raphael Logam, Thati Lopes, João Pimenta e Evelyn Castro

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