Artes Plásticas

Projeto com série de atrações comemora os 80 anos da Escola Guignard

Além de concerto da Sinfônica Pop, estão previstas exposições, aula sobre desenho de modelo vivo, oficinas e mesas de debates

Por O TEMPO | ENTRETENIMENTO
Publicado em 26 de fevereiro de 2024 | 17:39
 
 
 
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Criada pelo então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek (1902-1976), com a assinatura de um Decreto Municipal em 29 de fevereiro de 1944, criando o antigo Instituto de Belas Artes, a Escola Guignard está completando 80 anos de história. 

Convidado por JK, um ano antes, o já renomado pintor, no Rio de Janeiro, Alberto da Veiga Guignard (Nova Friburgo - RJ, 1896 - Belo Horizonte - 1962) assume o Curso de Desenho e Pintura, iniciando suas atividades com sessão solene, em Aula Inaugural, dia 30 de março de 1944.

Diversos locais sediaram o Curso Livre de Desenho e Pintura que, pela própria natureza, e fiel ao atribulado Guignard, finalmente instalou-se na obra abandonada (1943-1945) do Teatro Municipal, atual Palácio das Artes (1971), onde funcionou de 1950 a 1994, quando ganhou novo e definitivo endereço, no bairro Mangabeiras, com projeto do arquiteto Gustavo Penna, que também batiza o atual projeto, “80 e Sempre”. 

A programação do projeto conta com apoio e a parceria da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), por meio da própria Escola Guignard, e estreia nos dias 27 e 28 de fevereiro, no Grande Teatro Palácio das Artes, com “Sinfônica Pop – As Minas de Guignard - Homenagem aos 80 anos da Escola Guignard - Orquestra Sinfônica de Minas Gerais convida Tadeu Franco, Toninho Horta, Marcus Viana e Trio Amaranto”.

A segunda ação acontece dia 29 de fevereiro, data de criação da Escola, com a exposição, “A Paixão Segundo Guignard - Escola Guignard - 80 Anos”, na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes, berço desta instituição, tendo como principal sala de aula o Parque Municipal, atrás do Palácio das Artes.

Em “A Paixão Segundo Guignard”, com curadoria e pesquisa de Paulo Schmidt e curadoria adjunta de Claudia Renault, o público descobrirá o desbravador, pioneiro e divisor de águas, Alberto da Veiga Guignard; a homenagem de seu nome na Escola, em 1962, e na Grande Galeria do Palácio das Artes, em 2002. Merecimento e reconhecimento.

Para Paulo Schmidt, “já entrando na exposição que comemora os 80 anos dessa escola, ‘A Paixão Segundo Guignard’ trata principalmente do Guignard artista e professor a partir de 1944, porque é nessa relação que importa a comemoração do aniversário de uma escola. A presença de Guignard vai até 1961, mais ou menos, no final com um envolvimento menor, mas ela sobrevive graças à sua vontade de ensinar e ao grupo que se formou no entorno e lutava para que a Escola permanecesse”.

Na paisagem de “A Paixão Segundo Guignard”, o pensamento do artista, o ateneu criado pelo professor e como ambos se desdobraram ao longo de gerações. A mostra registra este começo: Guignard chegando, trabalhando na Escola que consolidou e de como isso reverberou, sobretudo, na primeira geração de alunos e dos artistas que com ele conviveram.

Como destaque, obras do próprio Guignard, de seus assistentes Edith Behring, Franz Weissmann e de alunos diretos das primeiras gerações. Guignard esteve à frente do curso desde sua implantação, em 1944, até 1961. Faleceu em 1962, quando, como já dito, a Escola, em homenagem ao Mestre, ganhou o nome de seu criador. Poucas testemunhas daqueles tempos ainda estão vivas: Yara Tupinambá, Maria Helena Andrés, Laetitia Renault e Jarbas Juarez.

Uma segunda exposição, no segundo semestre de 2024, abordará a geração dos anos 1970, até os dias de hoje. Professores e artistas com quem ainda convivemos e que seguem a mesma toada, diretriz e linha que Guignard produziu: a busca de uma identidade própria, sem amarras, com muita criatividade e liberdade.

Professores/artistas que resistiram por 40 anos nos “porões” do Palácio das Artes, até a conquista da sede própria e incorporação à Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). São mais de 80 artistas/professores que mantiveram o legado do Mestre. A curadoria coletiva é da Fundação Clóvis Salgado (FCS) e da Escola Guignard.

A última exposição de “80 e Sempre” contemplará os formandos 2024 da Escola Guignard, instituição há 30 anos ligada à Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), fechando um ciclo, do criador, aos mais recentes alunos e artistas. Ou seja, o pensamento que começou em 1944 perdura e permanece com a nova e vivíssima geração. Para além das exposições, a Escola Guignard promoverá várias ações na própria sede, no bairro Mangabeiras e no Palácio das Artes.

A primeira, num espaço da Grande Galeria, será um cenário para a prática do desenho de modelo vivo, por artistas. O espectador verá o ambiente como se estivesse em uma aula de modelo vivo. Datas e horários ainda serão anunciados. Em locais do Palácio das Artes e do Parque Municipal, aulas de desenho de observação, criação e uso de aguadas propostas por artistas/professores e oficinas, por estudantes, como desenvolvimento de atividades de extensão.

A semana de aulas e atividades de 2024 começará em 11 de março nas dependências da Escola Guignard (UEMG) e finalizará com uma aula inaugural dia 15 de março, às 19h, na sala Juvenal Dias, Palácio das Artes. Mesas abordarão a formação da Escola e o pensamento do desenho a partir de Guignard. Dia 30 de março, a abertura da exposição “Era uma vez...” na Galeria Escola Guignard. Nesta data, comemora-se a primeira aula dada por Guignard, ainda em 1944.

Também haverá a mesa na Galeria Aberta Amilcar de Castro, Palácio das Artes, encerrando a exposição “A Paixão Segundo Guignard”, com participação de alunos e ex-alunos. E ainda homenagem aos professores Eméritos da Escola Guignard, Maria Helena Andrés, Lótus Lobo e Antônio de Paiva Moura. Em junho, “Congresso 80 anos da Escola Guignard”. Três dias de mesas de discussão, convidados e palestrantes a serem confirmados.

Já no segundo semestre, durante a segunda coletiva da geração dos “netos, bisnetos e tataranetos” de Guignard, ampla programação, com destaque para oficinas no espaço da Galeria Amilcar de Castro e no Parque Municipal. Desenhos feitos no chão e em grande escala. Queima de cerâmica a céu aberto, dentre outras atividades.

Completando a extensa agenda, mesas redondas com artistas sobre o ensino proposto, a efervescência artística da Escola Guignard e a cidade. Os causos da Escola no período da ditadura militar, festivais de inverno, “happenings” na Avenida Afonso Pena, em frente ao Palácio das Artes e ao Parque Municipal.

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