“Minas Gerais é o Texas do Brasil”. É assim que Alexandre Materna, conhecido como MC Papo, define a inspiração para criar a música “Texas”, na qual fala sobre o jeito mineiro e a vida em Belo Horizonte e na região metropolitana. “Aí eu faço duas comparações de Minas com o Texas: além de serem dois estados “sertanejos”, Minas está chegando para mostrar que música no Brasil não é só Rio-São Paulo”, conta o MC, em comparação com o rap americano, que tem saído do eixo Los Angeles-Nova York, e ganhado força em estados como Texas, com nomes como Paul Wall, Slim Thug, Mike Johnes e Bun B.
“Uai é uai, e tudo aqui é trem/ Mineiro é desconfiado, vocês sabem bem/ É logo ali, vai vendo/ Mineiro diz que tá chegando e sai de casa correndo”, diz a letra. Influenciado pelo funk, o rap americano e reggaeton, o MC que já lançou os álbuns “Futuro Ex-Pobre” e “El Magrelo', fez a música para falar sobre a sua perspectiva em relação à cidade. “Estou descrevendo a Belo Horizonte que eu conheço, onde tem tráfico de drogas, discriminação com a galera que é do funk, essas coisas. Eu quis falar da minha Belo Horizonte”, conta.
Além de BH, Betim, Ribeirão das Neves, Santa Luzia e Contagem são lembradas na canção.
Filho de mãe brasileira e pai belga, Materna nasceu em Bruxelas e veio para o Brasil aos dois anos de idade. Em 2001, ele voltou para a Bélgica, onde viveu por mais três anos antes de retornar à Belo Horizonte, onde mora atualmente. A base para a música “Texas”, segundo o MC, foi enviada por uma amigo que mora na Europa, Yaceen.
“Comigo não tem isso de venda digital, a gente trabalha visibilidade agora. CD já é uma coisa meio obsoleta”, diz Materna, que divulga seu trabalho postando vídeos no YouTube e interage com os fãs no Facebook, Twitter e Instagram.
Temporariamente afastado da música para se dedicar à faculdade de Serviço Social, o MC acredita que falta valorização dos artistas locais por parte de quem organiza eventos de cultura e, com isso, o público sai prejudicado. “O que eu espero é a evolução na área da cultura, acho que aqui é tudo muito escasso, pouca gente que leva a sério”, afirma.
Ouça a música: