CINEMA

Rodrigo Santoro dá voz a uma tartaruga com TOC em animação brasileira

Filme 'Bizarros Peixes das Fossas Abissais', dirigido por Marão, será lançado em janeiro no país

Por Paulo Henrique Silva
Publicado em 13 de novembro de 2023 | 08:00
 
 
 

Rodrigo Santoro não começou a carreira fazendo dublagem, como o ator e diretor mineiro Selton Mello, que deu voz a Ralph Macchio em “Karatê Kid – A Hora da Verdade” e Charlie Brown dos desenhos do Snoopy. Mas o dono do papel de Xerxes em “300” empresta frequentemente a sua voz para filmes, especialmente animações.

A lista é grande e começa em 2000, com o ratinho protagonista de “O Pequeno Stuart Little”. Um dos pontos altos foi, sem dúvida, o ornitólogo Túlio de “Rio”, tanto na versão original como na brasileira. Em janeiro, estreia o seu novo trabalho, “Bizarros Peixes das Fossas Abissais”, exibido durante a 47ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Para o ator, a animação assinada pelo anárquico Marão, em seu primeiro longa-metragem, não é tão nova. A gravação de voz para o personagem da tartaruga com transtorno obsessivo-compulsivo foi realizada há seis anos. “Fiquei fascinado com o resultado final, até porque eu não tinha muita noção (do que seria), pois tínhamos um esqueleto de roteiro”, recorda.

“A gente não tinha exatamente as descrições das cenas. Eu sabia mais ou menos o que era a personagem, em conversas com o Marão. Achei o filme de uma sensibilidade... É muito diferente uma animação 2D, desenhada, daquelas que são feitas hoje com softwares. Sem querer comparar e dizer qual é melhor, mas o 2D tem uma poesia. Você vê o processo artesanal em cada quadro”, analisa.

Santoro viu “Bizarros Peixes das  Fossas Abissais” pela primeira vez junto com o público, numa sala de cinema lotada da rua Augusta, em São Paulo. “Eu fiquei tocado. Não sabia que era tão poético. Não tinha muita noção das cores. Eu entendi o traço do Marão, eu não imaginava exatamente como iria ficar, que história era essa que a gente estava contando”.

Ele se diz emocionado ao perceber agora sobre o que o filme aborda. “É um filme despretensioso, com piadas absurdas, dentro da nossa lógica social, e fala de coisas muito delicadas. Nas entrelinhas das brincadeiras que são feitas durante todo o filme, tem algo muito humano sendo tratado”, assinala o ator.

Na trama, a tartaruga com TOC se junta a uma nuvem com incontinência pluviométrica (voz de Guilherme Briggs, dublador de Buzz Lightyear, de “Toy Story”) numa insólita jornada rumo às profundezas do oceano. “O filme fala de como é importante, mais do buscar a cura, é estar junto. Eu achei muito bonito”, elogia Santoro.

 O ator revela que está numa nova animação, “A Arca de Noé”, baseada na coletânea de poesias infantojuvenis de Vinicius de Moraes, atualmente em produção, com direção de Sérgio Machado e Alois Di Leo. Ele dá voz novamente a um ratinho, passageiro de uma segunda arca de Noé, que conduz bichos não muito bem queridos das pessoas.

“É um desafio grande criar uma personagem a partir da voz somente. A princípio, pode parecer algo que poderá limitá-lo, mas, justamente por você só ter a voz, é como se você tivesse que compactar as suas emoções. Existe só aquele canal para você criar e dar vida a uma personagem”, diferencia Rodrigo Santoro.

É diferente de um cartum, em que se faz uma vozinha caricata. No longa-metragem de animação, normalmente as personagens são humanizadas, mesmo que sejam animadas, como é o caso da tartaruga que sofre de TOC. Poder humanizar uma personagem por meio da voz é desafiante e também muito divertido, porque a gente improvisa”.

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