A força das manifestações que eclodiram no Brasil em 2013 repercutiram não só no âmbito político, mas também no artístico. No âmbito das artes plásticas, o artista Júlio Hübner, inspirado pelas passeatas e por seu fascínio pelo espaço público, produziu 20 obras que compõem a exposição “Via Pública ou Marginal – Trajetos da Nação Sem Noção”, em cartaz Galeria de Arte Beatriz Abi-Acl.
A mostra é constituída de pinturas com formas geométricas que aludem a símbolos de trânsito facilmente vistos nas ruas - palco das rebeliões populares - e, ao mesmo tempo, formam novos signos que fazem referência a ícones políticos, como o Planalto Central. “O Brasil não tinha um povo, tinha um público. Todos estavam acostumados a ver e não fazer nada. Mas, depois do ano passado, começaram a perceber a importância da união”, afirma Hübner.
Mesmo fazendo parte um coletivo, cada participante, de acordo com a perspectiva do artista, é impulsionado por razões particulares e, dessa forma, enfraquecem e desorganizam as manifestações. “Em função disso, cito no título da exposição que o povo não tem noção”, opina Hübner.
Para o artista, que também trabalha como relações públicas em campanhas eleitorais e por isso afirma conhecer de perto “os bastidores dessa manipulação da massa”, os visitantes irão enxergar nosso contexto político atual com outros olhos ao visitar a mostra.
Uma das peças que assegura essa opinião é uma releitura da obra “Merda de Artista”, de Piero Mazoni (1933-1963). A peça é uma lata que leva a expressão-título grafada na parte exterior. Além da customização distinta, Hübner substituiu os dizeres por “Político de Merda” e “Merda de Político” com a observação “Produzido no Brasil durante a Copa de 2014”. “Isso vai gerar polêmica”, prevê.
Serviço. Exposição “Via Pública ou Marginal – Trajetos da Nação Sem Noção”, até o dia 27 de junho, na Galeria de Arte Beatriz Abi-Acl (rua Santa Catarina, 1.155, Lourdes). Entrada gratuita.Telefone: (31) 3291 2101.