Sérgio Pererê, Vitor Santana e Orquestra Sesiminas homenageiam Dorival Caymmi

Mar, morte, poesia. Alguns dos elementos que habitam o universo de Dorival Caymmi (1914-2008) serviram de inspiração para o concerto que Sérgio Pererê e Vitor Santana, junto ao corpo da Orquestra Sesiminas, apresentam nesta quinta-feira (23), às 21h. A regência é de Felipe Magalhães, e os arranjos sinfônicos, de Neto Bellotto e Rafael Martini.

Pensado como uma homenagem ao disco “Canções Praieiras” (1954), de Caymmi, o encontro dos dois cantores teve uma primeira versão, em 2016. “Desde então, havia a vontade de transformá-lo num concerto com orquestra. Em meio à pandemia, houve uma tentativa que bateu na trave. Agora, aconteceu”, conta Rafael Guimarães, produtor e idealizador do espetáculo.

Guimarães diz ainda que a escolha do repertório para o concerto acabou não sendo uma tarefa das mais difíceis. 

“As músicas que já estavam no show são muito representativas desse universo de quem vive no litoral brasileiro, sobretudo o baiano”.

Do álbum homenageado, entraram no setlist as canções “Milagre”, “Noite de Temporal” e “O Bem do Mar”, além de outras que vieram de diferentes fases da carreira do baiano. Há, ainda, duas músicas – uma de Santana e outra de Pererê – que foram criadas especialmente para o projeto. “Todas têm em comum o fato de dialogarem diretamente com o universo musical de Caymmi”, completa.

Admiração

Parceiros de longa data, Pererê e Santana trocam elogios antes do concerto. 

“Dividir o palco com o Pererê é um aprendizado. Já tem dez anos que fazemos coisas juntos”, afirma Santana, que lembra que a primeira colaboração dos dois foi na trilha sonora do filme “Égun”, de Helder Quiroga. 

“Pererê vive embebido de sua arte. Com ele aprendo muito sobre o que significa ser um artista de verdade”, exalta.

Pererê retribui: “A gente tem uma coisa bonita já há algum tempo, não só no palco ou no estúdio, mas na vida pessoal. Ele é um artista muito generoso e fico feliz de estar mais uma vez junto a um irmão, amigo e parceiro como ele”.

Influência de Caymmi 

O show é também uma chance para os dois demonstrarem a admiração que nutrem por Caymmi. 

“A influência é antiga. Lembro que comprei uma caixa de CDs, no começo dos anos 2000, que trazia ‘Canções Praieiras’. Foi um aprendizado muito forte”,  recorda Santana. “Para mim, Caymmi traduziu, em forma de música, o que eu sempre senti em relação à Bahia. Então, cantar Caymmi é como cantar minhas próprias canções”, acrescenta.

Já Pererê diz que Dorival o remete à energia de seu pai. “Pelo timbre de voz. É desses cantores para os quais o mais importante é essa expressão da voz – o violão entra somente como um tanger de cordas para sustentar a voz”, declara.  "Como eu venho dessa cultura – muito inspirada no meu pai –, o Caymmi me transporta para esse lugar. É como se ele me levasse para uma energia de família, para um lugar mágico e só meu", resume Pererê.

O músico também comenta sobre a parceria com a Orquestra Sesiminas no projeto. 

"Poder tocar com a Sesiminas é uma experiência desafiadora porque eles vão trazer outros elementos, outros cuidados para o show", afirma ele, que diz que a proposta de unir o erudito ao popular pode ajudar a quebrar paradigmas e instigar as pessoas a explorarem estilos musicais diversos. 

"É um desafio, mas, ao mesmo tempo, também uma coisa maravilhosa, porque essa fusão é o caminho para o futuro. A música precisa funcionar sem nenhuma separação entre o popular e o erudito – só assim vamos conseguir manter acesa para sempre a chama essencial da nossa música", conclui.

Serviço

O quê: Sérgio Pererê, Vitor Santana e Orquestra Sesiminas apresentam "Canções Praieiras”, concerto em homenagem a Dorival Caymmi

Quando: Nesta quinta (23), às 21h

Onde: Teatro do Centro Cultural Sesiminas (ruas Padre Marinho, 60 – Santa Efigênia)

Quanto: Ingressos custam entre R$ 15 e R$ 30 e podem ser adquiridos pela plataforma Sympla