Vini de Vai na Fé, Guthierry Sotero lamenta veto de beijo gay na novela da TV Globo: “Acabam por comprometer o nosso trabalho”

O ator Guthierry Sotero, que interpreta o personagem Vini, em Vai na Fé, abriu o jogo em relação aos vetos da TV Globo sobre o beijo gay na trama de Rosane Svartman. Em entrevista ao site da Heloisa Tolipan, o artista celebrou o protagonismo negro na atual fase da dramaturgia e revelou torcer para que a novela das 19h00 exiba os beijos homoafetivos tão aguardados pelos telespectadores.

“De inicio eu não entendi o que estava acontecendo. Acho que [os cortes] acabam por comprometer o nosso trabalho, especialmente por tratar-se de algo que faz sentido na cena. Um pedido de namoro que não tem beijo é algo que não acontece na vida real, isso não é verdadeiro. É difícil entender, mas vamos ver o que acontece daqui pra frente,  se melhora e o beijo acontece. Eu torço que sim. Pra mim seria interessante ver acontecendo e as pessoas vibrarem por ver esses dois caras trocando afeto”, contou o ator, que confessou estar surpreso com os cortes.

Guthierry Sotero também celebrou a importância de dar voz a um casal preto LGBTQIA+ em uma história de grande alcance nos lares brasileiros. “É importante retratar o amor de dois caras pretos na TV. Dediquei-me muito na composição deste personagem, para que ele não ficasse estereotipado, para que as pessoas pudessem se identificar e quando isso aconteceu, da identificação, foi um ganho. Representatividade importa, sim. E eu sinto que este é um passo importante na TV, ainda que seja algo recorrente na sociedade”, afirma.

Por fim, o artista falou sobre a importância do protagonismo negro na atual fase das novelas e apontou a abordagem real de pessoas pretas que a autora Rosane Svartman vem retratando em sua obra.

“É uma mega conquista. É o que acontece na sociedade. Há o Benjamin (Samuel de Assis) que é estudado e vive uma boa condição financeira, bem como o Orfeu (Jonathan Haagensen) que vive o lado mais marginalizado, bem como o Vini e o Yuri, que são bolsistas. É uma abordagem real. Antigamente, nas novelas, os pretos eram figuras subalternas às brancas”, completou Guthierry Sotero.