Música

'Tinha uma troca entre a gente', diz Paula Lima, que celebra Rita Lee em BH

Cantora, que estreia a turnê 'Soul Lee' na capital, neste sábado (12), fala do show e relembra histórias com a saudosa Rita

Por Bruno Mateus | @eubrunomateus
Publicado em 08 de agosto de 2023 | 14:37
 
 
 

“Escuto Rita desde criança”, conta Paula Lima logo no início da entrevista. A cantora se refere à Rita Lee, morta em maio deste ano. A marca que uma das mais importantes e influentes artistas da música popular brasileira deixou em Paula tem a ver, claro, com o que ela produziu desde o fim dos anos 1960, com Os Mutantes, – e depois em exitosa e longeva carreira solo –, mas também com sua personalidade forte, transgressora e moderna.

“Me lembro de ver aquela mulher tão diferente, solta, colorida, muito livre. Aquilo me chamou muita atenção desde sempre. Eu estava no colégio e falava em liberdade. Como mulher, e mulher negra, eu prezo muito por liberdade. Adorava ouvir os pensamentos dela, as entrevistas, aquela pitada de loucura que é uma coisa tão gostosa. Ela tinha tudo isso e eu, na adolescência, já absorvia isso ”, diz Paula Lima.

Tempos depois, ambas se encontraram em São Paulo. Era início dos anos 2000, Dia Internacional da Mulher. Paula e Rita dividiram o mesmo palco para cantar duas canções, “uma foi ‘Pagu’, parceria dela com a Zélia Duncan, e nós três cantamos juntas”. Nos bastidores, Paula Lima conversou com sua ídola. E recebeu conselhos sobre a vida, palavras que ela carrega como um ensinamento desde então.

“Achei o que ela disse muito bonito, de uma generosidade enorme. Ela não precisava se importar comigo, mas se importou. Ela disse que há certas coisas que a gente não abre para as pessoas, que são coisas muito particulares. Às vezes, somos um livro muito aberto e eu, a mil por hora e com pouca experiência, levei aquilo para mim”, relembra a cantora – paulistana como Rita.

Não haveria lugar melhor para homenagear Rita Lee que nos palcos. É isso que Paula Lima faz em “Soul Lee”, que chega, pela primeira vez, a Belo Horizonte neste sábado (12), no Sesc Palladium (detalhes no fim da matéria). Será a estreia da turnê em solo mineiro, mas a ideia do show não é nova, surgiu em 2019, quando pandemia era só mais uma palavra no dicionário.

Paula queria cantar “canções de uma mulher muito forte, muito à frente de seu tempo”. Pela ousadia, feminismo e bom humor, Rita lhe pareceu a escolha perfeita: “Eu queria transformar em algo que tivesse a ver comigo, com meu universo, minhas referências. Ficou um show muito swingado e, ao mesmo tempo, não perde a pulsação que o rock permite. É um show envolvente, as pessoas cantam da primeira à última música”.

“Soul Lee” estreou em São Paulo, em julho daquele mesmo 2019. Com a morte de Rita, os fãs pediram que Paula voltasse com a turnê. A cantora já havia celebrado Rita Lee em vida em várias oportunidades, uma delas no ano passado quando, ao lado de Giulia Be, Agnes Nunes, Luísa Sonza e Manu Gavassi, foi uma das convidadas pelo Grammy Latino para dar voz aos clássicos da homenageada.

Paula cantou “Baila Comigo” e recebeu mensagem de Rita: “Ela adorou. Tinha uma troca entre a gente. Ela já me mandou música, que acabamos não gravando. Havia uma admiração, fico muito lisonjeada”.

Sobre o critério utilizado para selecionar 17 canções de uma obra tão diversa quanto bem-sucedida, Paula Lima ressalta que tentou revisitar sua memória afetiva com Rita, mas também pinçou aquelas canções que seriam mais facilmente vertidas para o universo soul, por onde caminha há quase 30 anos.

Então, surgem releituras de “Baila Comigo”, “Ovelha Negra”, “Agora Só Falta Você” e “Ando Meio Desligado”. As indispensáveis “Mania de Você”, “Nem Luxo, Nem Lixo”, “Jardins da Babilônia” e “Lança Perfume” também estão no repertório. “Foi um desafio, mas um desafio bom, porque são muitos sucessos. No caso da Rita, é uma enxurrada”, destaca a cantora.

Henry Marcelino (bateria), Felipe Pizzu (baixo), Deusnir (teclado), Jorginho Neto (trombone), Guto Bocão (percussão) e Bruno Nunes (guitarra e direção musical) acompanham Paula Lima na empreitada de repaginar as canções de Rita Lee.

Paula Lima continua falando com a família de Rita. Agora, com a volta da turnê, ela diz ser importante ter o aval de Roberto de Carvalho e dos filhos. “Continuo falando com o Beto, com o Roberto. Está todo mundo me abraçando. É importante eu ter essa tranquilidade, até para eu saber meu lugar”, ressalta a cantora.

“Eu, Paula Lima”, novo disco e Sonastério Ilumina

Paralelamente à “Soul Lee”, a cantora paulistana também apresenta o show “Eu, Paula Lima”, que dá nome ao próximo disco da artista, que deve ser lançado até novembro. Entre as canções, há músicas de Pretinho da Serrinha, Seu Jorge, Teresa Cristina, Max de Castro, Bernardo Vilhena e uma parceria inédita de Emicida e Zélia Duncan, feita especialmente para o álbum.

A ideia é que algumas faixas de “Eu, Paula Lima” sejam lançadas como singles até novembro, como aconteceu com “Aqui Só Dá Você”. Nos shows, a cantora vem mostrando algumas músicas para o público. “Está tudo acontecendo, as pessoas já começam a cantar durante o show, perguntam onde podem ouvir. Estou em um momento da vida em que quero entregar coisas boas”, comemora.

“Soul Lee”, em breve, deve ganhar registro audiovisual nas plataformas digitais. Outra novidade é que a cantora, aproveitando sua passagem por Belo Horizonte, vai gravar, em Nova Lima, um episódio do projeto Sonastério Ilumina, produtora e estúdio Sonastério.

Paula Lima canta Rita Lee em BH

Em celebração à obra de Rita Lee, Paula Lima apresenta o show “Soul Lee” neste sábado (12), às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1046 – Centro). Ingressos entre R$ 30 e R$ 100 na plataforma Sympla.

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