Angueretá conserva um macabro tabu. Em 1975, bombeiros retiraram 19 crânios de duas cisternas em uma fazenda do distrito de Curvelo, na região Central de Minas Gerais. E havia a forte suspeita de mais ossadas, tanto naqueles buracos quanto em covas de diferentes propriedades do lugarejo e no rio Paraopeba, à margem delas.
Policiais militares e bombeiros foram apontados como os autores dos assassinatos. Uma ordem política interrompeu o trabalho que poderia levar à identificação das ossadas e à descoberta de mais. Era época da ditadura militar. Regime apoiado pela maioria dos produtores rurais.
Para jogar luz nesse episódio, conhecido como Chacina de Angueretá, uma equipe de O TEMPO resgatou documentos e esteve no povoado e em outros lugares onde moravam acusados e vítimas.
Em entrevistas, parentes e amigos dos acusados e de possíveis vítimas falaram da matança, dos bastidores das investigações e dos destinos dos suspeitos. Ninguém cumpriu pena pelo conjunto de execuções em Angueretá.
O resultado do trabalho de reportagem, que levou sete meses, está em conteúdos das diferentes plataformas de O TEMPO, com textos, áudios e vídeos. Eles não só reconstituem esse capítulo nebuloso da história brasileira como trazem elementos que preenchem lacunas, como as identidades de boa parte das possíveis vítimas.
O espaço permanece aberto para manifestações de instituições e familiares das pessoas citadas. Informações sobre os crimes em Angueretá podem ser enviadas para renato.costa@otempo.com.br.