Palco de grandes jogos e títulos históricos, em especial dos clubes mineiros, o Mineirão também já presenciou grandes ‘tragédias’ esportivas em seus 60 anos. Entre os quase 4 mil jogos (3.936) já disputados no Gigante da Pampulha, a reportagem de O TEMPO Sports enumerou aquelas que podem ser consideradas as cinco maiores decepções. Confira:
A final do Campeonato Brasileiro de 1977 se configurou na primeira grande decepção dos times mineiros no Mineirão.
Após chegar à decisão invicto, sendo o dono da melhor campanha do torneio, com 17 vitórias e quatro empates (87% de aproveitamento), o Galo empatou por 0 a 0 com o São Paulo no tempo regulamentar e na prorrogação e acabou batido nos pênaltis por 3 a 2, após Toninho Cerezo, Joãozinho Paulista e Márcio errarem suas cobranças, para desespero dos quase 103 mil torcedores presentes no estádio.
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Até hoje a torcida alvinegra lamenta o fato de Reinaldo, artilheiro da equipe, ter desfalcado o time na decisão, por expulsão em rodadas anteriores. O mesmo também ocorreu com o centroavante Serginho, do São Paulo.
Outro fator que só aumenta a decepção é o fato que o Atlético, que terminaria o torneio como vice-campeão invicto, somou dez pontos a mais que o São Paulo na primeira fase da competição.
O dia 27 de novembro de 2005 ficou marcado para os torcedores do Atlético com o inédito rebaixamento à Série B do Brasileiro. O empate por 0 a 0 com o Vasco, no Mineirão, decretou matematicamente a queda do time alvinegro, já que, com 44 pontos, não poderia mais alcançar os 48 pontos da Ponte Preta, primeira equipe fora da zona da degola.
Naquela temporada, o Galo havia apostado na contratação de medalhões, como o goleiro Danrlei, o volante Amaral, o meia Rodrigo Fabbri e os atacantes Euller, Marques e Fábio Júnior, além de outros ‘menos cotados’, como os laterais George Lucas e Tesser, o volante Ataliba, os meias Vagner, Prieto e Pablo Gimenez e o atacante Leandro Smith. Mas sob o comando do técnico Tite, o time não engrenou.
No final da competição, já com Lori Sandri como treinador e garotos revelados na base em campo, como o zagueiro Lima, os volantes Rafael Miranda e Zé Antônio, o meia Renato e o atacante Quirino, a equipe até esboçou uma reação, mas não foi o suficiente para evitar a tragédia.
Ao apito final da partida com o Vasco, mesmo com a maioria em meio às lágrimas, os torcedores aplaudiram o time de pé e cantaram o hino do Atlético.
Após um empate sem gols no duelo de ida, na Argentina, o Cruzeiro entrou em campo no Mineirão precisando de uma vitória simples diante do Estudiantes, naquele dia 15 de julho de 2009, para erguer o Tri da Copa Libertadores.
E o time celeste, comandando pelo técnico Adilson Batista, até saiu a frente do placar com um gol ‘inesperado’ do volante Henrique, no início do segundo tempo, quando contou com um desvio na zaga para enganar o goleiro. Mas, o que parecia o prenúncio de uma festa sem fim, se transformaria em lamúria e tristeza.
Em um intervalo de 15 minutos, os hermanos viraram o placar, com gols de Fernández, aos 12, e de Boselli, aos 27, após cobrança de escanteio de Verón. Para aumentar a dramaticidade da noite, aos 41, Thiago Ribeiro arriscou de fora da área e a bola explodiu no travessão, deixando a torcida do Cruzeiro incrédula. Ao apito final, festa argentina no Gigante da Pampulha.
Um placar que jamais será esquecido. A pior derrota da história da seleção brasileira. Assim pode ser resumida a derrota de 7 a 1 para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, no Mineirão, naquele fatídico 8 de julho de 2014.
Mesmo tendo perdido seu principal jogador, o atacante Neymar, contundido após sofrer uma entrada dura do colombiano Zúñiga, no duelo das quartas de final, a expectativa era de que a seleção brasileira, sob o comando do técnico Felipão, pudesse encarar a Alemanha de igual para igual. Mas nem de longe foi o que se viu em campo.
Os germânicos abriram o placar logo aos 10 minutos, com Muller, o que seria até ‘normal’ em um confronto entre equipes tão tradicionais. Mas o pior ainda estava por vir: em um intervalo de sete minutos, a Alemanha balançou as redes do Mineirão mais quatro vezes, decretando um incrível 5x0 só no primeiro tempo, para olhares incrédulos dos torcedores nas arquibancadas do Gigante da Pampulha, que só ouviam dos narradores esportivos: ‘Gol da Alemanha’.
Na etapa final, a Alemanha, mesmo ‘tirando o pé do acelerador’, ainda marcou mais dois gols. Oscar fez o de honra do Brasil. O vexame ficará marcado para sempre na memória do Mineirão.
O dia mais triste da história do Cruzeiro. Assim se referem muitos torcedores da Raposa sobre o 8 de dezembro de 2019, quando o time celeste teve o rebaixamento decretado pela primeira vez em sua história.
E a decepção foi ainda maior pelo fato de a equipe ter feito um início de temporada promissor: foi campeão mineiro, de forma invicta, e teve a segunda melhor campanha na fase de grupos da Libertadores. Mas o restante da temporada seria de ladeira abaixo.
Em meio a uma série de irregularidades cometidas pelos dirigentes celestes e investigadas pela Polícia Civil, incluindo falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, sob a gestão do então presidente Wagner Pires de Sá, o caos extracampo teve reflexo direto nas quatro linhas.
Com salários atrasados, e medalhões como os laterais Edílson e Egídio, o zagueiro Dedé, os meias Robinho e Thiago Neves e o atacante Fred muito questionados, o rendimento em campo foi piorando a cada dia. O único alento foi a eliminação do arquirrival Atlético nas oitavas da Copa do Brasil. Mano Menezes não resistiu à pressão e acabou demitido.
No jogo diante do Palmeiras, já com Adílson Batista no comando após passagem turbulenta de Rogério Ceni, o Cruzeiro, que precisava da vitória e ainda dependia de um tropeço do Ceará, foi batido por 2 a 0. Para completar o vexame, a partida sequer pode ser concluída, em função de brigas, depredações e arremessos de objetos e bombas pela torcida do Cruzeiro, única presente no estádio. Mesmo assim, as cenas de vandalismo continuaram nas arquibancadas e o Mineirão teve que ser evacuado.