BELO HORIZONTE

COP das Quebradas: vilas e favelas organizam a própria conferência do clima

A iniciativa vai discutir os problemas e pensar em soluções com base nas periferias para serem apresentadas na COP30, em Belém (PA)

 

A cidade de Belo Horizonte está se preparando para a COP do Clima, que acontecerá em novembro deste ano, na cidade de Belém (PA). Além de participar do evento, o município pretende apresentar projetos da cidade, como o Plano Municipal de Arborização Urbana (PMAU) e os refúgios climáticos. Mas uma das ações mais inovadoras que vão voar com eles para Belém é uma atividade que coloca os moradores de vilas e favelas no centro do debate: a COP das Quebradas. 

Idealizada pelo diretor da Coordenadoria de Vilas e Favelas da Região Centro-Sul de Belo Horizonte, Júlio Fessô, a iniciativa vai discutir os problemas e pensar em soluções com base nas periferias para serem apresentadas na COP30.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), entre 2010 e 2020, a mortalidade humana causada por enchentes, secas e tempestades foi 15 vezes maior em regiões altamente vulneráveis, como as periféricas, em comparação com regiões com vulnerabilidade muito baixa. “Muitos dos que estão discutindo sobre os impactos, principalmente os grandes líderes mundiais, não têm conhecimento do que a base tem feito para mitigar os efeitos das mudanças climáticas nos seus territórios. Então, se a quebrada não vai até a COP30, por que não trazer a COP30 para as quebradas?”, destaca Júlio Fessô.

A COP das Quebradas será dividida em duas etapas. A primeira serão os “Rolezinhos”, que funcionarão com uma preparação. Neles, os inscritos poderão fazer visitas aos territórios periféricos para conhecer iniciativas locais que servem de exemplo para o mundo todo. A segunda fase, com as discussões, acontecerá no dia 3 de outubro. No dia 4, é hora de juntar os problemas e apontar soluções na Carta Manifesto das Quebradas. O documento será levado para a COP30 pela delegação brasileira. 

“É uma oportunidade de unir as quebradas, de ver o que moradores, lideranças e coletivos de territórios vulnerabilizados já estão fazendo pelo meio ambiente. Mas é também a chance de cobrarem não só o protagonismo, mas o respeito aos saberes territoriais, tradicionais e acadêmicos”, defende o idealizador do projeto.