PROJETO

Pró-Mananciais: programa da Copasa mostra que cuidar da água é um esforço coletivo

Mais de 4 mil propriedades em Minas já participam de uma rede de preservação hídrica

 

Proteger as quatro nascentes da sua propriedade sempre foi um desejo do pecuarista Marcos Souza Santos, de 39 anos. Ele cuidava do jeito que conseguia, tentando evitar que o gado pisoteasse as cabeceiras e prejudicasse o berço d’água. Mas ele sentia que precisava fazer mais pela “riqueza” que brotava do chão de suas terras. Foi esse desejo que fez o produtor receber de braços abertos o Programa Socioambiental de Proteção e Recuperação de Mananciais, o Pró-Mananciais, da Copasa. Com a ajuda do projeto, hoje as nascentes estão cercadas, protegidas, garantindo a água para o presente e para as futuras gerações.

Localizada em Águas Formosas, no Vale do Mucuri, a fazenda de Marcos é uma das mais de 4.000 propriedades atendidas pela Copasa que já foram beneficiadas pelo Pró-Mananciais. Criado em 2017, o programa visa proteger e recuperar as microbacias hidrográficas e as áreas de recarga dos aquíferos dos mananciais, de onde a companhia capta a água para o abastecimento da população.

“O nosso ponto de trabalho é a microbacia a montante, quer dizer, antes dos locais onde captamos água. A gente quer trabalhar esse território para que ele continue com a água em quantidade e qualidade necessária, pensando nos impactos tanto nas águas superficiais quanto nas águas subterrâneas, porque assim se protege o território como um todo, dando a resiliência necessária para combater as mudanças climáticas”, explica a gerente de Desenvolvimento Ambiental da Copasa, Luciana Campos.

O programa realiza ações de cercamento de nascentes, plantio de mudas nativas, construção de bacias de contenção de água de chuva (bolsões) e outras ligadas à proteção dos cursos d’água essenciais para o trabalho da Copasa. Em quase oito anos, o Pró-Mananciais já alcançou 288 municípios e aplicou suas ações em cerca de 44 mil quilômetros quadrados, que vão desde reflorestamento a atividades de educação ambiental.

Na fazenda de Marcos, o Pró-Mananciais cercou as cabeceiras das nascentes, as margens dos córregos e construiu bolsões, arcando com todos os custos de material e execução do serviço. Só que antes mesmo do programa chegar, o produtor já queria proteger as nascentes de suas terras. Por causa da criação de gado de corte e leiteiro, mesmo com uma área bem arborizada, alguns animais conseguiam ultrapassar e pisotear as regiões das nascentes. “O povo tem aquela coisa de pensar que a gente quer agredir o meio ambiente, destruir. Muito pelo contrário, a gente procura conservar”, afirma Marcos.

Quase um ano e meio depois do trabalho feito pelo programa, o produtor já consegue sentir os benefícios do Pró-Mananciais na sua propriedade. “A gente já vê bastante água. Onde antes tinha um pisoteio de gado, hoje já não tem. O mato já cresceu bem, a vegetação já está se renovando. Você chega, já é outra vida”, celebra.

Embora nunca tenha faltado água na propriedade de Marcos, ele também se preocupava com a escassez hídrica, por causa da intensificação dos efeitos das mudanças climáticas. Depois do programa, mesmo com o período de seca chegando, ele se sente mais tranquilo. “Estava caminhando para ter falta de água. Futuramente ia ter, porque, com a erosão e a terra descendo para dentro, já era muito problema. Mas resolvemos, e eu acho que agora realmente não vai faltar água”, destaca.

Coletividade. Apesar de Marcos ter recebido o programa de braços abertos, não é assim em todos os lugares. Mesmo que o Pró-Mananciais esteja protegendo um recurso que está dentro da propriedade do produtor, aquela área que é cercada não poderá mais ser utilizada. E isso pode ser visto como uma perda de espaço.

“Os primeiros contatos são muito difíceis, tem muita desconfiança, porque eles estão abrindo a casa deles. Como eu vou abrir minha casa e a pessoa vai entrar aqui, uma empresa vai entrar, vai cercar o meu território, meu terreno?”, afirma Luciana.

É aí que entra em cena uma força antiga: a coletividade. No Pró-Mananciais, essa união ganhou até nome: Coletivo Local de Meio Ambiente, também conhecido como Colmeia. A cada município atendido, a Copasa reúne produtores rurais, lideranças comunitárias, associações, órgãos locais e moradores para formar esse grupo. E o Colmeia é um importante espaço de sensibilização, realizando reuniões com a comunidade local para apresentar o programa e convidá-los a participar. Esses coletivos locais assumem uma função de diálogo e de decisão, em que a própria comunidade identifica os problemas da microbacia, ajuda a planejar as soluções e acompanha a execução das ações.

Segundo Luciana Campos, sem a força e envolvimento dos Colmeias, o Pró-Mananciais não conseguiria realizar as ações nos municípios, mesmo com toda estrutura e recursos da Copasa. “Na hora que a gente fala de sustentabilidade e de proteção das águas, isso transborda os limites dos nossos muros. Eu preciso de autorização, preciso convencer pessoas, preciso ter todo esse movimento. Funciona como uma grande rede, igual a uma colmeia mesmo. É uma grande rede de parcerias para fazer isso acontecer”, afirma Luciana.

Para Marcos, a sensibilização dos produtores é essencial, porque cuidar das nascentes é uma maneira de os negócios seguirem vivos e prosperando. “O produtor tem que abrir um pouco a mente, ele não está perdendo, ele está ganhando. Se ficar sem água, sem essa riqueza na propriedade, a falta vai atingir a ele próprio”, ressalta.

Projeto Chuá vai às escolas para plantar sementinha de consciência nas crianças

Não é apenas o plantio de mudas que faz a diferença. Quando o assunto são políticas de preservação ambiental, também é preciso plantar consciência. E, quanto mais cedo a educação vem, maior é a chance de crianças se tornarem adultos mais preocupados com o meio ambiente. É aí que entra o projeto Chuá Socioambiental. “É o braço educacional do Pró-Mananciais, criado para levar o valor do saneamento, da água e dos nossos serviços para a escola”, explica a gerente de Desenvolvimento Ambiental da Copasa, Luciana Campos.

O Chuá promove gincanas, palestras e visitas aos sistemas da Copasa. “É uma parte de educação ambiental que a gente leva para as escolas possibilita ganhos sociais, porque principalmente o trabalho com crianças e adolescentes está sempre reverberando. É uma sementinha de consciência que a gente planta”, afirma Luciana Campos.