Fim de uma era?

CDs e DVDs vão morrer em algum momento? Professor e colecionador opinam

Grandes lojas físicas de eletrônicos não vendem mais aparelhos de DVD’s, e os notebooks já estão sendo fabricados sem entrada para discos compactos

Por Laura Maria
Publicado em 18 de março de 2024 | 03:00
 
 
 
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Não são somente as lojas de CD e as videolocadoras que estão desaparecendo. O suporte para consumir esse tipo de mídia também está cada vez mais escasso. As grandes lojas físicas de eletrônicos não vendem mais aparelhos de DVD’s, e os notebooks já estão sendo fabricados sem entrada para discos compactos. Ironicamente, caso você queria buscar por esses dispositivos, deve recorrer à compra on-line.

 

Diante desse cenário, é inevitável a pergunta: os CDs e DVDs estão fadados à morte? Antes de responder à indagação, o professor da Escola de Música da UFMG Rogério Vasconcelos Barbosa analisa que as tecnologias não seguem uma evolução linear. “Temos que pensar na tecnologia como uma árvore, com muitas ramificações. O galho onde estava o vinil, por exemplo, gerou o do CD, mas isso não significa que, para que um exista, o outro necessariamente precisa morrer”, metaforiza. 

 

Na avaliação dele, com o surgimento do disco compacto, tinha-se a ideia de superação de uma tecnologia anterior, mas isso provou-se falso. “Parecia que o problema do disco arranhado estava resolvido, mas o CD também oxida”, exemplifica. “O vinil parecia estar extinto, mas aí os DJ’s retomaram-no para um tempo mais presente. Ou seja, os galhos continuam lá e podem florescer em algum momento”, elabora.

 

 

A manutenção desse tipo de mídia tem a ver com uma “questão de ordem afetiva”, na visão de Barbosa. “Com LPs e CDs, vinham juntos os encartes, e, com o streaming, esses detalhes acabam se perdendo”, examina. Dessa forma, o professor prefere não fechar a questão, apesar de reconhecer, sim, a tendência do sumiço dos CDs e DVDs, mesmo que não completamente. “Acredito que eles vão virar objeto de especialista. Mas, pensando em mercado, devem mesmo desaparecer”, analisa.

 

Se depender do crítico de cinema Bernado Sigaud, que escreve seus textos no perfil do Instagram @besigaud_notes, essa tecnologia ainda vai perdurar muitos anos. Formado em cinema, ele tem uma coleção com exatos 1.746 filmes. Sigaud também aluga na Star Vídeos, em média, cinco filmes por semana. “Comecei a colecionar DVDs ainda na adolescência, por volta dos 14 anos, e mantenho essa tradição até hoje”, comenta.

 

Bernado Sigaud tem uma vasta coleção de DVDs

 

Ele reitera que, nas videolocadoras, encontra um acervo muito maior que no streaming. “Os filmes originais da Netflix, por exemplo, não são muito interessantes. Além disso, gosto de ver filmes antigos e estrangeiros, não somente dos Estados Unidos e Europa, e não os encontro nessas plataformas”, evidencia. Sigaud conserva o DVD em casa, e, quando precisa de uma manutenção, pede um amigo para desmontá-lo. “Mas segue funcionando bem”, garante. 

 
 
 
 
 
 
 

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