Solução

Comerciantes dão um jeitinho para manter lojas em funcionamento

Proprietários de locadoras e lojas de CD oferecem outros produtos para continuarem em atividade

Por Laura Maria
Publicado em 18 de março de 2024 | 03:00
 
 
 
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Quem passa pelo número 103 da rua Itapetininga, no bairro Cardoso, na região do Barreiro, talvez precise demorar o olhar um pouco mais sobre a VF Vídeolocadora para entender qual é exatamente a vocação da loja. Isso porque a fachada indica um estabelecimento de aluguel de filmes, e, realmente, há alguns milhares de obras cinematográficas em exposição. Mas, entre as estantes lotadas de películas, há também cadernos, lápis, borrachas, perfumes, cremes corporais e sabonetes disponíveis para compra.

 

Na verdade, a loja abriu as portas em 1994 com objetivo único de locar filmes, e tudo ia muito bem, obrigado. À época, a proprietária da VF Videolocadora, Cleusa Maria Leite, chegava a alugar até 300 filmes por dia, sendo o sábado dia de maior movimento. “Com o meu lucro, consegui pagar a faculdade da minha filha e comprei a loja”, relembra. Mas, com o avanço da pirataria, a proprietária viu seu faturamento cair vertiginosamente. “Alugava entre 60 e 70 filmes na semana inteira”, rememora. 

 

Com a popularização do streaming, seu negócio quase desmoronou. “Daí, eram alugados cinco, seis filmes por semana. A internet arrasou tudo”, elabora. Em 2018, atolada em dívidas (Cleusa tinha feito um empréstimo com o banco no valor de R$ 8 mil), ela decidiu que não poderia viver exclusivamente da locação de DVDs e blu-rays. “Então, decidi investir em outra coisa e comecei a vender produtos de papelaria e perfumaria”, conta. Ela até conseguiu segurar a onda por um tempo com o aluguel dos longa-metragens, mas a procura pelo aluguel praticamente desapareceu. “Em 2021, então, passei a vender meu acervo”, diz. Atualmente, cerca de 7 mil obras estão à venda.

 

 

A coordenadora pedagógica Valéria Campos, de 57 anos, é freguesa assídua da VF Videolocadora. “Sou uma das primeiras clientes daqui. Primeiro, eu alugava filmes, e, hoje, compro material de beleza e escolar”, afirma. Ela revela que hoje não assiste mais aos DVS, porque sequer tem aparelho em casa. “Mas eu amo fazer trabalho com materiais recicláveis, e sempre compro o material aqui. Quando preciso comprar um presente, passo aqui e faço um kit com sabonetes e perfumes, por exemplo”, assegura.

 

 

Assim como Cleusa, outros comerciantes seguiram pelo mesmo caminho para conseguirem manter seus negócios de pé. Além de alugar filmes, a ArtVídeo, na Savassi, também vende obras de arte e peças de decoração antigas. “A busca por filmes caiu muito com o streaming. Então, em 2016, passou a funcionar também um antiquário e uma galeria de arte”, afirma Marlene. Atualmente, os itens que mais saem da loja são os do antiquário. “Foi esta a forma que encontrei para conseguir administrar a loja. Tenho muitos clientes que vêm de outros estados para comprar aqui”, pontua.

 

Na Discomania, além dos CDs e vinis, Carlo Giatti comercializa camisetas, equipamentos de som e presta até serviços de manutenção em aparelhos de som. “Na pandemia, comecei a vender aparelhos de áudio. Também comecei, dentro da minha capacidade, a consertar toca-discos e outros aparelhos. Há poucos lugares que fazem isso, e, muitas vezes, realizam um serviço mal feito”, atesta. 

 
 
 
 

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