O senhor acredita que a bolha imobiliária vai estourar no Brasil?
Ouço falar disso desde 2005, quando um palestrante abordou o assunto em um evento. Se fosse a curto prazo, teria acontecido entre 2007 e 2008. A longo prazo, já teria acontecido. Não há bola de cristal, mas acho pouco provável. Além do mais, temos o mais moderno sistema financeiro do mundo. Vale ressaltar que aqui não se permite hipotecas múltiplas. No muito, duas. Só que para isto, a outra instituição financeira tem que aprovar. Nos EUA, na época que eclodiu a crise, havia casos de um imóvel usado como garantia para 22 financiamentos. E não podemos esquecer que o mercado aprendeu com esta crise.
Como o senhor analisa o cenário do mercado imobiliário no país?
A economia encolheu um pouco, mas imóveis continuam sendo vendidos. Afinal, há demanda reprimida para o setor. Agora, o cenário é mais complicado para os imóveis comerciais. Com o crescimento menor da economia, as empresas estão deixando de expandir ou, em alguns casos, estão reduzindo suas sedes.
O senhor falou em demanda reprimida. Há demanda, mas o consumidor consegue pagar o preço pedido?
Realmente existe um descompasso entre a renda e o preço dos imóveis. Aliás, é um problema de muitos anos. Só que há financiamentos e o FGTS pode ser utilizado.
Não é contraditório as empresas continuarem lançando imóveis, quando o mercado não está comprando e há estoque?
É o negócio das empresas. Elas têm que girar. É como acontece com uma siderúrgica que em um momento que não é favorável, continua com suas atividades, mas pode reduzir. O mesmo as construtoras podem fazer: reduzir os lançamentos, mas não parar. Se parar e voltar depois, é bem complicado.