O grande campeão da primeira edição do “MasterChef Confeitaria” (Band) foi Cesar Yukio. O último episódio foi ao ar na terça-feira (19) e marcou a primeira edição brasileira do reality, que contou como jurados os já familiares Henrique Fogaça, Helena Rizzo, Erick Jacquin e Diego Lozano, chef conhecido por sobremesas que traduzem ingredientes nacionais em verdadeiras obras de arte doces. Integrar o júri do programa “MasterChef Profissionais”, na edição dedicada a confeiteiros, foi um desafio que refletiu seu compromisso em elevar a confeitaria brasileira a novos patamares.
“O reality foi um grande divisor de águas para a confeitaria brasileira. Também acredito que 2025 é o ano da confeitaria, e, assim, muitas pessoas vão passar a olhar para ela de uma maneira diferente em termos de degustação. As pessoas viram na TV o quão complexo é o desenvolvimento de um doce, quantas etapas são; então não é uma coisa simples como as pessoas imaginaram, e isso passa a dar mais valor ao produto que se está comendo”, avalia sobre o programa, que foi sucesso de audiência.
Ele, que é fã do reality desde a sua estreia no Brasil, em 2014, acredita ainda que a confeitaria pode ser vista de outra forma: com mais profissionalismo e inspiração. Compromisso que ele tem também desde 2012, quando criou a Escola de Confeitaria Diego Lozano, em São Paulo, com o objetivo de difundir a confeitaria brasileira e formar novos talentos. “A confeitaria sempre foi algo de quem não tinha muita possibilidade, fazia um docinho para ganhar um dinheiro, uma profissão muito informal. E acredito que o ‘MasterChef’ pode auxiliar nisso e, obviamente, que a Escola de Confeitaria está mais do que preparada para receber toda essa leva de pessoas interessadas em entrar nesse mundo”, disse.
História
Antes de estrelar nas câmeras, Lozano teve uma trajetória na confeitaria que começou ainda na infância. Sua paixão pela cozinha começou cedo, aos 13 anos, quando, junto de seu irmão, preparava as refeições de casa. Uma tentativa desastrosa de fazer o bolo peteleco de sua avó – em que trocou as medidas de sal e açúcar – revelou-lhe a precisão exigida pela confeitaria e despertou seu interesse pela área. E estava certo. Foi nesse momento que ele entendeu que a confeitaria demandava mais cuidados do que a cozinha quente, e isso o fez se apaixonar pela área. “A confeitaria é de extrema precisão e muito química, diria assim. Se você não gosta de matemática, se você não gosta de seguir regras, se você não é meticuloso, dificilmente você vai conseguir ter sucesso nessa área”, aconselha.
Autodidata, foi chef confeiteiro do renomado restaurante D.O.M., em São Paulo, por duas vezes (2007 e 2015), e representou o Brasil e levou o prêmio no World Chocolate Masters – considerado a “Copa do Mundo” dos experts em chocolate. Ele diz que a sua busca pela perfeição chega a ser uma obsessão e tem origem ainda na adolescência, quando passou a comprar revistas de receitas e testá-las até encontrar a massa e o creme perfeitos. “Sempre tive isso e eu me encontrei na confeitaria por essa busca incansável pelo perfeccionismo”, descreve.
E deu certo. A bandeira da brasilidade o acompanhou por mais de cem países, compartilhando técnicas que mesclam tradições europeias com a riqueza dos ingredientes do Brasil. Sua habilidade de fusão das técnicas clássicas com ingredientes nacionais resultou em criações celebradas, como o doce “belém”, um entremet que harmoniza cupuaçu, cumaru, coco e castanha-do-pará.
“Eu quero não trabalhar com pistache, com uma avelã, com uma framboesa... São itens que não são nossos, né? Que vêm de outros lugares. Acho a fusão muito bem-vinda. Obviamente, sempre valorizando os ingredientes nacionais. A gente tem muita riqueza aqui no Brasil que merece, sim, ser utilizada sozinha ou combinada com outros ingredientes brasileiros, e, quando tiver interesse, acho válido brincar um pouco com essa mescla de outras culturas”, defende.
Lozano também prevê a confeitaria ganhando destaque no universo masculino. “É engraçado que aqui no Brasil a confeitaria é feminina; em contrapartida, nos países da Europa a confeitaria é quase que na sua integridade masculina”, explica ele, que sempre esteve seguro sobre o caminho a seguir na gastronomia. “É uma área que ainda é feminina aqui no Brasil, mas já tem uma presença do sexo masculino um pouco maior”, acredita.
Obras de arte doces para serem degustadas
Os apetitosos doces em formato de esculturas, bem como os croissants e outros pães do chef Diego Lozano, podem ser degustados no Levena, restaurante inaugurado em abril de 2023, no bairro Pinheiros, em São Paulo. O endereço, que também abriga a Escola de Confeitaria Diego Lozano, se propõe a ser um espaço versátil que atende a diferentes momentos do dia, oferecendo opções de brunch, almoço e jantar.
“As pessoas gostam dessa possibilidade de ter tudo a qualquer momento, na hora desejada. Acredito que um dos nossos diferenciais seja realmente isso”, disse.
Entre os destaques do cardápio está a criativa sobremesa “Isso Não É uma Banana”, que harmoniza mousse de coco, geleia de maracujá, biscuit de amêndoas e crocante de coco, surpreendendo pelo sabor e pela apresentação.
A sobremesa é inspirada na obra do artista italiano Maurizio Cattelan chamada “Banana Mais Cara do Mundo”. Trata-se de uma banana real colada em uma parede, que conquistou os holofotes após ser leiloada por US$ 6,2 milhões (aproximadamente R$ 37 milhões).