Minas Gerais é, sem dúvidas, um dos destinos mais certeiros para cafés especiais. Na capital mineira há uma infinidade de casas dedicadas especialmente para a arte da bebida, com grãos especiais e métodos de extração diferentes que surpreendem a cada xícara. Mas, nesse mesmo espaço, há outra bebida que tem se sobressaído ao cardápio, principalmente durante o inverno: o chocolate quente.

Apesar de seu jeitinho europeu, a bebida ganhou novas versões para acalentar o paladar do belo-horizontino. E as opções diferem muitíssimo da sua origem. Os maias e os astecas, povos originários das Américas, foram os primeiros a consumir chocolate quente. Eles preparavam uma infusão com as sementes do cacau e a batizaram de “bebida dos deuses”. No século XVI, foi a bebida preferida da Europa, com popularidade em países como a Espanha, Holanda e França. Em vários cantos do mundo, versões são adaptadas e incrementadas; em terras equatorianas, por exemplo, o chocolate quente é servido bem doce e coberto de queijo. Já na Espanha, uma versão bastante cremosa é servida geralmente acompanhada de churros. 

Por aqui, na capital mineira, onde o frio segue sem grandes eventos, as versões são ecléticas: mais amargo, mais doce, cremoso…“Foi só bater um ventinho frio que todo mundo pediu a volta do chocolate quente”, conta Nanda Andrade, chef do Mama Café, em Santa Tereza. “Temos café coado, cappuccino e outras bebidas com expresso, mas o chocolate tem lugar especial e acaba sendo o mais pedido nessa época”, emenda. A receita servida por lá leva leite, chocolate meio amargo, canela, cravo, cumaru e, de acordo com a chef, “alguns segredinhos”. Um deles é o toque da baunilha brasileira. “O cumaru dá um aroma muito especial e é uma especiaria que gosto de usar em muitos preparos. É uma receita que me acompanha há muitos anos e é sucesso”, explica.

Uma das características inegociáveis dessa receita é a sua cremosidade. Para deixar a bebida densa, é preciso de alguns itens extras com um pouco mais de tempo. “Por aqui nada de amido para encorpar o chocolate. Deixamos reduzir com calma, carinho e muito chocolate”, explica a chef do Mama Café.

Marília Balzani, do Café Magrí, concorda. Para ela, a mistura de leite e chocolate precisa cozinhar por muito tempo para ficar no ponto, incluindo a versão vegana, feita com leite vegetal. “Entendemos que se cozinhar por muito tempo, ele fica cremoso também. Antes misturávamos vários leites vegetais diferentes para pegar textura. Hoje, só o tempo deixa ele cremoso como queremos”, explica. 

Já no Belô Café, a bebida é obtida a partir de uma mistura de chocolate puro 60 % cacau, chocolate em pó 60%, creme de leite fresco e leite integral. “O segredo é o creme de leite e a vaporização”, explica Juliana Castro, fundadora da cafeteria. 

Na Fofíssimos Bolos, não é a cremosidade que chama a atenção dos comensais ao pedir um chocolate quente. Com apelo lúdico, um ursinho de chocolate – chamado de hot bomb, ou bomba de chocolate. Ele é feito com chocolate tipo belga e têm três opções de sabores: chocolate ao leite com recheio de chocolate blend; chocolate ao leite com recheio de caramelo artesanal ou chocolate ao leite com recheio de creme de Nutella. 

Quando chega à mesa, é lindo a ponto de desejar que ele não derreta, mas, quando adicionado o leite bem quentinho, a vontade é que ele não pare mais de se transformar na bebida cremosa cremoso. “A questão é ter coragem de derreter o ursinho fofíssimo”, brinca a proprietária Juliana Nunes.