Roubos no estádio

É bom ficar esperto com seu ingresso no Mineirão 

No jogo entre Brasil e Chile, pelo menos 20 torcedores tiveram seus bilhetes furtados nos arredores do estádio

Por Ana Paula Pedrosa
Publicado em 07 de julho de 2014 | 03:00
 
 
 
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Todo mundo quer estar em uma semifinal de Copa do Mundo e, por isso, todo cuidado é pouco com o ingresso para a partida entre Brasil e Alemanha, nesta terça, no Mineirão. Casos de furto e roubo de tíquetes nos arredores do estádio – inclusive dentro da área Fifa e na esplanada, onde ficam as catracas de entrada – são cada vez mais frequentes. No mercado negro, os bilhetes valem até dez vezes mais do que o preço original, hoje varia de R$ 220 a R$ 1.320. Não há dados oficiais do número de furtos mas, no jogo Brasil e Chile pelas oitavas de final, a reportagem contou pelo menos vinte torcedores no Juizado Especial 15 minutos antes do início da partida. Um torcedor era chileno e os outros, brasileiros. Todos eles voltaram para casa sem conseguir entrar no estádio e sem amparo do poder púbico, como o funcionário público Enzo Queiróz, que saiu de Vitória (ES) acompanhado da noiva e de um casal amigo para assistir ao jogo em Belo Horizonte.
 

“Tentamos até o fim do primeiro tempo, mas só falavam que a Fifa é que tinha que decidir e não aparecia ninguém com poder de decisão, só voluntários”, conta. Os quatro estão movendo uma ação por danos materiais e morais contra a Fifa. “Saímos frustrados, decepcionados, tristes e revoltados”, diz.

Na entrada do posto da Fifa no Mineirão havia um aviso de que não haverá reimpressão de tíquetes. “Favor não insistir”, dizia o texto escrito em português, inglês e espanhol. Em nota, a Fifa disse que está “cada vez mais preocupada com a grande quantidade de casos de ingressos roubados ou perdidos”, mas disse que não concorda com a reimpressão por “razões de segurança operacional”. A Fifa ainda alerta que “um bilhete é um item de alto valor e deve ser cuidado como se fosse dinheiro”.

Impasse. Desde o dia 20 de junho não há defensores públicos no Mineirão. O plantão foi suspenso por divergências entre o órgão e a Fifa. No jogo Brasil e Chile havia advogados dativos (nomeados) atuando, mas não houve acordo para beneficiar o torcedor. No primeiro jogo da Copa no Mineirão – Colômbia e Grécia – quando a Defensoria ainda atuava no estádio, o órgão conseguiu um acordo com a Fifa e 18 colombianos que tiveram os ingressos furtados viram o jogo.

Na última sexta-feira, a Justiça acatou um pedido da Defensoria Pública e mandou retirar o cartaz e determinou a reimpressão dos ingressos ou a entrada do torcedor no estádio, desde que sejam apresentados o Boletim de Ocorrência e os documentos pessoais do titular do ingresso. A multa por descumprimento é de R$ 10 mil por torcedor prejudicado. Mas é melhor não confiar nisso, já que novas reviravoltas podem acontecer.

No bolso
A maioria dos torcedores furtados relata que os ingressos foram retirados de seus bolsos em algum momento de distração. O tíquete é grande e não pode ser dobrado, porque tem um chip no meio. Com isso, ele fica exposto nos bolsos, o que facilita a ação dos bandidos. “É muito triste. Não é possível não ter nenhum recurso”, disse o comerciante Almir Ambrósio, que saiu de Muriaé com os dois filhos, viajou 320 Km, e teve os três ingressos furtados.

Sem acesso
O Juizado Especial que atende os torcedores fica em área pública, mas, mesmo assim, a Fifa limita o acesso da imprensa ao local. Nos dois últimos jogos realizados no Mineirão, os repórteres só puderam chegar ao local na companhia de voluntários ou do pessoal da segurança e foram convidados a se retirar em poucos minutos. Em nota, a Fifa diz que o acesso deveria ser livre, mas não informa o motivo das restrições no Mineirão.

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