MAGIA DO FUTEBOL

Gol de Götze, além de marcar o tetracampeonato, é simbólico

Garoto marcou seu nome para sempre e simbolizou a história alemã com o tento do título

Por GABRIEL PAZINI*
Publicado em 14 de julho de 2014 | 19:44
 
 
 
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O gol de Mario Götze aos oito minutos da segunda etapa da prorrogação da final da Copa do Mundo ficará marcado para sempre como o da vitória da Alemanha sobre a Argentina e o lance mágico que deu o tetracampeonato aos alemães. E é ainda mais do que isso. Quando o meia dominou a bola no peito com classe e finalizou com frieza para a meta argentina, ele simbolizou todo um trabalho dos germânicos, que vem sendo feito há vários anos.

Em apenas um ano, Götze deixou de ser Judas para virar herói na Alemanha. Em maio de 2013, o meia trocou o Borussia Dortmund pelo Bayern de Munique numa transação polêmica de 37 milhões de euros, às vésperas da final entre os rivais na Champions League. Revoltados, os torcedores aurinegros até queimaram camisas do ex-ídolo, no entanto, pouco mais de um ano depois, Götze é festejado pelos torcedores das duas equipes, que juntos, celebram o tetra.

O principal, porém, é que o gol de Götze simboliza a renovação do futebol alemão e a mentalidade nova no trabalho nas categorias de base, com investimento pesado, priorizando o talento e a formação séria de jogadores, não o futebol de resultado e a cultura equivocada que existe no Brasil. Esse trabalho começou 12 anos atrás, após a derrota na final da Copa do Mundo e perda do título justamente para o Brasil, no Japão. Os germânicos reconheceram seus erros e soberba, e modificaram a estrutura de seu futebol. O autor da conquista tem apenas 22 anos, é da nova geração e simboliza esse trabalho.

Uma curiosidade que também exemplifica essa mudança no futebol alemão é o apelido do meia: 'Götzinho', que vem de Ronaldinho. Na Alemanha, Götze é tratado como jogador de puro talento e técnica, e coincidentemente, o primeiro gol do atleta pela seleção alemã foi justamente contra o Brasil, num amistoso três anos atrás, vencido pela Nationalelf por 3 a 2. Um placar mentiroso, porque os alemães dominaram aquele jogo o tempo inteiro.

O jogador do Bayern de Munique também simboliza a reunificação alemã. A jogada do gol do título foi feita por Schürrle e definida pelo jovem craque. Tanto Schürrle quanto Götze são jogadores que nasceram com a Alemanha já unificada após a queda do muro de Berlim.

Por fim, o meia também simboliza a qualidade do elenco alemão. A Copa foi vencida pelo melhor time, que pratica o melhor futebol, com estilo mais bonito e moderno, e que também tem o melhor elenco. Götze, apesar de toda a qualidade, é reserva da Nationalelf, assim como Schürrle. A jogada do gol do tetracampeonato germânico veio do banco.

*com supervisão de Leandro Cabido

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