Titular e ídolo do Fluminense, Hércules de Miranda era nome certo na convocação de Ademar Pimenta para a Copa do Mundo de 1938. O ponta-esquerda do Tricolor carioca foi o principal nome da equipe durante o tricampeonato carioca entre 1936 e 1938. Foram 56 gols nas três competições, o que fez o mineiro de Guaxupé se tornar um dos jogadores mais bem pagos da época.
Apesar do sucesso no Rio de Janeiro, foi em São Paulo que Hércules de Miranda iniciou a carreira como jogador. Quando garoto, ele acompanhava as partidas de Friedenreich, pelo Paulistano, com quem sonhava jogar junto. Foi pelo Juventus que Hércules virou jogador profissional e acabou sendo descoberto por Paulo Machado de Carvalho. De lá, foi para o São Paulo da Floresta, onde teve a chance de jogar ao lado do ídolo Friedenreich, já veterano.
A força e precisão nos chutes lhe renderam um bom apelido. Hércules de Machado era chamado de “Dinamitador das Laranjeiras”. De acordo com o cronista Geraldo Romualdo da Silva, do “Jornal dos Sports”, o mineiro Hércules tinha “um canhão no pé esquerdo e um míssil no direito”. Segundo relatos da época, a precisão na perna direita era tão grande quanto na perna esquerda.
O Dinamitador foi titular do Brasil em duas partidas na Copa de 1938. Ele jogou na estreia contra a Polônia e no jogo seguinte, contra a Tchecoslováquia. Nas outras três partidas da seleção no torneio, ele ficou fora. No total, foram seis partidas com a camisa canarinho e três gols.
De jogador a investidor
Após perder espaço no Fluminense, Hércules de Miranda acabou sendo vendido para o Corinthians. Depois de dois anos em São Paulo, o Dinamitador resolveu que era hora de se aposentar. Casado com uma carioca que era sócia do Fluminense, Hércules de Miranda retornou para o Rio de Janeiro e virou corretor de imóveis. Como foi um dos jogadores mais bem pagos na década de 30, Hércules investiu bastante em imóveis. O mineiro faleceu em 1982, no Rio de Janeiro, aos 70 anos.
Assistência. Em 1933, o São Paulo venceu o Palestra Itália (hoje o Palmeiras) por 1 a 0. Gol de Friedenreich com passe de Hércules, na primeira vez que jogaram juntos
Ídolo. Friedenreich era o ídolo de infância de Hércules. Ele teve a chance de jogar junto de Fried, que já tinha 41 anos, 20 a mais do que tinha o Dinamitador
Emoção. Também em 1933, no Rio, a seleção paulista venceu a carioca por 2 a 1, com gol de Hércules. Na volta, ele foi carregado nos braços pelos torcedores