Legislativo municipal

Eleições em BH: Kalil diz que não pede voto para vereador na rua por 'coerência'

Ele se colocou à disposição para gravar vídeos de apoio aos candidatos do PSD à Câmara Municipal de Belo Horizonte

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 03 de novembro de 2020 | 13:30
 
 
 
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O atual prefeito de Belo Horizonte e candidato à reeleição, Alexandre Kalil (PSD), disse que está à disposição dos candidatos a vereador do PSD para gravar vídeos e tirar fotos, mas que não irá fazer campanha presencial por coerência, já que pediu para a população ficar em casa nos últimos meses devido à pandemia.

Os candidatos, principalmente os que já têm mandato na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), têm se queixado nos bastidores da ausência de esforços de Kalil para tentar angariar o maior número de votos possíveis para a chapa proporcional do PSD.

A expectativa deles é que a situação confortável do atual prefeito nas pesquisas, que o colocam em patamar superior a 60% das intenções de voto, permita que ele se dedique mais à eleição dos vereadores na reta final da campanha.

Na sexta-feira (30), Kalil afirmou que, apesar da possibilidade de expressar apoio aos candidatos por meio de gravações, todos estão nas ruas pedindo votos e que ele, tanto por uma questão de saúde pessoal, já que faz parte do grupo de risco, quanto por coerência, não pode fazer o mesmo.

“O candidato que quiser gravar comigo, tirar uma fotografia, eu estou às ordens, sendo do PSD. Não tem problema nenhum. Agora, está todo mundo correndo atrás de voto. Eu já passei de 60 anos. Não posso passear na rua. Eu preguei todo mundo ficar em casa, né? O mínimo que a população de Belo Horizonte está esperando do prefeito é que ele tenha coerência no que ele faz”, disse Kalil.

“Quer dizer, para pedir voto você sai para rua, mas para fechar comércio, botar tudo fechado, quase avacalhar o comércio, desemprego e tudo, você vai para a rua pedir voto? Não vou. Não vou porque sou coerente”, completou.

Atualmente, o PSD tem 13 vereadores na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Destes, 12 concorrem à reeleição. A projeção de uma pessoa ligada à formação da chapa da legenda é que o partido eleja pelo menos cinco vereadores, podendo chegar até sete, dependendo das circunstâncias.

A primeira delas é que os candidatos que já possuem mandato repitam o desempenho de eleições passadas nas urnas. Há também a expectativa da legenda conseguir cadeiras adicionais por meio da sobra partidária, ou seja, usando os votos que não foram suficientes para eleger candidatos por meio do quociente partidário.

Outra aposta para que o PSD tenha um bom desempenho na eleição proporcional é o voto na legenda. O principal puxador deste tipo de voto costuma ser o candidato a prefeito, neste caso Alexandre Kalil. Como não vai fazer campanha pessoalmente, uma alternativa discutida é que ele grave um vídeo pedindo que os eleitores votem no PSD.

Em 2016, o PHS, partido pelo qual Kalil foi eleito, recebeu 10.726 votos de legenda. Isso representou menos do que a metade dos 27.684 votos de legenda do PSDB, partido que tinha João Leite como candidato a prefeito, o principal adversário de Kalil naquela eleição.

A expectativa é que, agora, o PSD tenha um desempenho melhor do que o PHS em 2016. A projeção otimista é que a popularidade de Kalil leve o partido a alcançar o patamar do PSB nas eleições de 2012. Com o então prefeito Márcio Lacerda concorrendo à reeleição, a sigla teve 44.898 votos de legenda.

Clima quente

Com a projeção de que o PSD irá perder cadeiras na CMBH mesmo no melhor cenário, a disputa está acirrada dentro do partido. O clima esquentou depois que candidatos da legenda que hoje não são vereadores, mas são considerados competitivos, receberam doações partidárias no mesmo valor dos 12 vereadores que já têm mandato e são candidatos à reeleição.

Inicialmente, como reportou O TEMPO, foi definido que todos os candidatos, com mandato ou não, receberiam R$ 10 mil que viriam do fundo eleitoral. O depósito foi feito e já consta na prestação de contas de praticamente toda a chapa.

Além desse valor, os candidatos com mandato receberam mais R$ 40 mil, totalizando R$ 50 mil — as exceções são Catatau do Povo, que recebeu R$ 10 mil até agora, e Coronel Piccinini, que ainda não disponibilizou sua prestação de contas no sistema do Tribunal Superior Eleitoral.

Porém, pelo menos Cláudio do Mundo Novo também recebeu R$ 50 mil em doação do PSD. O primeiro já foi deputado estadual por três meses pelo Pros, entre outubro de 2018 e janeiro de 2019; o segundo exerceu a vereança entre 2009 e 2016, quando era filiado ao PT.

Três vereadores que tentam ser reeleitos ficaram irritados com as doações e têm reclamado frequentemente no grupo de WhatsApp da bancada do PSD na Câmara Municipal. Porém, há quem discorde: com mais candidatos competitivos, as chances do partido conseguir mais cadeiras aumenta, o que, consequentemente, também aumenta as chances de cada candidato.

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