Eleições em BH

Luana de Souza, vice de Nilmário Miranda, é aposta do PT para renovação política

Com apenas 25 anos, a petista é novata nas urnas, mas vem de trajetória na militância dentro e fora do partido

Por Franco Malheiro
Publicado em 10 de novembro de 2020 | 17:00
 
 
 
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Quando Luana de Souza, candidata a vice-prefeita de Belo Horizonte pelo PT, nasceu, em 1995, o  primeiro mandato da legenda à frente da capital com Patrus Ananias estava no fim. Em Brasília, Nilmário Miranda tomava posse em seu primeiro mandato como deputado federal, depois de ter ocupado uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais nos anos anteriores. Agora, 25 anos depois, Luana faz sua estreia nas urnas como candidata a vice-prefeita, ao lado do veterano Nilmário. Embora o nome dela seja novidade entre os eleitores, a jovem vem de trajetória na militância dentro e fora do partido, tendo dedicado boa parte de sua vida às causas sociais e à ideologia que a sigla prega.

E foi justamente essa união de juventude e representatividade com a experiência dentro do partido fator que saltou aos olhos de lideranças petistas, que enxergaram nela a oportunidade de levar a tão cobrada renovação aos eleitores.

“Ao mesmo tempo que estamos apostando em uma renovação de quadros, buscamos a Luana pois ela representa muito aquilo que o partido sempre lutou, a igualdade racial, luta por direitos e igualdade de gênero”, afirmou o deputado estadual e presidente do PT de Minas, Cristiano Silveira.

Nascida e criada no bairro São Geraldo, região Leste de BH, Luana é filha de Cleide Hilda, ex-subsecretária de Promoção da Igualdade Racial no governo de Fernando Pimentel (PT) à frente do Estado e militante histórica do PT na capital mineira. A candidata à vice-prefeita conta que desde criança se viu envolvida com o partido e com a militância, sobretudo na luta contra o racismo e pela igualdade racial. 

“As mulheres da minha família sempre militaram no partido. Minha mãe é filiada ao PT há 36 anos, minha avó foi uma das fundadoras do partido na regional Leste de Belo Horizonte. Então eu cresci no meio da política, sempre convivi com o PT e comecei a militar pelo movimento negro”, contou Luana, que atualmente é membro do diretório nacional e da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do partido. 

“Comecei a militar no PT por meio da Secretaria Estadual do Combate ao Racismo, depois fui para a Secretaria Nacional de Juventude do PT, no cargo de relações internacionais e agora estou como membro do Diretório Nacional e da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo”, completou a petista, militante também pelo carnaval de rua de BH e uma das fundadoras do bloco Filhos da PUC. 

Inclusive, o seu ingresso no curso de fonoaudiologia da PUC Minas é motivo, como ela mesma ressalta, de gratidão pelas políticas públicas sociais inauguradas nos governos petistas. 

“Eu e vários outros jovens na cidade de Belo Horizonte somos o exemplos que políticas públicas para dentro do país e da cidade tiveram resultados efetivos e resultados concretos. Eu sou uma das jovens que pode aproveitar da oportunidade para poder ingressar dentro da universidade, por meio do Prouni e das políticas de assistência social”, pontuou. 

Esse histórico de Luana é ressaltado por Nilmário a eleitores pelo menos uma vez em todas as agendas de campanha. “A minha vice, Luana de Souza, é uma mulher negra, da periferia, jovem, feminista e militante da luta contra o racismo", sempre fala o petista veterano, principalmente se a interlocutora for jovem e negra, assim como a candidata.   

O ex-ministro dos Direitos Humanos contou que conhece Luana desde que ela nasceu, devido o envolvimento da família dela na militância política do partido e afirma que a escolha do nome dela foi acertada pelo PT. 

“Como ela nasceu e viveu na periferia a vida inteira, uma mulher jovem e negra ela convive diariamente com esse cotidiano de desigualdade, ela sente na pele o que é ser mulher, negra e moradora de periferia nesse país. Por isso ela foi a escolhida, ela tem o que dizer, ela tem bagagem, tem uma formação teórica e tem também esse vigor de trabalhar para as mulheres e para o povo negro”, ressaltou Nilmário. 

Já o deputado federal Rogério Correia classifica a escolha de Luana de Souza como “um reconhecimento por parte do partido de que as mulheres, os negros e a juventude precisam de cada vez mais representatividade dentro da política”. 

“Estou evitando avaliações sobre a eleição e sobre a formação da chapa neste momento, mas eu enxergo a Luana como um nome acertado do partido e com um futuro brilhante. Um quadro como ela se faz cada vez mais necessário em tempos de bolsonarismo, de atraso e de perdas de direitos”, afirmou o parlamentar. 

Formação da chapa

Luana de Souza conta que a escolha do seu nome partiu de construção coletiva dentro da juventude do partido e apresentando em convenção.  

"A gente fez uma construção coletiva durante dois anos com objetivo de ocupar as cidades nas quais a gente militava, o primeiro plano era para eu sair como candidata a vereadora, mas na disputa interna do partido surgiu a oportunidade de colocar meu nome para disputa interna para vice prefeita", contou. 

De um lado encabeçando a chapa, um dos fundadores do PT, ex-ministro, ex-secretário de Estado e cinco vezes eleito deputado, homem e branco; do outro, compondo como vice, uma estreante em eleições, estudante, jovem, mulher, negra e da periferia. Essa composição que representa a chapa entre Nilmário e Luana foi também um ponto importante levado em consideração pelo partido para lançar a candidatura dos dois. 

“A Luana acabou completando a proposta que o PT buscou para essa eleição. Fora o caráter simbólico, de juntar um líder já experimentário e que é branco, com uma jovem negra, da periferia, mulher e militante por todas essas causas, a Luana também tem muita capacidade técnica e trouxe boas propostas”, explicou o presidente estadual da Legenda, deputado Cristiano Silveira. 

O vereador Pedro Patrus, que concorre à reeleição para uma cadeira no Legislativo de BH, também endossa a importância simbólica da união entre Luana e Nilmário. 

“A chapa traz um quadro histórico do partido com experiência e une a uma jovem que carrega toda essa representatividade necessária”, afirmou.

Questionados sobre a possibilidade de Luana ter sido escolhida com a cabeça da chapa que concorre à Prefeitura de BH, os líderes afirmam que a ecolha foi feita de forma democrática em convenção do partido. 

"A escolha de Nilmário e Luana foi feita de forma democrática internamente no PT. Os filiados entenderam que nesse momento o nome de Nilmário, até mesmo pelo seu histórico e experiência, seria o ideal para essa disputa e para o momento e Luana traz como vice prefeita toda a renovação, representatividade e vigor da juventude", afirmou Pedro Patrus, endossado por Cristiano Silveira que também negou a tese de que a agremiação não está aberta a renovação e tenha envelhecido.

“Não acho que precisamos e nem podemos abrir mão dos nosso “bons velhinhos” que contribuíram e ainda contribuem com o partido e também não enxergo como verdadeira essa crítica de que negligenciamos espaço à juventude e a novos quadros”, ponderou Silveira.   

Luana, por sua vez, reconhece a responsabilidade que carrega dentro da chapa e reafirma quais são seus principais compromissos. 

“A gente costuma falar que é a hora  e a vez dos invisíveis, levando em consideração que eu sou jovem, negra e periférica, mas eu sei o tanto que eu tenho que ser responsável nesse processo com essas pessoas e o tanto que essas pessoas espelham na gente e esperam que a gente consiga transformar a política dentro de Belo Horizonte”, enfatizou Luana.

"E o Nilmário com todo seu histórico tem me ensinado muito. Eu e ele já tinhamos muito aproximidade em nossas ideias e pautas. Eu tenho certeza que nós dois conseguiremos uma cidade mais inclusiva e humana", copletou a petista.  

Futuro

Apesar de lideranças petistas apostarem no nome de Luana como um quadro competitivo para futuras disputas eletivas, a candidata à vice não afasta a ideia de uma disputa em 2022 ou 2024, mas prefere esperar as eleições de agora passarem para alguma definição. 

“Agora estamos concluindo esse projeto que sou candidata à vice-prefeita, já pensando futuramente em 2022 e 2024, mas a gente pretende, passando o processo das eleições, avaliar o quanto ele foi benéfico, no que a gente pode melhorar e consertar para a gente tentar, quem sabe, algo em 2022 ou 2024”, afirmou.

Questionada sobre sua relação com o PT e se ela enxerga esse envelhecimento nos quadros do partido e a dificuldade de renovação, a petista afirmou que foi com a legenda que ela adquiriu consciência política e que irá se manter dentro dos quadros petistas. 

“Eu não abro mão do partido que eu ajudo a construir, entendo que tem uma juventude que se organiza em outros espaços, o que é válido, mas por entender o que o PT já fez pelo Brasil e por ter visto na prática os resultados concretos das políticas públicas inauguradas pelo partido eu não abro mão dele”, garantiu Luana. 

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