Renato Russo acreditava que esta era a grande fúria do mundo, mas existe uma explicação simples e cientificamente correta para a pergunta: “por que o céu é azul?”. Uma combinação de fatores faz com que os humanos, na Terra, olhem para cima e enxerguem essa coloração, e a reportagem de O TEMPO ouviu Paulo Velloso, doutor em física pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para destrinchar essa história.

Por que o céu é azul?

Como explicou o físico, o céu é azul por uma combinação de dois fatores. O primeiro diz respeito a um fenômeno chamado Espalhamento de Rayleigh, que influencia qual onda de luz é mais espalhada no céu. 

“Espalhamento significa exatamente o que a palavra diz. É o fenômeno que faz algo se espalhar. No caso do Rayleigh, estamos falando de luz, então, é como a luz se espalha. Isso tem a ver com uma característica da onda (de luz) que é o comprimento de onda. Cada cor tem um comprimento de onda diferente e cada uma delas vai ser afetada de uma forma pelo espalhamento”, explicou Paulo Velloso. “O fenômeno é mais intenso quando o comprimento de onda é menor. No caso da luz visível, isso é na faixa do azul e do violeta”, continuou.

Além disso, o Sol também tem um papel importante na coloração do céu. “A radiação do Sol tem um espectro chamado Espectro de Corpo Negro, que apesar do nome estranho, é só um nome para o estilo do espectro dele. A radiação mais emitida pelo nosso Sol é a que está na faixa do azul”, continuou.

Então, se juntarmos o fato que o Espalhamento de Rayleigh espalha mais as ondas de luz azul e o que o Sol emite mais essa cor do que outras, ela se sobressai e fica muito mais visível. Mas tudo isso é quando o Sol está a pino, ou seja, diretamente acima de nossas cabeças, no ponto mais alto.

Mas e quando o céu está vermelho ou laranja?

Muita gente gosta de parar para apreciar um bonito nascer ou pôr do Sol, que faz com que o céu ganhe outras tonalidades mais quentes. Também existe um motivo para quando o céu não está tão azul assim.

“Quando já está no nascer ou no pôr do sol, devido à quantidade de atmosfera que a luz tem que atravessar, a gente começa a ver cores com comprimentos de onda diferentes, como vermelho e laranja”, analisou. 

Outras coisas, como poluição e nuvens carregadas, também influenciam na cor do céu. “O espalhamento tem a ver com o meio no qual a coisa está sendo espalhada. Conforme tem mais poluição ou até mais água (nuvens), a composição da atmosfera muda e as características físicas que afetam o espalhamento e as cores que ficam mais visíveis”, completou.

E para completar, os seres humanos também contribuem para isso. “Toda essa combinação que chega no nosso olho faz nosso cérebro interpretar a luz do céu com essa tonalidade de azul”, concluiu Paulo Velloso.