Sata nasceu em Cuba, mas, se tivesse um passaporte, este estaria carimbadíssimo. A fofa vira-latinha já passou por países como Uruguai, Argentina e Chile – e nos mais variados meios de transporte, do avião ao ônibus, passando por trens, carroceria de caminhão e até um catamarã. Detalhe: Sata tira os deslocamentos de letra.
Com as férias de julho em curso, são várias as famílias que, como a tutora de Sata, não abrem mão de levar, junto, seus pets. Compreensível. Mas é preciso lembrar que essa aventura exige uma série de pré-requisitos. “O erro mais comum é viajar com animal solto dentro do carro, com o vidro aberto e a cabeça dele para fora, pegando toda a velocidade do vento na cara”, diz a veterinária Mayra Gonzaga Ramos, da Petz. “O indicado é o animal viajar na cadeira com o cinto, para segurança dele e da própria família”, avalia a médica.
Enjoos são outro problema recorrente. E a psicóloga Camila Bessas, 29, sabe bem. Anos atrás, ela decidiu levar a gata Hanna para uma viagem à sua terra natal, o que demanda cerca de uma hora e meia. “Tempo suficiente para ser uma experiência bem ruim. Muito ruim mesmo”, recorda ela, sem saudades. Ocorre que a gata não só miou o tempo todo como fez suas necessidades com menos intervalos que o habitual. “Foi uma experiência muito difícil”, lembra. Por meio da cunhada, ela soube de remédios antienjoo que poderiam ser ministrados. Tentou um, mas não deu muito certo. Levando o bichinho ao veterinário, recebeu uma indicação mais acertada e, hoje, já pode arrumar a malinha de Hanna com mais tranquilidade.
Mayra ressalva que o ideal é que o animal passe por uma avaliação veterinária antes da administração de qualquer medicamento. “O Vonau, por exemplo, é um medicamento humano usado na veterinária. Mas o mais indicado no caso de solavancos é o Maropitant (cerênia). Porém, é necessário o ajuste da dose pelo peso do animal”, alerta ela. Em relação aos gatos, ela lembra que eles são animais territorialistas. “E mudanças de ambiente podem causar estresse, levando até a alterações físicas, como nas vias urinárias (síndrome de Pandora)”, explica. Quanto a roedores, ela acrescenta que o melhor mesmo é deixá-los em hotéis ou com pet-sitters. “São muito sensíveis a manejo, temperatura...”, elenca.
Sata, uma verdadeira globe-trotter
Citada no início da matéria, Sata é tutelada pelo casal Paula Radic e Felipe Moreira. Os dois artesãos moravam em Cuba quando ouviram um choro fino. Ao abrirem a porta, deram de cara com uma cachorrinha abandonada, “sem a visão de um olho e lotada de vermes”, lembra Felipe. “Por sorte, em Havana há um hospital veterinário gigante, acessível, e ela se recuperou”, conta ele.
Cativado, o casal resolveu ficar com ela. O problema é que eles costumavam rodar a América Latina. De pronto, Sata (em Cuba, os animais sem raça definida são chamados de “satos”) saiu do verão da ilha para o inverno do Uruguai. Muitas vezes, as viagens foram de carona. Mas em alguns transporte, por não ter o hábito de latir, ela ia clandestina. Numa dessas vezes, num trem, foi descoberta – e, apesar dos protestos dos demais passageiros, que queriam que Sata seguisse viagem, ela e os tutores foram expulsos. “Sabe aquela cena de filme na qual o trem se afasta e a pessoa fica sozinha na estação?”, ri Felipe, ao lembrar do ocorrido.
Fica a dica
Ônibus
Para embarcar com animais em ônibus de viagem, é preciso mostrar o atestado de saúde do animal com comprovação da vacina antirrábica. E, claro, saber se a empresa aceita (em São Paulo, pode dois animais de até 8 kg cada por viagem, transportados em caixas apropriadas.
Avião
No avião, a regra varia de acordo com a companhia aérea e se o voo é nacional ou internacional (na Oceania, é praticamente impossível entrar com um pet). De todo jeito, atente-se para a data de validade do atestado de saúde (exigido também nesse caso).
Fonte: Petz