Luta

Câncer de pulmão é o segundo mais comum no Brasil

A apresentadora Ana Maria disse que seu tumor é mais agressivo; modo como a doença atinge o órgão e a extensão dela podem torná-la mais séria


Publicado em 29 de janeiro de 2020 | 06:00
 
 
 
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De todos os casos novos de câncer, 13% são de pulmão. Conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), esse tipo de tumor é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil (sem contar o câncer de pele não melanoma) e o primeiro em todo o mundo desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade. 

O câncer de pulmão tem como principal causa o tabagismo, e o fato de todo o órgão estar exposto à fumaça e a agentes cancerígenos aumenta o risco de a doença aparecer mais de uma vez. Esse foi o caso de Ana Maria Braga, 70, que revelou ter sido diagnosticada novamente com esse tipo de câncer – ela teve outros “dois pequenos” anteriormente. Ana Maria disse que, desta vez tem um adenocarcinoma “mais agressivo”, sem chances de cirurgia ou radioterapia.

Esse subtipo de tumor é o mais comum dentro de um grupo chamado de “não pequenas células”, que representa 15% dos casos de câncer de pulmão, explica o oncologista William Nassib William Júnior. Por si só o adenocarcinoma não é tão ameaçador, mas a forma como ele se apresenta dentro do órgão afetado e a extensão dele podem torná-lo mais sério.

Reincidência. Ana Maria já tratou de um câncer de pele, de outro no baixo ventre e de dois menores no pulmão. O oncologista confirma que, de fato, uma pessoa com tumor tem chance aumentada de desenvolver outros. Mulheres que tiveram câncer de mama em idade precoce, muita vezes relacionado a fatores genéticos, podem desenvolver outro tumor mamário ou de ovário. 
William Júnior diz que existem síndromes genéticas e hereditárias bem definidas que predispõem uma pessoa a ter diferentes tipos de câncer. “Depende do fator de risco a que a pessoa foi exposta. Síndromes hereditárias não são muito importantes em câncer de pulmão, mas podem ter apresentações clínicas diferentes”, afirma o médico, que é referência em tumor pulmonar. 

Segundo ele, o risco é que um mesmo câncer volte, mas há pessoas que desenvolvem outros subtipos não relacionados com o primeiro. O que diferencia um subtipo do outro é a composição molecular das células cancerígenas – e alterações moleculares ajudam a definir o melhor tratamento.

Potencial de cura no início é alto
Um dos grandes problemas do câncer de pulmão é que o maior fator de risco é o tabagismo. “Quando o pulmão é exposto ao cigarro, todas as células do pulmão ficam sob risco. Às vezes, tem um tumor numa região que é tratado adequadamente, mas o resto do pulmão não é saudável. Então é comum desenvolver outro tumor”, explica William Júnior. 

Quando identificada em estágio inicial, a doença tem alto potencial de cura, mas há o risco de voltar, inclusive em outra região não relacionada ao primeiro caso. Embora haja conhecimento da possibilidade de retorno do tumor, ainda não é possível preveni-lo. Também não existe um exame genético eficaz para detectar câncer de pulmão precocemente.

Não existe ‘receita’ para tratar o problema
Antes de começar o tratamento, é preciso identificar se o câncer é inicial ou avançado. Isso é feito por meio daquela avaliação completa com diferentes exames de imagem. Com o auxílio de uma biópsia, também é possível saber a composição da célula cancerígena, o que ajuda a determinar a melhor forma de tratar. 
“Tumores precoces, em geral, são tratados com cirurgia ou radioterapia e têm alto potencial de cura. Às vezes, são associadas quimioterapia e radioterapia”, explica William Júnior. Em casos mais graves, em que o objetivo do tratamento é controlar a doença pelo maior tempo possível, há três opções: quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia. 

A apresentadora Ana Maria Braga já recebeu o primeiro ciclo de medicamentos, que combina quimioterapia e imunoterapia. O oncologista destaca que não existe uma “receita” para tratar o câncer de pulmão, que os procedimentos são muito personalizados, o que aumenta as chances de êxito. 

O médico conta que, nos últimos três anos, percebeu-se que unir quimioterapia com imunoterapia tem dado melhores resultados. Mas, novamente, não é uma indicação para todas as pessoas. “Quando fazemos diagnóstico de câncer de pulmão avançado, realizamos uma série de testes para definir qual dessas três opções é a mais apropriada”, afirma.

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