Homens-máquinas

Ciborgues mostram a sintonia entre tecnologia e ser humano 

Próteses biônicas comandadas pelo cérebro humano estão cada vez mais presentes


Publicado em 14 de setembro de 2014 | 03:00
 
 
 
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Durante muitos anos a fusão entre o homem e a tecnologia em um mesmo corpo foi assunto de domínio apenas da ficção científica. No entanto, diversas áreas, como a medicina, a robótica e a biotecnologia, vêm permitindo que essa união se torne cada vez mais comum e atual.

Pessoas com próteses biônicas e comandadas pela força do pensamento são apenas um exemplo da presença dos ciborgues – organismos cibernéticos constituídos de material orgânico e mecânico – no mundo.

A estimativa da professora norte-americana Katherine Hayles é de que pelo menos 10% da população atual dos Estados Unidos seja de ciborgues. Um exemplo é o cineasta canadense Rob Spence, que perdeu um olho em um acidente e decidiu criar uma prótese ocular equipada com uma câmera de vídeo sem fio embutida. O material contém ainda um transmissor wireless que envia em tempo real vídeos em cores para um monitor.

Segundo o “eyeborg”, em geral, as pessoas têm duas reações quando ele diz ter uma câmera no olho. “Ou acham que é legal, ou acham que é assustador. Eu acho que isso é porque os olhos são as supostas janelas para a alma, e não para o YouTube”, disse, em entrevista a O TEMPO.

Mas não são só os olhos que estão sendo modificados pela rápida evolução tecnológica e da medicina. Hoje em dia já é possível encontrar mãos, pés, braços ou pernas com eficiência que impressiona pela semelhança com os membros de carne e osso.

Entre os avanços mais significativos estão as novas próteses ligadas ao sistema nervoso, capazes de reproduzir todos os movimentos do membro original. Esse é o caso do norte-americano Jesse Sullivan, que perdeu seus braços e hoje comanda as próteses biônicas por meio dos sinais captados pelos músculos de seu tórax.

Projeções. O professor de cibernética da Universidade de Reading, na Inglaterra, Kevin Warwick, é considerado um dos primeiros ciborgues do mundo por ter implantado um chip no seu braço, em 1998. Ele acredita que, nos próximos anos, vamos testemunhar máquinas com uma inteligência mais poderosa do que a dos seres humanos.

“Acho que em 2100 vamos ver pessoas capazes de se comunicar entre si através de sinais de pensamento. Sem dúvida, vamos ver as máquinas e os computadores mais inteligentes do que nós, talvez em 2030, 2050”, disse em uma entrevista à rede de televisão britânica BBC News.

Um futuro com a profunda interpenetração dos sistemas humanos e técnicos é, segundo a professora Katherine, cada vez mais comum nas projeções futuristas. “Enquanto os sistemas técnicos aumentarem consideravelmente as capacidades humanas, criando mudanças irreversíveis em infraestruturas culturais, sociais, econômicas e médicas, isso será possível. Mas, se os sistemas técnicos falharem, e os sistemas humanos não forem sustentáveis, a catástrofe irá acontecer”, diz a autora de vários livros sobre as relações da literatura, da ciência e da tecnologia nos séculos 20 e 21.

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