Paulo Vieira
PhD e Master Coach
Criador do coaching integral sistêmico (método cis) e autor best-seller dos livros “O Poder da Ação”, “Fator de Enriquecimento”, “Poder e Alta Performance” e “Foco na Prática”.
O especialista, que esteve em BH para realizar o treinamento com seu método exclusivo de inteligência emocional para cerca de 5.000 pessoas, diz que a tendência humana é culpar o outro, mas a ‘revolução’ acontece quando se entende que os problemas são pessoais.
Muito se fala da inteligência emocional no aspecto profissional, mas e na vida pessoal e social? Qual é a sua importância e como desenvolvê-la?
Eu cheguei há alguns dias de um congresso nos Estados Unidos e lá eu estive com o palestrante Daniel Goleman, que é o pai da inteligência emocional. Segundo ele, inteligência emocional é a capacidade de você se conectar com você mesmo e tirar o seu melhor em qualquer tipo de situação, como também se conectar com o outro e tirar o melhor não dele, mas de vocês. Ou seja, é estar com meus filhos e tirar o meu melhor, é estar com os meus filhos e tirar o melhor de nós. Existe o mito de que a inteligência emocional é apenas autocontrole. Se a pessoa tem autocontrole, ela tem inteligência emocional; se ela não tem autocontrole, ela não tem inteligência emocional. Na verdade, o autocontrole é apenas uma pequena fração da inteligência emocional. Empatia é também uma característica da inteligência emocional. Então, como é a vida de uma pessoa que não tem empatia, que não sabe se colocar no lugar do outro? Ela agride, ela ofende, ela machuca, e nem percebe.
Quais atitudes ou sintomas dão sinais de que uma pessoa precisa desenvolver mais a sua inteligência emocional?
São muitas. Liderança é uma característica de inteligência emocional. Ousadia, percepção real de si mesmo, autoentendimento, autocontrole e até mesmo transparência e honestidade vêm da inteligência emocional. Otimismo é inteligência emocional. Imagine uma pessoa que não é otimista, que não é empática, que não é ousada. Como é a vida dessa pessoa? E nós estamos falando só de características definidas por Daniel Goleman.
No seu treinamento, você ensina as pessoas a eliminar barreiras emocionais e sentimentos de autossabotagem que as impedem de alcançar seus objetivos. Quais costumam ser essas barreiras?
Nós temos três características fundamentais. A primeira é a persistência. A maior característica de sucesso humano é a persistência. A segunda é a integridade. As pessoas me perguntam porque integridade tem a ver com sucesso. Integridade pressupõe e permite continuar os relacionamentos ao longo do tempo, construir relacionamentos. Com uma pessoa que não é íntegra, que não é honesta, que não é verdadeira, que não é real, as relações acabam muito rápido. Ela não constrói uma rede de relacionamentos. Integridade promove conexões poderosas e duradouras. E, por fim, ambição e sonhos. Isso é pura inteligência emocional.
O seu treinamento tem como objetivo ajudar as pessoas a adotar uma nova postura diante dos diferentes desafios e cumprir metas. Com o novo ano, as pessoas costumam projetar muitas metas. Por que é tão difícil cumpri-las?
Primeiro porque grande parte da população não estabelece metas. Pesquisas mostram que menos de 2% estabelecem metas. O que muitos fazem são sonhos. “Ai se eu tivesse isso, ai se tivesse aquilo”, mas estabelecer uma meta clara, escrita, visual, só 2% da população faz. Segundo: as metas não são verdadeiras, nem com elas, nem com o que eles querem, e também são pouco ambiciosas. Quando eu estabeleço uma meta pequena ou grande, eu não me mobilizo, não me comprometo. Não é que a maioria fracassa nas metas, apenas para no meio do caminho, desiste dos objetivos de vida: emagrecer, ser promovido, guardar dinheiro, fazer faculdade. O grande inimigo humano não é o fracasso, é a desistência.
Você possui uma história de superação e de autoconhecimento. Quando a mudança na sua trajetória aconteceu?
Antes de acontecer, teve muita dor, fracasso e frustração. E era aquela dor que estava insustentável, naquele ponto de: ou mudo, ou me destruo. E eu me abri para fazer treinamentos, cursos e assim eu entendi que meu problema era eu mesmo. Eu me sabotava e, quando eu entendi isso, fui buscar ajuda. A tendência humana é culpar o outro que não me respeita, meu marido que não me valoriza, não me ama, meus pais que não me deram oportunidade. Comigo era assim. O problema era o governo, a família, os parceiros, os clientes, então, quando entendi que eu era o problema, daí veio a mudança que foi a revolução de verdade.
Após esse período, você desenvolveu a metodologia do Coaching Integral Sistêmico (método CIS), que trabalha todas as áreas da vida e une o pensamento racional às emoções, fazendo uma reprogramação de crenças. Conte mais.
O métodos CIS é a base das mudanças que eu tive na minha vida. A partir daí eu fiz graduação, mestrado e doutorado fora do Brasil, sempre baseado no resultado humano, e isso tudo está nos meus livros, que derivaram dos trabalhos de mestrado e doutorado. O livro “O Poder da Ação” está há três anos entre os dez mais lidos do Brasil. O método propõe restaurar toda a sua inteligência emocional. Estou falando de restaurar a persistência, a integridade, a verdade, de você não ter que provar nada para ninguém, nem para si mesmo, e de olhar para você entendendo que você tem que mudar. O método traz um nível de merecimento e de ambição muito maior. Eu quero mais, eu mereço mais, eu posso mais, acaba a autossabotagem, acaba a procrastinação, faz você se conectar verdadeiramente com outras pessoas.
Seria possível aprendermos a agir dessa forma desde cedo?
Na prática, não. Porque, se você olhar a pessoa que bebe, ela quer parar de beber, mas não consegue. Quem está acima do peso sabe que não deveria comer, mas não consegue parar de comer. O problema não é racional. Nós sabemos o que precisamos fazer, mas não estamos capacitados emocionalmente. Não temos competências emocionais para dar andamento em tudo, e é aí que entra o método. Tudo na vida só mudou quando eu tive a consciência que eu era meu problema. E isso é algo consciente e inconsciente nas pequenas escolhas do dia a dia.
Você acredita que essas lacunas e dificuldades em relação à inteligência emocional se devem às diferenças da cultura brasileira para outras?
O que vemos no Brasil vemos no mundo todo. O que muda são as deficiências e debilidades emocionais. Já fizemos o congresso no Japão, Estados Unidos e Inglaterra, mas todo ser humano padece de inteligência emocional e precisa trabalhar e recompô-la. O norte-americano, por exemplo, é muito respeitoso, mas pouco afetuoso, e isso é uma debilidade emocional. O brasileiro, ao contrário, toca, beija, abraça, mas se respeita pouco, e isso também é debilidade emocional manifestada de maneira diferente.
No livro “O Poder da Ação” você convida a quebrar o círculo vicioso da frustração e da falta de realizações presentes na vida de qualquer pessoa e iniciar um caminho de realização. Diante de momentos críticos como este pelo qual o país está passando, essa atitude se torna mais difícil. Como dar o primeiro passo?
Saia da zona de conforto. Se a pessoa continuar vivendo como vive, vai continuar obtendo os mesmos resultados. Se quer se dar algo de presente em 2019, saia da zona de conforto, experimente algo novo. Digo isso não só em relação a fazer o novo, mas ser o novo. Mudar de dentro para fora. Do mesmo jeito que eu mudei muito, saí da vida pobre, limitada, carente, progredi e tenho progredido, qualquer um pode fazer isso. Tem que buscar ferramentas, mecanismos e métodos certos. Achar que todo caminho leva a Roma é besteira. Achar que toda ferramenta promove mudança é besteira. O método certo, o livro certo é aquele que ajudou milhares e milhares de pessoas. É muito comum a pessoa pegar um livro sobre finanças, e o escritor ser malsucedido financeiramente. É preciso buscar competências nas ferramentas que vou procurar para mudar minha vida.