Música

Uma orquestra de outras esferas 

Espetáculo vai trazer gongos, címbalos, saltério e orins em repertório eclético


Publicado em 30 de setembro de 2014 | 03:00
 
 
 
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“Em uma época em que os megawatts imperam, em que a capacidade sagrada do ouvir humano vai sendo pouco a pouco destruída, e silenciar e respirar torna-se às vezes uma tarefa quase impossível, renasce a lira com uma sonoridade finíssima, quase etérea. E cheia de doçura ela nos diz: respire, silencie e ouça, não a mim, mas além de mim”, diz Flávia Betti, professora de kântele e lira há 28 anos, uma das fundadoras do Cântaro – Centro de Desenvolvimento Musical e autora do livro “Cantarolã”, que vem com um CD com músicas para crianças de 0 a 7 anos.

Ela é regente do Cântaro Coral, único grupo de canto acompanhado por uma orquestra de 30 liristas e kânteles em todas as Américas e que, ao longo dos anos, incluiu em seu repertório músicas clássicas, brasileiras, celtas e chorinhos.

Esse trabalho delicado poderá ser visto em Belo Horizonte no próximo dia 4, no teatro Dom Silvério, em show único do grupo que tem se apresentado em festivais, congressos, teatros, igrejas, hospitais, escolas e eventos diversos.

O concerto vai contar com o som de várias liras sopranos e kânteles, gongos, címbalos, saltério e orins em um repertório extremamente variado, com músicas brasileiras, como “O Trem das Onze”, tocadas na lira, além de Bach e composições próprias para lira e kântele acompanhadas de canto e um tambor celta.

A professora explica que o kântele e a lira são instrumentos raros que trazem uma qualidade musical diferente de tudo que encontramos nos dias de hoje. “A lira é o instrumento de cordas mais antigo de que se tem notícia. Há descobertas que datam de 15 mil anos em pinturas rupestres. Ela ressurgiu com enorme força na Europa, no início do século passado, se parece com uma harpa de colo e possui 39 cordas”, apresenta a professora.

Segundo ela, em determinado momento da história da humanidade, a lira desapareceu. “Sua descendente, a harpa, foi quem conseguiu espaço nas orquestras com outros instrumentos. Depois de um longo silêncio, no início do século passado, um músico chamado Edmund Pracht e um construtor de instrumentos chamado Lothar Gäertner se uniram em busca de uma sonoridade especial e criaram a lira moderna”.

Atualmente há muitos grupos e orquestras espalhado pelo mundo, compostos por liras sopranos, contraltos, tenores e baixos.

A cada três anos, é realizado um grande encontro internacional, do qual Karla Polanczyk e Flávia Betti, junto com outras liristas brasileiras, participam levando o repertório brasileiro e representando o país em concertos abertos ao público.

Músicas como “Garota de Ipanema”, “Tico-Tico no Fubá”, “Passaredo”, “Asa Branca”, “Muié Rendeira” e composições próprias foram apresentadas na lira com uma repercussão enorme em Hamburgo (2000), nos Estados Unidos (2003), na Irlanda (2006), na Suécia (2009) e na Alemanha (2012).

Os alunos da escola Cântaro, individualmente ou em grupo, conhecem e vivenciam diferentes qualidades sonoras e instrumentos musicais, tais como o kântele, a lira, os gongos, metalofones, orin, címbalos, a flauta doce, entre outros.

Já o kântele, diz Flávia, é um instrumento de cordas da família das liras, originário da Finlândia. É afinado em uma escala de cinco tons (pentatônica) que possibilita diversos recursos pedagógicos e terapêuticos.

“O instrumento atua diretamente no sistema rítmico-respiratório (pulmão e coração) e, por sua simplicidade, não requer conhecimento de teoria musical”, comenta.

No Brasil ele é mais praticado do que a lira por estar inserido no contexto pedagógico com as crianças de zero a sete anos.

AGENDA: O concerto acontece no dia 4 de outubro, às 19h, no teatro Dom Silvério, avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi. Ingressos a R$40 a inteira e R$ 20 meia entrada. Informações: (31) 3344-3236.

Kântele

Liras. Instrumento da família das liras, composto de um jogo de cordas montadas sobre uma caixa acústica de madeira. É muito fácil de ser tocado e não exige conhecimento musical específico.

Totem da inteireza humana
O psicólogo e antropólogo do Colégio Internacional dos Terapeutas Roberto Crema e a médica clínica e homeopata Acely Lovelacque vão ministrar uma palestra e um seminário sobre o Totem da Inteireza Humana. A proposta do evento é abrir a visão do coração para que as pessoas possam encontrar respostas para os desafios atuais e fragilidades nas múltiplas dimensões encarnacionais. Informações: (31) 3297-5511 e (31) 8894-3869 com Magda.

Estimular a força vital
Swami Anandananda Satyananda Saraswati, mestre em técnicas avançadas de ioga, vai ministrar um seminário sobre Prana Vidya, nos dias 4 e 5 próximos. Trata-se de uma exploração profunda da energia vital e desenvolvimento da capacidade de canalizar esse princípio subjacente da existência. Ele vai ensinar como acessar níveis mais sutis da consciência para poder trabalhar com essa poderosa ferramenta de cura. Informações: (31) 3296- 2869.

Construção individual
Pedro Kupfer nasceu em Montevidéu e pratica ioga desde os 16 anos. Ele estará em Belo Horizonte nos dias 3 e 4 próximos para o workshop “A Construção da Sua Prática Pessoal”, que vai acontecer na Escola Hebraica Theodor Herzl, na rua Caraça, 15, Serra. No domingo, dia 5, acontece o Sat Sanga com meditação no Jai Vida, à rua Engenheiro Amaro Lanari, 220, Anchieta,  mediante doação de um quilo de alimento.  Informações: (31) 3225- 5709(31) 7304-7447.

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