Transformação

Esquerda deve rejeitar o crime e se reconstruir

A visão da teosofia esotérica sobre o momento atual da política brasileira


Publicado em 23 de outubro de 2018 | 02:00
 
 
 
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No próximo domingo, os brasileiros vão decidir nas urnas o futuro do país por meio da eleição do próximo presidente. Um processo que vem desgastando o cidadão, com divergências expostas, intolerância, radicalismo e violência. A sombra que habita cada ser vem aflorando e encontrando ressonância na densa vibração exterior. Dá medo. Mas é exatamente nesses momentos que a consciência deve aflorar, assim como o bom senso.

“Vive-se uma guerra híbrida, um conflito oculto. Os problemas são com frequência mais visíveis que as soluções, porque o carma acumulado não pode ser mudado de um dia para o outro. A posição da teosofia é clara. Só os peregrinos espirituais mais desinformados em relação à lei do carma poderiam apoiar ou tolerar o crime pensando que isso expressa um sentimento de compaixão divina”, analisa Carlos Cardoso Aveline, autor e editor do portal Filosofia Esotérica.

Essa sabedoria “é contrária à hipocrisia e ao roubo do dinheiro público e também condena o uso de drogas e outras formas de indolência. A fraternidade universal exige a prática da sinceridade. Ela ensina a moderação, a sobriedade, o respeito impessoal por todos e a mais elevada moral”, diz Aveline.

O escritor faz uma reflexão sobre o genuíno marxismo, que não promove o crime, e sobre a verdadeira esquerda, que sempre reuniu pessoas honestas. “A esquerda fraudulenta do século XXI distorce Karl Marx, ou jamais o leu, e abraça o crime organizado como modo de obter poder político de curto prazo”.

Marxismo

Por outro lado, a esquerda “ignora a centralidade da questão moral. O marxismo é fundamentalmente errado, do ponto de vista teosófico, porque não percebe nem leva em conta o fato central de que as pessoas têm uma alma. Nega, portanto, a ideia de que a evolução desta alma seja o processo mais importante da vida”.

Para o chamado “socialismo científico”, o espírito não existe ou não interessa. “Os marxistas vivem, filosoficamente, presos ao delírio e à ilusão, segundo os quais a felicidade depende do mundo material. No entanto, é preciso admitir que o materialismo histórico ou materialismo dialético – nomes técnicos do marxismo – têm como premissa básica que seus estudantes e seguidores devem ser pessoas honestas e altruístas”, pondera o estudioso.

Militância

Ele ressalta que, tradicionalmente, os militantes de esquerda estão voltados para o bem da comunidade e optam pela simplicidade voluntária. “Eles dedicam-se a um ideal nobre, evitam a política de ataques pessoais e, naturalmente, abstêm-se de roubar o dinheiro do povo e de assaltar qualquer pessoa.

Aveline, no entanto, faz críticas à esquerda no Brasil. Ele diz que, desde a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), no início da década de 80, “seus militantes raramente estudam a filosofia marxista clássica”. “Tampouco tiraram qualquer lição da queda do Muro de Berlim, em 1989, ou do fim da União Soviética, no início dos anos 1990. A falta de valores profundos e de uma filosofia abrangente condena todo partido político à irrelevância dos jogos eleitorais e às alianças táticas sem ética ou ideal”, afirma.

 

Luta pela ética na política é de todos

A reflexão de como os partidos políticos têm combatido entre si vai além da esfera comum. “O grande e o pequeno são espelhos um do outro. O indivíduo que é sincero numa esfera da existência tende a ser honesto nas outras. Aquele que se desliga da alma em determinado aspecto do dia a dia corre o risco de ver a sua derrota moral ampliar-se. Tudo está interligado”, analisa Carlos Cardoso Aveline.

Segundo ele, em cada dimensão da vida humana, começando no relacionamento do cidadão com sua própria consciência, há um conflito aberto ou implícito entre sabedoria e ignorância, sinceridade e ilusão, decência e falsa esperteza. “Esse contraste está vivo nos partidos de esquerda e nas agrupações de direita”, analisa.

A filosofia, diz ele, ensina que o abuso de poder e o desrespeito ao cidadão não são exclusividade das ditaduras militares ou dos regimes formalmente “fascistas”. “Longe disso: as piores formas de dominação autoritária começam na mente e avançam através da propaganda, em grande parte subconsciente. Alimentam-se da ignorância espiritual. Estão presentes em grau maior ou menor em igrejas, seitas e organizações esotéricas”.

 

Responsabilidade moral independe de opção partidária

Marx, Engels, Lênin e Trótski sonharam com uma ética mais elevada. Com certeza, ficariam desolados com o momento político mundial. Os maiores filósofos de todas as épocas lidaram com a política dessa forma. Foi o caso de Sócrates, Platão, Aristóteles, Sêneca, Cícero e, a sua própria maneira, Helena Blavatsky.

“O sentido de responsabilidade moral não é de esquerda, ele não é de direita, ele é de todas as pessoas decentes e autoconscientes, independentemente de opinião política. De outro lado, o populismo verbal, aliado a políticas fraudulentas que favorecem banqueiros e empresas capitalistas dominantes, é trivial e corrupto. As pessoas devem fazer um esforço para retirar ladrões e mentirosos das posições de liderança”, comenta Carlos Cardoso Aveline.

 

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