Voluntária na Pastoral da Mulher, blogueira há três anos e aluna do curso de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Ana Catarina Cizilio é um típico exemplo de jovem da geração Z. Ela trocou um estágio financeiramente vantajoso para buscar satisfação pessoal gerenciando mídias sociais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Na entrevista a seguir, Ana Catarina expõe suas opiniões sobre tecnologia, hierarquia, consumo, religião, política e liberdades individuais.
A tecnologia te afasta ou te aproxima das pessoas?
A tecnologia me aproxima e me afasta quase na mesma proporção. Através da internet, eu fiz novos amigos de Norte a Sul do país, pessoas que não teria convívio se não fosse a tecnologia. Por outro lado, em vários momentos, fico mais distante das pessoas próximas, aquelas que estão ao meu lado diariamente. É um erro que nos jovens da geração Z estamos cometendo e que devemos corrigir.
Você se considera uma pessoa consumista?
Quando comecei a cursar publicidade e propaganda, percebi o quanto somos bombardeados por anúncios e passei a refletir mais antes de comprar qualquer um produto. “Será que preciso disso?”. Hoje, opto mais por produtos artesanais em vez de roupas de marca, e sinto que me transformei em uma pessoa menos consumista.
Você tem uma religião? O que pensa sobre elas?
Eu não tenho uma religião, embora acredite em um ser superior. Penso que as religiões não conseguem definir a minha crença. Até tenho uma afinidade pelo espiritismo, mas não o sigo.
Qual é a sua percepção sobre hierarquia?
Ocupar um cargo de liderança não dá o direito de tratar as pessoas com superioridade. Ser chefe não é subordinar alguém. Essa postura afasta o funcionário e atrapalha os negócios. Se os chefes tratassem todos como iguais, as empresas teriam muito mais capacidade de alcançar seus objetivos.
Qual é a sua avaliação sobre o governo?
Eu me considero de esquerda, mas não me sinto representada pelo PT, Psol, PCdoB. Também não acredito que a política evolua sem partidos. Por isso, creio que o país necessita de uma reforma política maior, que obrigue os políticos a ser mais fiéis a uma base ideológica e a não receberem doações de empresas. E aqueles que seguissem as regras destes partidos deveriam ser expulsos. Em 2013, eu participei de duas manifestações descentralizadas contra o aumento das tarifas de ônibus, em Belo Horizonte. Se houver um novo aumento, certamente participarei de novo.
O país discute suficientemente a questão das liberdades individuais?
Creio que não. Somos um país teoricamente laico, mas os segmentos religiosos atrapalham o debate de questões importantes das minorias, como a legalização das drogas e a descriminalização do aborto. Particularmente, eu sou favorável às duas, principalmente à questão do aborto. Há muitas mulheres que procuram clínicas clandestinas para abortar e acabam morrendo e sendo taxadas como culpadas. Isso tem que mudar.