Nos EUA

Febre da maconha comestível se torna caso de saúde pública

Série de ingestões acidentais por crianças e adultos gera pressão por veto


Publicado em 08 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
 
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Denver. Antes do Dia das Bruxas, o Departamento de Polícia de Denver e o proprietário de uma loja de maconha se reuniram para produzir um vídeo de utilidade pública que só poderia existir nesse estranho novo mundo da maconha legalizada.
 

A maconha, eles informavam aos pais de crianças que brincam de travessuras ou gostosuras, nem sempre parece com maconha. Ultimamente, cada vez mais, ela pode imitar azedinhos, balas e ursinhos de goma, e a polícia incentivou os pais a conferirem o espólio do Dia das Bruxas à procura de doces suspeitos que possam conter maconha.

“De fato, não existe uma forma de saber a diferença”, afirma no vídeo Patrick Johnson, proprietário da Urban Dispensary. E completou: “É melhor simplesmente jogar esses doces no lixo”.

Para alguns defensores da maconha, o alerta faz parte das lendas urbanas sombrias sobre chocolates envenenados e doces recheados com lâminas. Não houve nenhum caso registrado de doces contendo maconha sendo distribuído durante o Dia das Bruxas aqui, e a maconha comestível vem em embalagens pardas que não se parecem em nada com os doces comuns. Mesmo assim, a mensagem frisou uma preocupação crescente entre os grupos de pais e reguladores de que as abundantes novas variedades da maconha legalizada e comestível se parecem muito com comida comum.

Desde que as vendas da maconha para uso recreativo começaram aqui, em janeiro, a maconha comestível se tornou campeã de vendas nas farmácias de todo o Colorado, uma forma doce e saborosa dos cautelosos iniciantes experimentarem a erva, ou das pessoas fazerem a cabeça sem tossir nem ficar fedendo a fumaça.

Porém, uma série de ingestões acidentais por crianças e adultos, e duas mortes relacionadas à forma comestível neste ano provocaram pedidos generalizados para impor restrição no lado comestível do mercado da maconha.

Embora algumas empresas estejam fabricando refrigerantes com sabor de tangerina e barras de chocolate escuro infundido com a droga, os defensores de um controle mais rígido afirmam que outras empresas simplesmente estão revestindo doces coloridos em massa e cereais para o café da manhã de crianças com o óleo de cannabis, e vendendo por um preço bem maior. E os críticos argumentam que mesmo os consumidores habituados com a maconha estão passando mal ou perdendo o controle após comerem lanches de maconha que provaram ser mais potentes do que eles pensavam. Uma única barra de doces ou um refrigerante pode conter THC – o principal composto psicoativo da maconha – suficiente para servir dez pessoas.

Pelas novas leis aprovadas pelos órgãos estaduais, alguns doces potentes que antes continham doses de 100 miligramas de THC estão sendo reduzidos para 10 miligramas por dose, quantidade que foi designada como uma dose discreta. E, a partir de fevereiro do ano que vem, mais produtos comestíveis virão em embalados à prova de crianças, em plástico e folhas de alumínio semelhantes aos invólucros de remédios controlados.

Em outubro, o departamento de Saúde do Estado do Colorado chegou a recomendar uma proibição de quase todas as formas de maconha comestível, dos brownies aos biscoitos até as balas de mascar, dizendo que sua proliferação estava confundindo os consumidores e atraindo crianças que não sabiam a diferença. A proposta não ganhou atenção, mas revelou as profundas divisões entre os fabricantes de maconha e as autoridades da saúde, que agora discutem como embalar os produtos comestíveis, se é necessário ou não rótulos e marcas mais claras, e exatamente com qual rigor elas devem ser controladas.

Kit de US$ 15 descobre se doce tem THC

Denver, EUA
. Uma empresa do Colorado começou a seduzir os pais preocupados através de kits de teste de maconha de US$ 15 que utilizam uma solução sensível ao THC para determinar se o biscoito ou o doce que parece inócuo contém uma dose oculta.

Lindsay Topping, diretora de marketing da Dixie Elixirs and Edibles, fabricante de bebidas e doces com maconha em Denver, disse que a empresa já estava preparando uma nova linha de embalagens à prova de crianças. Mas, no final, a segurança de um produto comestível dependia em grande parte do consumidor. “Não consigo controlar como um pai armazena isso. Está fora da minha alçada assim que o produto entra em um lar”, ela disse.

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