O tão aguardado “Nosso Lar 2: Os Mensageiros” estreia depois de amanhã nos cinemas de todo o país. Diferente do primeiro filme, que explora mais a colônia Nosso Lar, a continuação mostra a conexão que acontece entre encarnados e desencarnados. Nos bastidores, uma figurante incorporou de forma involuntária durante as filmagens. Ela foi orientada a procurar uma casa espírita para entender melhor o fenômeno mediúnico. Em outro dia, o set de gravação que representava um centro espírita foi tomado pelo cheiro de rosas.

“Sabemos que a espiritualidade está sempre presente, isso não é diferente em um lugar onde a gente está trabalhando em grupo. Imagino que tenha uma equipe espiritual ali, durante as filmagens, mas isso é apenas uma suposição. O importante é que a gente se sinta protegido fazendo o trabalho, com vigor, disciplina, disposição e sintonizado com o bem”, reflete Wagner de Assis, diretor, roteirista e produtor do filme junto com Iafa Britz (“Nosso Lar 1”).

O longa acompanha o médico André Luiz (Renato Prieto), que se junta a um grupo de espíritos mensageiros da cidade espiritual Nosso Lar, liderados por Aniceto (Edson Celulari), na missão de ajudar a salvar projetos de vida que estão prestes a fracassar. Juntos, eles se dedicam a cuidar de três protegidos, cujas histórias estão interligadas: Otávio (Felipe de Carolis), promissor médium que se desvirtua de sua missão; Isidoro (Mouhamed Harfouch), líder de uma casa espírita, e Fernando (Rafa Sieg), empresário responsável pelo financiamento do projeto de criação da oficina espiritual na Terra.

O diretor comenta que a película é um “pot-pourri” que eles chamam de “multiplot”: “São várias histórias que fazem parte de um mesmo contexto, mas, acima de tudo, estamos falando de amor incondicional, que nunca estamos sozinhos, que precisamos acreditar que o mundo pode ser feito de histórias felizes, edificantes e positivas e que, no final, o perdão e o amor sempre vencem”, conta.

Assis relembra que, quando leu pela primeira vez o livro “Nosso Lar”, psicografado por Chico Xavier pelo espírito André Luiz, e, em seguida, “Os Mensageiros”, ele entendeu que eles eram quase como um livro só, uma continuidade de histórias. “Quando tivemos a possibilidade de adaptar o primeiro livro para fazer o primeiro filme, foi um movimento natural de querer continuar contando as histórias que André Luiz contou. Temos ainda outras histórias, uma série de livros fantásticos sobre o mundo espiritual revelados por André Luiz”.

O diretor não está tão convicto de que o cinema espírita vem se firmando no Brasil. “É uma batalha muito grande trabalhar com cinema produzido no Brasil, num mercado extremamente competitivo, como sempre foi, e que precisa se restabelecer, principalmente após a pandemia. Acho que os temas espiritismo e espiritualidade nunca saíram de fato dos filmes, estão presentes há muitos anos”.

E emenda: “Estamos num momento de retomada, com boas perspectivas de contar histórias mais bem elaboradas e de conteúdo potente. Não temos um gênero de cinema chamado ‘espírita’, temos um tema que tem sido explorado, mas está longe de ser um nicho de mercado. Estou trabalhando muito para contar histórias desse universo”.

“As Irmãs Fox” entra em fase de pós-produção

Wagner de Assis finalizou em 10 de janeiro as filmagens de “As Irmãs Fox”, pioneiras do espiritismo. Katherine “Kate” Fox, Leah Fox e Margaret “Maggie” Fox serão interpretadas pelas atrizes estadunidenses Jamie Hughes, Sionne Elise e Marie Mchugh.

O filme entra agora na fase de pós-produção, que deve consumir de 12 a 18 meses. “É um filme muito forte, que mostra a ascensão e queda de três irmãs que têm papel fundamental nas buscas espirituais dos Estados Unidos do século XIX e cujas atuações reverberaram na América e no Brasil”, diz.

E finaliza: “O filme é como um ajuste histórico da vida das irmãs, para que as pessoas possam entender o que aconteceu com elas. Tentamos ser muito fiéis à história, mas naturalmente com todas as licenças poéticas e dramáticas de que uma história precisa”. (AED)

Entrevista com Renato Prieto, ator e espírita

“Ser espírita não é passaporte para trabalho”

O fato de ser espírita cria um laço mais estreito entre ator e personagem? Há uns 5 anos, eu dei entrevistas afirmando que o fato de ser espírita não era passaporte para eu fazer qualquer tipo de trabalho se eu não tivesse qualificação. Por outro lado, há personagens que chegam exatamente na idade certa, no momento certo. Você está preparado para receber aquele personagem. Para a informação do público, interessa saber que milhares e milhares de pessoas no Brasil se chamam André Luiz por conta do sucesso do livro “Nosso Lar”. Então eu sempre pensava que eu tinha uma responsabilidade muito grande em tentar ser o mais próximo possível de como ele era quando encarnado. E, segundo as pessoas, ficou muito próximo. Me dediquei muito, tive ajuda do Wagner de Assis (diretor, roteirista, produtor), da Iafa Britz (produtora), dos orientadores.

Como foi reinterpretar André Luiz? Ao voltar ao personagem 14 anos depois, acho que vim com a bagagem desses anos. Dos espetáculos que eu fiz, das temporadas na Suíça, Alemanha, Itália, América Latina, Portugal e Estados Unidos. Fiz uma temporada off-Broadway, no teatro, e tudo isso vai também vai te dando uma outra maturidade. Eu acho que me deu a possibilidade de entrar no set mais tranquilo, porque tecnicamente o personagem já estava formatado. No primeiro filme, nas cenas iniciais do filme, precisei emagrecer uns vinte e poucos quilos. Dessa vez, também precisei emagrecer, de oito a dez quilos. Então, voltar nesse tempo me traz uma boa memória. Revisitar o personagem foi colocar a minha mente para funcionar, retornar àquele ponto e, a partir daí, seguir as diretrizes do diretor. Gostei muito da ideia.

Qual o principal legado de André Luiz? O legado é muito grande. É um número muito grande de livros ditados por ele e psicografados por Chico Xavier. O que mais ouço é “estamos lendo as obras” ou “estamos estudando os livros do André Luiz”. E há uma quantidade imensa de grupos, associações e centros que se chamam André Luiz. Eu acho que ele deixou um legado cultural importante, uma literatura farta de qualificação e com ensinamentos que, se você se aprofundar neles, modificam sua vida para melhor. Você acaba crescendo muito com esse aprendizado todo. E tomara que outros ‘André Luiz’ apareçam nesse mundo. Já até tivemos gente por aí magnífica. Mas eu não tenho dúvida de que os livros são alguns dos maiores legados dele, além dos exemplos que ele trouxe para as pessoas como “olha, veja como é que funciona. Isso pode fazer você se corrigir a tempo, para ficar melhor, para andar num outro caminho sem trazer tantos prejuízos para você”. Sobre isso, não tenho dúvidas.