Avanços

Novas esperanças surgem para o tratamento da calvície

Neste ano, deve começar a ser vendida solução desenvolvida na UFMG após oito anos de estudos


Publicado em 07 de fevereiro de 2018 | 03:19
 
 
 
normal

Do Brasil ao Japão, a busca pela “cura” da calvície não para. Na terça-feira (6), pesquisadores japoneses anunciaram que conseguiram estimular o crescimento ultrarrápido de folículos capilares para implante. O método, segundo eles, pode significar um adeus à calvície – ou pelo menos a redução da perda de cabelo causada, por exemplo, pela quimioterapia ou por algumas doenças.

Em Belo Horizonte, a expectativa é por um novo medicamento, desenvolvido por pesquisadores no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e que deve estar disponível no mercado ainda neste ano.

O produto – uma solução tópica que funciona quando o paciente ainda tem folículo piloso (raiz) – estimula o crescimento do cabelo assim como os medicamentos disponíveis hoje para o tratamento da calvície.

“A vantagem é que ele não tem efeitos colaterais porque é feito com substâncias endógenas (produzidas pelo próprio organismo)”, explica o médico pesquisador Robson Santos, professor emérito do ICB da UFMG e CEO do Labfar.

Avanço japonês. Os dois estudos buscam o crescimento do folículo piloso. A pesquisa japonesa é promissora, diz Santos. No entanto, ela estimula o crescimento do folículo piloso no laboratório para que sejam implantadas mechas no paciente.

Os cientistas japoneses usaram dois tipos de células colocadas em pequenos recipientes de silicone para cultivar “germes de folículos pilosos”, fonte de pequenas calvícies, onde o cabelo nasce e se alimenta.

Dirigida por Junji Fukuda, a equipe da Universidade Nacional de Yokohama conseguiu cultivar 5.000 desses “germes” em alguns dias usando o agente químico dimetilpolisiloxano. Esse método é apresentado como um grande passo, uma vez que as técnicas atuais são trabalhosas e conseguem criar apenas cerca de 50 “germes” de cada vez.

Tecnologia mineira. Já o medicamento desenvolvido pela pesquisa da UFMG libera a angiotensina – proteína que é vasodilatadora e estimula o crescimento da raiz do cabelo – no folículo piloso.

“É uma solução com lipossomas que atravessa a camada mais superficial do couro cabeludo e direciona a angiotensina para o folículo piloso”, explica Santos. O resultado, segundo ele, aparece, em média, em dois meses, mas é preciso manter o uso continuado da solução.

A grande vantagem em relação ao medicamentos já existentes, segundo Santos, é que o produto mineiro não apresenta efeitos colaterais. (Com AFP)

Hoje

Falhas. “As clínicas especializadas usam, com frequência, cabelo da nuca para implantá-lo nas zonas frontais. O problema é que ele não aumenta o volume total de cabelo”, diz Junji Fukuda. 

 

Solução será produzida em Itaúna

A produção e a comercialização da solução contra a calvície criada pelos pesquisadores da UFMG ficarão por conta da Yeva Cosmétiques, com sede em Itaúna, no Centro Oeste do Estado. A expectativa, segundo o professor e pesquisador Robson Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é que sejam produzidas 100 mil unidades por mês, mas esse número pode sofrer alterações.

Segundo Santos, que é CEO do Labfar, o produto foi desenvolvido há cerca de oito anos na UFMG com investimentos que ultrapassaram os R$ 2 milhões. A patente da solução contra calvície foi transferida para a Alamantec, do grupo Labfar, que repassou a tecnologia para a Yeva cuidar da produção.

Expectativa no Japão. Quanto ao estudo japonês, não há previsão de testes em humanos para os próximos cinco anos. Mas, segundo os cientistas japoneses, um novo tratamento com base na técnica pode estar disponível em dez anos.

A equipe de japoneses está convencida de que a técnica desenvolvida por eles pode ser usada para reconstituir mechas abundantes e ajudar as pessoas com câncer e em quimioterapia, ou que têm doenças que provocam a perda de cabelo. O estudo liderado por Junji Fukuda, da Universidade de Yokohoma, foi publicado no periódico científico “Biomaterials”. (CCh com AFP)

Usado em fast food

O dimetilpolisiloxano – usado pelos cientistas japoneses para estimular o crescimento de folículos capilares – é o mesmo produto químico usado nas batatas fritas da rede de fast food McDonald’s.

O agente químico é acrescentado às batatas do McDonald’s para que, quando são fritas, não façam espuma no óleo. “É muito permeável ao oxigênio e, por isso, o resultado foi muito bom”, explicou o professor Junji Fukuda.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!