Quando você compra uma roupa, já parou pra pensar quem a fez? E em todo processo que ela passou até chegar a seu armário? Sabe quem fez cada costura, cada bordado ou acabamento impecável, até que você a vista e se sinta bem? No meio de tantos escândalos envolvendo grandes marcas que usam trabalho escravo nas produções, no último dia 24 de abril, o movimento Fashion Revolution, criado em Londres, convidou várias marcas e pessoas a perguntaram “quem fez minha roupa?”, engajando um movimento mais ecológico e social da produção e do consumo consciente na indústria na moda. Nas redes sociais, por meio das hagstags #fashrev, #whomademyclothes e #quemfezminhasroupas, várias pessoas postaram o gesto de vestir sua roupa do avesso a fim de obter as respostas das marcas. A estilista Stella McCartney, foi uma delas, inclusive. Em contrapartida, muitas marcas ignoraram, é claro. Outras mostraram os bastidores de sua produção, respondendo, por meio de fotos, as pessoas que participam de todo o processo. Aliás, a moda precisa ser legal para quem compra, mas também para quem produz.W
No Brasil, mais de 12 cidades de diversos Estados participaram da ação. “A ideia é mostrar ao mundo que uma mudança de cenário é possível, por meio da divulgação de pessoas e marcas envolvidas na criação de um futuro mais sustentável e no incentivo a práticas de negócios e cadeias de abastecimento mais transparentes”, explica Fernanda Simon, representante do Fashion Revolution Day no Brasil. Em Belo Horizonte, mais de 200 pessoas compareceram ao evento que divulgou o movimento com marcas também daqui que defendem a ideia. “O resultado foi incrível, bem superior ao que esperávamos. Ficamos muito felizes por essa receptividade da campanha e das melhorias que defendemos”, explicou Bruna Miranda, organizadora do evento Fashion Revolution em BH. Um dos participantes – também pelas redes sociais – foi a Grama Roupas Ecológicas, dos sócios Ana Sudano e Rafael Morais, que, além de levantar a bandeira da sustentabilidade – as peças são feitas com matéria-prima ecológica e tecido orgânico e embaladas em sacos de tecidos reutilizáveis para evitar a produção de lixo – também deixa transparecer todo o seu processo de produção, que conta hoje com parceiros fixos e ONGs de artesãs e que foi mostrado também dentro da campanha do Fashion Revolution. “A ideia é que cada vez mais conseguimos promover essa mudança de vida. É um movimento mais voltado para o olhar social, de quem faz e de quem costura a roupa. A indústria da moda hoje conta com mulheres que se sustentam e tem esse trabalho como fonte de renda. A empresa não existe só para lucrar, mas preza pelo comércio justo”, explica a estilista Ana Sudano.
Foco na transparência
Conhecida por levar suas tramas a grandes marcas, como Água de Coco, Maria Filó e Daslu, a marca cearense Catarina Mina é a pioneira no mercado brasileiro a divulgar em sua loja virtual os custos e os modos de produção. Ao comprar uma bolsa, você fica sabendo de todas as etapas dela: quanto custaram os materiais, quanto ganha a artesã, quanto ganha a costureira, quanto vai para a manutenção da loja física, quanto é usado para o marketing. Uma série de fotos mostra quem está por trás de cada produto, divulgados pela diretora criativa, Celina Hissa.
O que também chegou recentemente ao Brasil foram os cosméticos da Lush, que, além de lutar contra os testes em animais, eles só utilizam ingredientes frescos e naturais, obtidos por comércio justo. Na embalagem, até foto da pessoa que fez o produto faz com que o contato entre produtor e cliente seja ainda mais próximo.