Saúde psicológica

Quando e onde buscar suporte para os males que afligem a mente 

Tratamentos vão da psicanálise às vertentes de terapias


Publicado em 21 de abril de 2014 | 03:00
 
 
 
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Após terminar um namoro de cinco anos, sentir-se insatisfeita na profissão e sofrer um bloqueio de produtividade na reta final do mestrado, a professora Fernanda Dusse entrou em crise. De uma hora pra outra, a belo-horizontina de 26 anos se viu perdendo o controle das próprias emoções. “Não conseguia mais entender o que eu sentia, nem controlar a minha vida”, desabafa Fernanda, que, depois de se aconselhar com uma amiga, decidiu procurar a psicanálise.

Foi experimentando algumas consultas não tão bem-sucedidas que a professora, enfim, encontrou um profissional no qual confiava. “Ele me ouvia e dava conselhos breves, falando coisas muito perspicazes”. Assim, dez meses depois, a sensação, segundo ela, era muito diferente. “Estava me sentindo muito mais segura com as decisões que eu estava tomando e muito mais consciente dos meus sentimentos”, recorda.

Abordagem. “A psicanálise tem como tese central a ideia de que o sofrimento é decorrente de vivências que foram recalcadas e se tornaram inconscientes”, define o psicanalista e professor de psicologia Jacques Akerman, 53. Segundo ele, quando há um nível de sofrimento que interfere no cotidiano, é imprescindível que a pessoa procure tratamento. Assim, “todo mundo que não se sente bem na própria pele deve procurar uma psicanálise”.

Criada por Sigmund Freud no final do século XIX, a psicanálise é uma das formas de tratamento para os incômodos da mente. A partir do pressuposto que o homem não é apenas um ser racional, essa corrente acredita que o indivíduo é influenciado por impulsos irracionais, que se manifestam no inconsciente. Para a psicanálise, a mente se divide em ego (consciente, local do raciocínio, responsável pelas operações lógicas), superego (que retém as memórias e as regras sociais que pressionam o ego) e inconsciente (id, repositório de impulsos, desejos, medos e recalques, que não obedecem à lei ou à moral).

Objeto. Baseada na livre associação e nos encontros entre paciente e analista, que busca desvendar o que está escondido no inconsciente do interlocutor, a psicanálise ficou marcada por um de seus métodos mais conhecidos: o divã. Já a psicologia clínica, como é o caso da terapia cognitivo-comportamental, pretende não necessariamente revelar o que está escondido sob a superfície, nem coloca o especialista nesse papel praticamente invisível.

“A diferença entre essas duas vertentes é o objeto. Enquanto na psicanálise o inconsciente é o ponto central, o método cognitivo-comportamental trabalha com a interação entre a pessoa e o ambiente em que ela vive”, diz o psicólogo e mestre em análise do comportamento, Gustavo Teixeira.

Ele explica que, além de trabalhar face a face com o paciente, o terapeuta comportamental busca delinear, a partir das descrições do paciente, sua história e relações. “Ela busca sensibilizar o paciente de como ele é afetado pelo mundo, para que, assim, possa criar estratégias mais afetivas de enfrentamento”, conclui.

Diversas formas de tratamento

Comportamental.  Para essa corrente, somos o resultado de onde vivemos e daquilo que aprendemos. Logo, sua abordagem baseia-se em dois conceitos: estímulo e resposta.

Humanista. Vê o ser humano como um todo, fundado nas possibilidades e na criatividade. Ou seja, cada pessoa possui em si as forças necessárias para se realizar, sendo limitado pelos acontecimentos externos. 

Existencial. Leva o paciente a encontrar um significado para a própria existência. Segundo Irvin Yalom, os conflitos se desenvolvem a partir de quatro fatos: o medo da morte, a liberdade e a responsabilidade decorrente disso, o isolamento existencial e a aparente falta de significado da existência.

Gestalt. Como a humanista, a Gestalt (“forma”, em português), acredita que é preciso entender o todo para que as partes sejam decifradas. Ela tenta afastar a pessoa da situação em que está, levando-a enxergar o todo.


No divã

Revelação. O paciente, deitado sobre o sofá e de costas para o psicanalista (que pouco interfere no discurso), vai, através de sua fala, desvendando aos poucos o que está oculto sob o inconsciente.

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