Coração

Anti-inflamatório pode reduzir risco de ataques cardíacos

Estudo apresentado em congresso na Europa deixa cardiologistas otimistas


Publicado em 29 de agosto de 2017 | 03:00
 
 
 
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Um novo estudo sugere que o uso de remédios anti-inflamatórios pode reduzir o risco de ataques cardíacos e derrames. Ele foi apresentado, no Congresso Mundial de Cardiologia, que acontece em Barcelona, e gerou bastante otimismo nos pesquisadores presentes. Especialistas acreditam que os resultados representam um grande avanço para o tratamento de doenças cardiovasculares.

Segundo os autores do trabalho, trata-se do maior avanço no tratamento de doenças cardíacas desde o uso de estatinas para reduzir o colesterol.

O estudo foi encomendado pelo laboratório Novartis, que é fabricante da droga canaquinumabe, e testado com 10 mil pacientes cardíacos em 40 países.

O uso da droga teria resultado em uma redução de 15% no risco de novos ataques cardíacos, mas há questões envolvendo custos, eficiência e efeitos colaterais. Algumas pessoas que usaram o medicamento tiveram risco aumentado de contrair infecções fatais, por exemplo.

A cardiologista Tânia Martinez, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, analisa o estudo como um avanço. “Ele apresentou resultados bastantes satisfatórios e mostrou que a redução de inflamações diminui os riscos de acidentes cardíacos”, comemorou.

A cardiologista acredita que o ganho pode ser maior do que os riscos de infecções fatais apresentados no novo estudo. “Podemos fazer analogia com a aspirina. Sabe-se que há risco de sangramento estomacal com o uso da droga, que também traz inúmeros benefícios”, explica.

A cardiologista conta que, antes desse estudo, o mais completo e substancioso que se tinha até então era o Jupiter, que mostrava que a redução de colesterol ruim (LDL) diminui o risco de ataques cardíacos. Depois do Júpiter, pacientes que sofreram ataques cardíacos recebem estatinas e drogas para afinar o sangue e reduzir o risco de novos incidentes.

Nova era. No estudo da Novartis, porém, 10 mil pacientes que tinham sofrido ataques foram tratados com o anti-inflamatório uma vez a cada três meses. Eles foram monitorados por até quatro anos, e os pesquisadores constataram reduções no risco de ataques e derrames “muito maiores” do que nos tratados com estatinas.

Ataques cardíacos ocorrem quando o fluxo de sangue para o coração é interrompido. Para alguns especialistas, há uma possível ligação com inflamações em certos vasos sanguíneos. “É um marco em uma longa jornada da medicina preventiva. Abrimos uma porta para uma nova droga, uma nova arma contra os incidentes cardíaco”, diz Tânia. (Com agências)

Origem. O remédio canaquinumabe foi criado inicialmente para tratar pacientes com artrite reumática.

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