Pesquisa

Caneta consegue identificar câncer em apenas dez segundos

Dispositivo coleta espécie de “impressão digital de célula doente


Publicado em 12 de setembro de 2017 | 03:00
 
 
 
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WASHINGTON, EUA. Cientistas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, criaram uma caneta que consegue identificar células cancerígenas em dez segundos. O dispositivo portátil, de acordo com o estudo publicado na revista científica “Science Translational Medicine”, permite que a cirurgia para a retirada seja feita de forma mais rápida, segura e precisa. Os cientistas esperam que a tecnologia seja mais uma ferramenta à disposição dos médicos para evitar a reincidência do câncer.

A caneta, chamada de “MasSpec Pen”, aproveita-se do metabolismo singular das células cancerígenas. A química interna dessas células, que crescem e se espalham muito rápido, é muito diferente da de um tecido saudável. A caneta toca em um tecido cancerígeno e libera uma minúscula gotícula de água. As substâncias químicas presentes nas células vivas se movem, então, para a gotícula, que é sugada de novo.

Em seguida, a caneta é conectada a um espectrômetro de massa – aparelho que mede a massa de milhares de substâncias químicas por segundo. O resultado é um tipo de “impressão digital química”, de um tecido saudável ou de um tumor.

Esse é maior desafio dos cirurgiões: descobrir a fronteira entre um câncer e um tecido normal. Retirar apenas uma parte do tecido pode fazer com que as células cancerosas remanescentes deem origem a um novo tumor. Mas remover muito tecido pode causar graves danos.

Além disso, em geral, um patologista precisa de 30 minutos ou mais para preparar uma amostra e determinar se esta é cancerosa ou não, o que aumenta o risco de infecção.

A caneta, por si só, é barata, mas o espectrômetro de massa é caro e volumoso. Atualmente, ela tem capacidade para analisar um pedaço de tecido de 1,5 mm de diâmetro. Mas os pesquisadores já desenvolveram canetas que podem examinar 0,6 mm.

Uso. Os pesquisadores estimam que começarão a testar a caneta em 2018 em cirurgias para retirar tumores. Eles já pediram a patente da tecnologia e de sua aplicação nos EUA.

Simplicidade. Em entrevista à BBC, Livia Eberlin, professora-assistente de química na Universidade do Texas, em Austin, disse: “A ferramenta é, ao mesmo tempo, sofisticada e simples. E vai poder ser usada pelos cirurgiões em breve”, afirmou.

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