Sexo

Estados Unidos aprovam novo 'Viagra feminino'

Medicamento deve ser aplicado via injeção cerca de 45 minutos antes da relação


Publicado em 25 de junho de 2019 | 03:00
 
 
 
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A história do Viagra é antiga: a pílula azul que ajuda na performance sexual dos homens tem mais de 20 anos e já é parte do imaginário de muita gente. Existe, no entanto, um “Viagra feminino” à altura? Na última sexta-feira, a Food and Drug Administration (FDA), agência dos EUA que regulamenta medicamentos, aprovou uma nova droga que pode aumentar – ou ajudar a recuperar – a libido das mulheres.

O Vyleesi é o nome comercial do bremelanotide, remédio desenvolvido para despertar o desejo sexual de mulheres na pré-menopausa. Ele é recomendado para quem tem transtorno do desejo sexual hipoativo, ou seja, falta de vontade de fazer sexo sem explicação aparente. É um dos motivos pelo qual é diferente do Viagra, que não age sobre o desejo, mas apenas sobre a dilatação dos vasos sanguíneos do pênis, o que leva a ereções. A forma de utilização também é outra: em vez de pílula, o Vyleesi é administrado via injeção aplicada pela própria pessoa na coxa ou no abdômen 45 minutos antes da relação sexual.

A possibilidade de aplicação pouco tempo antes do sexo é um dos diferenciais anunciados pelo Vyleesi, que não é o único remédio que ficou conhecido como “Viagra feminino” nos Estados Unidos. O Addyi, consumido na forma de pílulas, foi aprovado em 2015 pelo FDA, mas tem algumas limitações: precisa ser ingerido diariamente e impede a ingestão de bebida alcoólica – obstáculos que o Vyleesi não apresenta.

O novo medicamento ativa os receptores das melanocortinas, hormônios associados à libido que podem comprometê-la se estiverem desequilibrados. Mas o próprio FDA alerta que os mecanismos ainda não estão claros. O efeito colateral mais comum são as náuseas, relatadas por 40% das mulheres testadas. O FDA também recomenda que o remédio não seja utilizado mais de uma vez por dia ou oito vezes por mês. Além disso, o órgão lembra que a injeção não melhora a performance sexual em si.

Carmita Abdo, psiquiatra especialista em sexualidade e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, explica que medicamentos como esse podem ajudar mulheres com dificuldades sexuais relacionadas a fatores hormonais, por exemplo. Mas não são a solução para quem perde a libido por motivos psicológicos. “Muitas mulheres têm dificuldade não de ordem física, neurológica, mas de base relacional. Têm dificuldade no relacionamento ou com determinada parceria, e isso independe de medicação. A falta de interesse sexual feminino é multifatorial, então, às vezes, é necessário combinar vários procedimentos, como medicação para os problemas físicos e uma terapia”.

No Brasil, Addyi e Vyleesi ainda não estão registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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