Diagnóstico

Exame se mostra eficaz para revelar anticorpos do zika vírus

Pesquisadores dizem que método deve custar de R$ 10 a R$ 15 e estará disponível neste ano


Publicado em 10 de março de 2018 | 03:00
 
 
 
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SÃO PAULO. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) desenvolveu um teste capaz de detectar anticorpos específicos do zika vírus em amostras de soro sanguíneo e baixo risco de reação cruzada com microrganismos parentes do zika. O objetivo é incluir esse teste entre os exames de pré-natal, para que as gestantes que não tenham sido infectadas possam se prevenir usando repelente e evitando viajar para áreas de risco. O teste deve chegar ao mercado ainda neste ano, segundo a Agência Brasil, e deve custar em torno de R$ 10 a R$ 12 por paciente.

“O teste sorológico para detecção de anticorpos do tipo IgG (imunoglobulina G), que são aqueles que permanecem no organismo durante muitos anos após a infecção, está em fase final de desenvolvimento”, disse a coordenadora do projeto, Danielle Bruna Leal de Oliveira, pesquisadora do Laboratório de Virologia Clínica e Molecular do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e coordenadora do projeto.

Segundo a Fapesp, desde que foi criada a Rede de Pesquisa sobre zika vírus em São Paulo (Rede Zika), em 2016, esse tipo de método diagnóstico tem sido apontado como uma das prioridades na área. Os cientistas dizem que o método é essencial para responder a várias questões estratégicas para qualquer plano de ação contra a doença, especificando com mais precisão os casos, a porcentagem de gestantes no grupo de infectados e quantas mulheres correm o risco de ter filhos com problemas neurológicos decorrentes da infecção congênita.

Segundo Danielle, os exames para diagnóstico existentes atualmente só funcionam na fase aguda de infecção ou apenas detectam anticorpos contra o zika com baixa especificidade. “Os testes sorológicos hoje no mercado têm especificidade entre 69% e 75%, ou seja, há pelo menos 25% de chance de o resultado ser falso positivo, caso o paciente já tenha sido infectado pelo vírus da dengue no passado. Já o nosso teste tem especificidade de 93% para o zika”, disse.

De acordo com a pesquisadora, uma das dificuldades para detecção do vírus é a de que a proteína usada no exame é muito parecida com a existente na dengue e na febre amarela, entre outras. “Para resolver esse problema, nós usamos uma versão editada da proteína, ou seja, foi selecionado apenas o trecho da molécula que é mais específico para o zika”, disse.

 

Britânicos investem em vacina

LONDRES, Reino Unido. Um projeto do governo britânico, com orçamento de 4,7 milhões de libras esterlinas (o equivalente a cerca de R$ 21 milhões) se propõe a realizar ensaios clínicos ao longo dos próximos três anos com o objetivo de desenvolver uma vacina para proteger mulheres do zika vírus e que possa ser aplicada em gestantes.

Financiado pelo Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido, o projeto vai demandar uma série de pesquisas colaborativas. Os estudos serão liderados pela Universidade de Liverpool, com o apoio da Universidade de Manchester e do Public Health England, a entidade de saúde pública da Inglaterra.

As grávidas continuam a ser a população com maior risco de uma infecção pelo zika vírus, devido às graves consequências pelas quais podem passar os bebês. No entanto, nenhuma vacina ou tratamento aprovado está atualmente disponível.

Para o professor Neil French, um dos responsáveis pelo estudo, o principal objetivo do trabalho é entregar vacinas e tratamentos que vençam as doenças infecciosas mais significativas no mundo.

“Embora o atual surto de zika tenha desacelerado, continua a existir um risco significativo de anormalidade fetal quando as mães grávidas se contaminam, e a mudança climática aumenta a possibilidade de grandes epidemias ocorrerem em partes anteriormente não afetadas do mundo”, disse French.

Redução de casos no Amazonas

Balanço. Casos de dengue, febre chikungunya e vírus zika tiveram uma redução de 65% nos primeiros dois meses de 2018, de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), segundo divulgado em um Boletim Epidemiológico de Monitoramento.

Registro. No mesmo período de 2017, 2.796 casos foram registrados, contra 962 em 2018 no Estado. Para a chikugunya, a redução foi de 91% dos casos: 20 foram notificados em 2018, contra 240 em 2017. Em se tratando do zika vírus, a redução foi de 67%, 38 casos em 2018 contra 117 em 2017.

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