Desde a infância, o educador físico Igor Moraes, 25, é chamado por apelidos como “chassi de grilo”, “magrelo” e “palito”. Com um biótipo característico das pessoas chamadas “magras de ruins” – que, geralmente, por terem um metabolismo mais acelerado, comem de tudo e não engordam de jeito nenhum –, Igor não se considera um “sortudo”.

“Eu pratico esporte desde os 12 anos, e ganhar peso sempre foi minha maior luta, porque preciso ter reserva de energia para manter a performance”, conta.

“Já tentei de tudo, inclusive uma dieta rica em calorias: pizza, hambúrguer, refrigerante. Mas nada disso faz efeito no longo prazo”, diz o educador físico, que hoje pesa 62,5 kg, mas tem que chegar aos 66 kg.

Quem compartilha do mesmo drama é a maquiadora Kelly Quirino, 29. “Preciso engordar para ficar com o peso ideal com base na minha altura, mas não consigo. Há dias que como o dobro de comida do meu marido... E nada. Já fiz uma dieta supercalórica por um mês e, quando voltei à nutricionista, tinha perdido um quilo”, afirma.

Tanto Igor quanto Kelly garantem ter realizado diversos exames, mas nenhum problema de saúde foi identificado. Segundo o médico João Paulo Cimini, especialista em metabolismo, o maior motivo para que pessoas como eles permaneçam magras está no próprio organismo: o metabolismo acelerado.

“Pessoas assim queimam mais calorias do que a média para manter as funções do corpo, como respirar, garantir o funcionamento dos órgãos e pensar, o que possibilita comer uma quantidade maior de alimentos sem armazenar gordura no corpo”, explica.

Outro fator (secundário) que influencia a definição do gasto calórico é a genética. “Se o pai e a mãe são magros, comem de tudo e não engordam, a tendência é que o corpo do filho já nasça programado para gastar mais calorias ao realizar cada atividade”, esclarece Cimini.

Engordar com saúde

De acordo com o nutrólogo Bruno Sander, seja para engordar ou emagrecer, o processo deve ser feito com um profissional de nutrição. “O peso deve ser medido de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC). Ele serve para avaliar o peso da pessoa em relação à sua altura e, assim, indicar se está dentro do peso ideal, acima ou abaixo do peso desejado”, diz.

A saída, então, está na junção de alimentação balanceada e atividade física que não queime tantas calorias, como a musculação. Esse é o caso de Igor e Kelly. “Minha dieta foi modificada, e estou proibida de fazer exercícios aeróbicos, apenas malhar”, relata ela. E Igor, além de malhar todos os dias, faz uso de suplementos alimentares.

 

Na maioria das vezes, não há falta de saúde

A chamada “magreza natural”, na maior parte das vezes, não é sinônimo de falta de saúde, ao contrário do excesso de peso. “Dificilmente, uma pessoa naturalmente magra e com o metabolismo acelerado vai apresentar algum problema. O máximo que ela terá que fazer é chegar ao peso ideal de acordo com o ICM. Já o sobrepeso e a obesidade nos conectam, mais facilmente, a doenças”, pontua o nutrólogo Bruno Sander.

Caso ocorram, os problemas de saúde não costumam ser graves, afirma a nutricionista Vanessa Queiroz. “O baixo peso pode provocar perda de cabelo, queda de rendimento e baixa imunidade, que podem ser resolvidos”, diz.

No caso dos idosos, o cuidado deve ser maior. “Com o passar do tempo, ocorrem perdas muscular e óssea. Elas são mais comuns na menopausa e na andropausa, uma vez que os hormônios – especialmente a testosterona, que também é produzida por mulheres – são fundamentais para o ganho e a manutenção da massa magra. O ideal, portanto, é a prevenção”, orienta Vanessa.