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No futuro, paciente terá o controle do próprio tratamento

Smartphones, aplicativos e sensores irão auxiliar a medicina


Publicado em 09 de janeiro de 2015 | 04:00
 
 
 
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Nova York, EUA. O dr. Eric Topol e eu parecemos fazer medicina em planetas diferentes. Por isso vou lendo meio boquiaberta, embasbacada com essa missiva enviada de uma terra distante, cuja atmosfera, leis da física e habitantes não têm qualquer semelhança com os desta.
 

Topol é cardiologista do Instituto de Ciência Translacional Scripps em La Jolla, na Califórnia, onde ocupa o cargo de professor de medicina inovadora, o que já diz tudo: como um fundamentalista religioso diante do Apocalipse, ele prega o fim da medicina conforme a conhecemos e o surgimento de um tratamento rigoroso, digitalizado, preciso e economicamente viável.

O livro anterior de Topol, “The Creative Destruction of Medicine” (A Destruição Criativa da Medicina, em tradução livre), de 2012, descreve as ferramentas desse novo mundo, incluindo análise genômica, sensores de smartphone e bancos de dados. Já seu último livro, “The Patient Will See You Now” (O Paciente Irá Recebê-lo), fornece mais detalhes sobre tudo isso, recapitulando basicamente todos os avanços futuristas da medicina ao longo da última década. A principal tese de Topol é a de que os velhos tempos do “quem manda é o médico” ficaram no passado. Os doutores não terão mais o controle dos dados médicos, nem dos tratamentos ou dos lucros. Em vez disso, graças aos avanços mais recentes da medicina, a humanidade finalmente vai ter acesso a tratamentos verdadeiramente democráticos.

Entre as mudanças mais importantes, Topol sugere que, em breve, não haverá mais a necessidade de consultas ofensivas e difíceis. Smartphones com os aplicativos e aparelhos certos substituirão com tranquilidade a análise, explicação e transmissão de todos os dados fisiológicos para os médicos, geralmente sem a necessidade da presença física do paciente – Topol não utiliza estetoscópios há anos, substituindo-os por ferramentas eletrônicas muito mais precisas.

Eventualmente, diz ele, sensores eletrônicos colocados na corrente sanguínea acompanhariam os dados em tempo real. Assim, ataques cardíacos, diabetes e até câncer poderão ser evitados antes que aconteçam.

Hospitais podem desaparecer

Nova York
. Ainda segundo o livro do dr. Eric Topol, no futuro, não haverá mais hospitais, esses anacronismos caros e infestados de doenças. “O quarto de hospital do futuro será o quarto de casa”, prevê. “Recebendo seus dados nos seus próprios aparelhos. Sob o seu controle”, completa.

Segundo Topol, os médicos não terão mais dificuldades de esclarecer doenças e sintomas com inúmeros exames. Além disso, o paciente pode muito bem ser o responsável pelo diagnóstico e então apresentá-lo ao médico, já que todas as informações estarão disponíveis.

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