Combate

Tatuagem biomédica alerta sinal precoce de câncer, indica estudo

Implante experimental escurece como pinta quando detecta alterações


Publicado em 20 de abril de 2018 | 03:00
 
 
 
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TAMPA, EUA. Cientistas suíços desenvolveram um implante experimental de pele que escurece como uma pinta quando detecta mudanças sutis no corpo que podem ser um sinal precoce de câncer, segundo um estudo divulgado na última quarta-feira. 

O implante, ou “tatuagem biomédica”, como vem sendo chamado pelos pesquisadores, foi testado em animais de laboratório, dura cerca de um ano e reconhece os quatro tipos mais comuns de câncer: próstata, pulmão, cólon e mama. 

Ele age reagindo ao nível de cálcio no sangue, que aumenta quando um tumor está se desenvolvendo. Cerca de 40% dos cânceres poderiam, teoricamente, ser detectados dessa maneira, disseram os pesquisadores. 

“A tatuagem biomédica detecta todos os cânceres hipercalcêmicos em um estágio muito precoce e assintomático”, disse à AFP por e-mail o autor principal do implante, Martin Fussenegger, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique. 

“Se os níveis de cálcio no sangue permanecerem altos durante períodos longos de tempo, o sensor de cálcio nas células da tatuagem biomédica produz uma enzima, a tirosinase, que converte o aminoácido no pigmento escuro da pele, a melanina”, explicou o pesquisador. 

Segundo Fussenegger, o usuário deve procurar um médico se observar que o ponto escureceu, para esclarecer o motivo da mudança e determinar se é necessário tratamento. 

“A detecção precoce aumenta significativamente a chance de sobrevivência”, acrescentou. 

“Atualmente, as pessoas geralmente vão ao médico apenas quando o tumor começa a causar problemas. Infelizmente, a essa altura, muitas vezes é tarde demais”, disse. 

O implante foi testado em camundongos com tumores cancerígenos que causam hipercalcemia ou tumores que não afetam os níveis de cálcio no sangue. 

Durante um experimento de 38 dias, as tatuagens apareceram apenas na pele dos camundongos hipercalcêmicos antes que os sintomas da doença surgissem. 

Um artigo descrevendo o protótipo foi publicado na revista científica “Science Translational Medicine”. Fussenegger ressaltou, no entanto, que são necessárias mais pesquisas e um novo financiamento para realizar testes clínicos com a tatuagem biomédica em seres humanos. “Esse processo poderia demorar uma década”, estimou o pesquisador.

Estatíticas. Segundo o Inca, estimativas mostram que, em 2012, ocorreram 14,1 milhões de casos novos de câncer e 8,2 milhões de mortes pela doença em todo o mundo.

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