Italiano de Nápoles, o engenheiro Antonio Filosa, 46, comanda as operações da Fiat Chrysler Automóveis para América Latina desde maio do ano passado. Ele está no grupo Fiat há mais de 20 anos e, nesse período, ocupou cargos na Espanha, Estados Unidos, Itália e, mais recentemente, na Argentina, como presidente da montadora naquele país.
Em entrevista exclusiva para o Super Motor, Filosa contou sobre os investimentos e os planos da FCA para o Brasil e, especificamente, para da fábrica da Fiat, em Betim, na região metropolitana de BH.
1. Quais são os planos da FCA para os próximos anos? Desta vez é chegado o momento de os mineiros terem um SUV localmente produzido?
Filosa: Sim, mas é importante entender a estratégia por trás dos investimentos que estamos fazendo na América Latina (R$ 16 bilhões até 2024, sendo R$ 8,5 bilhões no Polo Automotivo de Betim). Até 2024, vamos lançar cerca de 25 produtos, entre reestilizações, os conhecidos “facelift”, e veículos totalmente novos. Dentro dessa proposta, sabemos que a preferência dos clientes pelos SUVs é cada vez maior, então vamos lançar, ao longo de 2021, dois novos produtos nesse segmento com o logotipo da Fiat na dianteira e fabricados em Minas Gerais.
2. É possível antecipar algum detalhe sobre esses dois novos SUVs feitos em Betim?
Filosa: Posso dizer que os projetos estão em fase de desenvolvimento e uma grande e integrada equipe está dedicada a construir dois produtos que serão, como seus pares fabricados em Pernambuco, muito bem-sucedidos no mercado. A hora é esta. A Jeep tem total propriedade quando o assunto são os utilitários-esportivos, tem este DNA na marca e com toda esta competência vamos unir este reconhecido know- how com alguns dos muitos atributos que destacam a marca Fiat.
3. O que esperar como grandes diferenciais desses novos SUVs em relação ao que existe no mercado?
Filosa: Alguns de vocês conhecem a expressão usada pela Jeep, que é o “Jeepness”, o diferencial de ser Jeep. Então, vamos ter SUVs da Fiat com “Fiatness”, que é o diferencial de ser Fiat. Na verdade, o que esses novos utilitários-esportivos terão de marcante é o design italiano. Estamos trabalhando muito com o Centro de Estilo em Turim, na Itália, para receber diretrizes de design muito claras. Além disso, inauguramos um novo Design Center dentro da fábrica em Betim na última semana, o maior da América Latina e um dos quatro que temos no mundo, que claramente tem essa missão, esse viés ítalo-brasileiro para projetar os carros da Fiat.
4. Sobre a nova fábrica de motores que será construída dentro do Polo Automotivo de Betim, o que pode se esperar dela?
Filosa: O Programa Rota 2030, o novo marco regulatório pelo qual a indústria automobilística passou a se orientar desde o fim do ano passado, tem como uma das premissas a eficiência energética, alinhada aos países mais desenvolvidos do mundo. Para fazer isso, algumas opções tecnológicas têm que ser percorridas, entre elas motores de alta eficiência e combinem com o desejo do público, que é de ter motor turbo. E vamos fazer isso. Vamos fabricar três novos motores turbo em Betim.
5. No último Salão de Genebra, na Suíça, que aconteceu em março deste ano, a FCA mostrou ao mundo seus dois primeiros produtos eletrificados, os SUVs Jeep Compass e Renegade, ambos movidos por um motor 1.3 turbo e que usam a tecnologia híbrida, mas não com a regeneração da bateria e sim com alimentação na corrente elétrica, o conhecido sistema plug-in. Serão por esses os produtos que a FCA começará o processo de eletrificação de seus automóveis também no Brasil?
Filosa: A resposta a essa pergunta é mais complexa. Neste momento, posso garantir que muitos estudos estão sendo feitos nesse sentido. Em junho de 2018, quando ainda estava vivo nosso então CEO global Sergio Marchionne, foi anunciado um investimento em que cabe a parte da Latam, de R$ 16 bilhões, de um total de 40 bilhões de euros até 2024. Dentro desse total, uma fatia importante será dedicada a três novas missões tecnológicas: os automóveis autônomos, a parte de serviços conectados e, por fim, a eletrificação. É importante lembrar que o mercado mundial de automóveis vai bater a produção de 100 milhões de unidades por ano. Quando você fala disso, é impossível falar de um só modelo de powertrain, de matriz energética. A carteira de possibilidade é muito maior, porque a escala é mais ampla. Então, claramente teremos cada vez mais veículos elétricos nas ruas, mas também os movidos a combustíveis fósseis ainda, a etanol, e teremos evoluções futuras como a célula de hidrogênio, por exemplo, e a FCA já está percorrendo basicamente por todas elas.
* Quer ficar bem informado sobre as notícias automotivas? Então, siga a gente pelo Instagram @supermotoroficial e nos acompanhe pelas ondas da rádio Super 91.7 FM, de segunda a sexta-feira, em dois horários, as 9h30 e as 18h30. O caderno circula todas as sextas-feiras nos jornais O Tempo e Super Notícia.