Quem quer um Fiat Argo com motor 1.8 tem duas opções de acabamento: a Precision, de aspecto mais conservador, e a HGT, com visual esportivo, garantido pelas rodas de liga leve diamantadas de 16 polegadas, spoilers, molduras plásticas nos paralamas e faróis com máscaras negras.
Tirando esses detalhes, a lista de equipamentos é, a grosso modo, equivalente: ambas as versões vêm de série com ar-condicionado, direção elétrica, vidros, travas e retrovisores elétricos, sistema start-stop, monitoramento da pressão dos pneus, sistema multimídia com tela tátil de 7 polegadas, compatível com os sistemas Apple Car Play e Android Auto e com duas entradas USB, volante multifuncional regulável em altura e profundidade, faróis de neblina e luzes de posição em LEDs. Entre os itens de segurança, os dois trazem controles eletrônicos de estabilidade e tração, ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas, airbags frontais e freios ABS.
As particularidades do Argo HGT fazem com que ele seja R$ 2.800 mais caro que o Precision. Vai do gosto do interessado pagá-las, já que a parte mecânica também não traz grandes alterações: apenas a suspensão tem uma calibragem diferente – mais macia no Precision e mais rígida no HGT, para melhorar a estabilidade –, embora a arquitetura seja, essencialmente, a mesma, com conjuntos do tipo McPherson na dianteira e por eixo de torção na traseira.
O motor não muda: é o conhecido 1.8 16V da família E.torQ, já com as atualizações que estrearam na picape Toro, que incluem variação de tempo de abertura das válvulas e coletor de admissão variável. Esses recursos elevaram a potência para 139 cv com etanol e 135 cv com gasolina, e o torque, para 19,3 kgfm com o combustível vegetal e para 18,8 kgfm com o derivado do petróleo. A transmissão pode ser manual de cinco marchas ou automática de seis em ambas as versões de acabamento.
Por dentro
No interior, as exclusividades do Argo HGT se resumem à tela de sete polegadas entre os mostradores (opcional no Precision) e à cor preta do forro do teto. O esportivo da linha traz ainda um aplique vermelho no painel, que causou polêmica durante a avaliação: alguns gostaram, outros detestaram. Os materiais de acabamento são os mesmos, com plásticos texturizados no painel e nos forros das portas, como é de praxe no segmento. O padrão de montagem é bom, com encaixes precisos e sem rebarbas.
Os bancos dianteiros são os mesmos das demais versões; muda apenas o material de revestimento. Eles não têm abas laterais generosas, para segurar o tronco em curvas, como convém a um esportivo, mas acomodam bem a coluna. No traseiro, o assento é curto, deixando as coxas sem apoio. Por outro lado, há encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos os ocupantes.
Para um hatch compacto, o espaço interno é bom: quatro adultos sentam-se sem aperto. De quebra, há boa quantidade de porta-objetos a bordo. O porta-malas também tem boa capacidade para o porte do carro: segundo a Fiat, são 300 L de volume.
Dirigibilidade é agradável, mas sem esportividade
Quem dirige o Argo HGT logo nota que seu apelo é muito mais visual do que comportamental. O motor 1.8 assegura bom desempenho, mas está longe de transmitir esportividade, principalmente em baixas rotações: apesar de as atualizações aplicadas ao propulsor terem foco na distribuição de torque, é bem nítido que ele ganha força mesmo a partir de 3.000 rpm. Em faixas de rotação mais elevadas, a performance é boa, mas ainda não chega a empolgar. Os freios com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira (como no Precision) são eficientes, mas também não chegam a se destacar no segmento.
Por outro lado, a estabilidade é muito boa, o que evidencia o trabalho feito pela Fiat na versão top de linha. Mesmo em curvas fechadas, tomadas em velocidades mais altas que a recomendável, o hatch se mantém firme e seguro. Outra vantagem é que o enrijecimento da suspensão não tornou o rodar desconfortável, pelo contrário: o sistema absorve bem as imperfeições do solo.
O Argo HGT avaliado pelo Super Motor estava equipado com câmbio manual. Os engates se mostraram precisos, mas o curso da alavanca é mais longo que o desejável. O escalonamento das marchas é correto. Já a direção elétrica é bastante progressiva e mostra peso correto tanto em manobras quanto em alta velocidade. O volante tem ótima pegada, mas os pedais deslocados para a direita prejudicam a ergonomia.
O consumo do Argo HGT se mostrou razoável: a reportagem aferiu médias de 9,5 km/L na cidade e de 11,7 km/L na estrada, com gasolina.
Muitos itens são opcionais
O Fiat Argo HGT tem preços a partir de R$ 64,6 mil. Porém, esse valor pode chegar a R$ 81,2 mil com todos os equipamentos opcionais, como o veículo avaliado pelo Super Motor, que abria mão apenas da transmissão automática e da pintura metálica. São três pacotes vendidos à parte: o Kit Style, que reúne rodas de liga leve de 17 polegadas diamantadas e bancos revestidos em couro, por R$ 2.500, o Kit Tech, que inclui ar-condicionado digital, retrovisores externos com rebatimento elétrico e retrovisor interno eletrocrômico, chave presencial com botão de partida e sensores de chuva e crepuscular, por R$ 2.800, e o Kit Parking, que agrupa câmera de ré e visualizador gráfico para o sensor de estacionamento, por R$ 1.200. Também é possível adquirir dois airbags laterais por mais R$ 2.500.
Alguns itens, porém, não são oferecidos sequer como opcionais, como é o caso do teto solar (que podia equipar o antecessor Punto) e dos airbags do tipo cortina (disponibilizados no concorrente Ford Fiesta). Por outro lado, o Argo HGT não deve nada em termos de conectividade: a central multimídia pode ser integrada a smartphones por meio dos aplicativos Apple CarPlay ou Android Auto. A resolução da tela é muito boa, ao passo que o sistema é intuitivo e simples de operar.
Ficha técnica
Motor: dianteiro, transversal, 1,747 L, com quatro cilindros em linha e 16 válvulas.
Potência: 135 cv com gasolina e 139 cv com etanol, a 5.750 rpm.
Torque: 18,8 kgfm com gasolina e 19,3 kgfm com etanol, a 3.750 rpm.
Câmbio: manual de cinco marchas.
Suspensão: dianteira independente do tipo McPherson, traseira semi-independente por eixo de torção.
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD.
Dimensões: 4 m de comprimento, 1,75 m de largura, 1,505 m de altura e 2,521 m de distância entre-eixos.
Peso: 1.243 kg.