Internet das coisas

Internet 5G altera as rotinas da população na pioneira Coreia do Sul

Sensores avisam até quando a fralda do bebê está cheia


Publicado em 06 de julho de 2019 | 03:00
 
 
 
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Seul, Coreia do Sul. Em Gangnam, bairro dos endinheirados de Seul, não se veem mais os karaokês típicos da Coreia do Sul. Os jovens se divertem em campeonatos de games em VR (sigla em inglês para realidade virtual) em points no meio da rua, turbinados por conexão em altíssima velocidade na internet. Só o que não mudou foi a trilha sonora: o mesmo K-Pop do pioneiro Psy, autor de “Gangnam Style”.

O hit “Gangnam Style” apresentou ao mundo o K-Pop e, na Coreia, a música de Psy é considerada uma crítica à elite coreana, que adere rapidamente à tecnologia. Desde abril, quando o país se tornou o primeiro a adotar em larga escala a rede 5G de telefonia móvel, com velocidade de conexão 20 vezes maior que a 4G, a tecnologia nunca esteve tão presente nas ruas de Seul.

No metrô, jovens com celular e fones sem fios baixam em dois segundos filmes de duas horas de duração para assistir no trajeto até o trabalho. Afinal, conexão e memória dos celulares não são mais problema.

A rede 5G mudou o lazer e facilita tarefas mais prosaicas, como trocar a fralda do bebê. Além da conexão para a internet como conhecemos – para ver filmes, usar redes sociais ou, até, conversar ao telefone –, o 5G possibilita o uso de objetos conectados. Assim, um sensor na mochila tipo canguru usada para carregar o bebê avisa aos pais que a fralda está cheia.

Em casa, o ar-condicionado é ligado pelo celular. A polícia usa câmeras com visão de 360 graus conectadas à internet. Informações úteis como as condições de clima e trânsito são transmitidas em tempo real e divulgadas em placas de LED pela cidade.

Nas lojas de roupas ou cafeterias, o serviço é via tela inteligente, que recebe os pedidos dos clientes. As atrações turísticas locais, como a escultura em homenagem a “Gangnam Style” “no gesto típico da famosa dança de Psy), trazem painéis interativos com vídeos e informações transmitidas via 5G.

Nos carros conectados, um modelo que deve chegar em breve ao mercado terá nove câmeras e oito telas, todas disponíveis para motoristas e passageiros, que conseguem monitorar tudo pelo celular.

Guerra comercial

A quinta geração da telefonia celular representará um salto para a indústria, pois permite conexão sem atrasos (ou latência, no jargão do setor). E está por trás da guerra tecnológica que opôs Estados Unidos e China nos últimos meses – a ameaça americana de banir a chinesa Huawei teve como pano de fundo a dianteira da empresa nas redes 5G.

A Coreia do Sul saiu na frente. As principais operadoras (KT, SK Telecom e LG UPlus) lançaram a rede 5G há três meses, usando rede da Samsung. “Estamos expandindo e conversando com várias operadoras ao redor do mundo. Na Coreia do Sul, onde já lançamos a rede 5G, os resultados vieram acima das expectativas em termos de venda e da aceitação entre os clientes. Depois da Coreia, está chegando a vez de Estados Unidos, Europa e Austrália”, disse Junehee Lee, vice-presidente de estratégia de tecnologia da Samsung, que evitou comentar sobre a Huawei. “Nossa visão é focada no consumidor e não na concorrência”, cravou.

Primeiras vendas, só no Natal de 2020

Seul. Na Coreia do Sul, a rede 5G começou com 32 mil antenas já instaladas. O Brasil, com território muito maior (8,5 milhões de km², contra apenas 99 mil km² da Coreia do Sul), conta com cerca de 90 mil equipamentos, compara Fabio Moraes, diretor de Estratégia da GSMA (associação global das operadoras de redes móveis). No país asiático, o leilão de frequência do 5G ocorreu no ano passado. Já no Brasil, a previsão é que o certame seja realizado no primeiro trimestre de 2020, com os primeiros smartphones sendo vendidos apenas no Natal.

“O 5G é entendido como disruptivo. Vai trazer mais receita e desenvolvimento para quem detiver essa tecnologia. A Coreia tem como política de Estado a busca pela vanguarda das telecomunicações, com incentivo às empresas”, diz Moraes.

“As coreanas foram as primeiras porque têm ambições industriais apoiadas por seu governo. O objetivo é que a indústria nacional tenha uma vantagem de pioneirismo e crie receitas de exportação”, avalia Bengt Nordström, presidente da consultoria sueca Northstream AB.

Flash

Alcance. A expectativa é que o 5G chegue a dez milhões de usuários no fim deste ano em todo o mundo, de acordo com projeção da Ericsson. Hoje, Coreia do Sul, EUA e Uruguai já contam com a venda de pacotes.

Flash

Corrida. Estudo feito com 145 operadoras mundo afora pela A10 Networks, que desenvolve soluções de rede, revela o apetite global pela nova fase do setor: 67% das teles no mundo pretendem lançar a rede em até 18 meses.

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