Vários fatores explicariam o recente crescimento do número de contaminações por coqueluche. Um deles pode ser a falha da proteção imunológica da população. Isso ocorre porque as características genéticas da doença podem mudar, explica Carla Jorge Machado, professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
De acordo com a especialista, não é possível dizer como ou a que velocidade, mas essas mudanças podem acarretar na perda da imunidade. “(O aumento de casos da doença) não tem necessariamente a ver com a diminuição no número de pessoas vacinadas. Tem mais a ver com as mudanças das características da doença”, explica.
Ela ressalta que, ao longo do tempo, perde-se a imunidade adquirida com a vacina. “Você foi vacinado para uma ‘coisa’ e essa ‘coisa’ agora é diferente”, comenta a professora.
Outro fator a se levar em consideração, segundo Carla, é a questão da qualidade da vigilância para a identificação da doença. Ela afirma que os médicos atualmente têm dificuldades de reconhecer os sintomas.
Essa não é uma situação específica da coqueluche. Doenças como a catapora, o cólera ou a tuberculose voltaram a aparecer. São as chamadas reemergentes, diz a especialista. “Fiquei sabendo até de um caso de escarlatina no Sul de Minas Gerais – que a gente já não escutava falar há muito tempo”, diz. (CB)