Comportamento

Viajar sozinho ganha adeptos 

Empresas se adequam à nova demanda e criam pacotes especiais


Publicado em 27 de maio de 2015 | 03:00
 
 
 
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Nova York, EUA. As férias sempre estiveram ligadas a companhia: a família estreitando seus laços, a lua de mel, viagens com bebês, grupos de mochileiros universitários. Porém, cada vez mais há viajantes solitários – e eles não são quem se poderia esperar.

Cerca de 24% das pessoas viajaram sozinhas em suas últimas férias para o exterior (15% em 2013) de acordo com o Estudo de Intenção de Viagem Global Visa, de 2015, realizado em 25 países pela Millward Brown, uma organização de pesquisa de mercado. Entre os que viajam pela primeira vez, a opção solo é ainda mais popular, saltando de 16% em 2013 para 37%. E enquanto o estereótipo do viajante solitário é o do solteiro, os de hoje têm uma grande probabilidade de serem casados ou comprometidos.

Agora que esses números aumentam, mais empresas de viagens estão de olho no segmento, como por exemplo a Solos Holidays, uma das maiores e mais antigas empresas no Reino Unido, que oferece viagens com guias para turistas sozinhos. Ela existe desde 1982, mas há algumas semanas abriu uma filial norte-americana, a Solos Vacations, que começa a oferecer viagens (para a Itália e o Reino Unido até agora). Viagens com guias em geral estão se tornando mais populares para os que viajam sozinhos, de acordo com a pesquisa do Visa, quase três vezes maior que em 2013.

Quem são esses viajantes solitários? Muitos são solteiros, claro.

“Fiquei surpreso ao descobrir que mais da metade dos adultos norte-americanos é solteira”, disse Andrew Williams, diretor geral da Solos Holidays, empresa que oferece viagens com guias para turistas sozinhos.

Ele se referia à pesquisa que mostra uma alta histórica na porcentagem de norte-americanos adultos que nunca se casaram. Em 2012, um em cada cinco adultos com mais de 25 anos nunca se casou, de acordo com a análise dos dados do censo feita pelo Pew Research Center, em comparação com cerca de um em dez adultos em 1960.

Ao mesmo tempo, vários viajantes solitários são comprometidos. Existem aqueles que viajam sozinhos porque o trabalho do seu parceiro os impede de viajar juntos. Alguns têm passatempos, como o golfe, que não é compartilhado pelo(a) companheiro(a). Outros são cuidadores de um cônjuge ou parceiro com deficiência e fazem uma viagem solitária ocasional quando um membro da família se oferece para ajudar em casa.

“As mulheres são a maioria, e algumas admitem que, depois de tomarem conta de marido e filhos por muitos anos, é bom ter uma experiência solo sem se preocupar com os outros membros da família”, explica Priscilla O’Reilly, porta-voz da Overseas Adventure Travel, que atende pessoas mais velhas.

Cath Cole, 42, que dirige uma empresa de consultoria no Reino Unido e já fez várias viagens pela Solos Vacations para lugares tão variados quanto a Turquia e Northampton, no Reino Unido, viajou sozinha, pela primeira vez com a empresa, para uma semana no sol na República Dominicana, para se livrar do estresse do trabalho.

“Eu estava solteira na época, e nenhum dos meus amigos podia ir comigo. Olhando para trás, a única coisa que eu gostaria de mudar é o meu nervosismo de viajar sozinha pela primeira vez”, conta a empresária.

Como ela, muitos gostam tanto de suas viagens individuais que acabam repetindo a opção. Mais de 80% das pessoas com mais de 45 anos que fizeram uma viagem solo pretendem repetir a dose nos próximos 12 meses, de acordo com a organização sem fins lucrativos Aarp. E entre os viajantes endinheirados, esse número mais que dobrou, mostra a pesquisa do Visa.

Em uma manhã recente, Williams, da Solos Holidays, recebeu uma carta de dois clientes que se conheceram em uma das viagens da sua empresa. Eles escreveram para contar que planejavam se casar. “Pelo visto, perdi dois clientes”, disse ele.

Mas, se as estatísticas de pessoas casadas que viajam sozinhas de vez em quando estiverem corretas, talvez não.

Casado e só

Dados. Entre os norte-americanos de 45 anos ou mais que viajaram sozinhos, quase 53% são casados e 39% são solteiros ou divorciados, de acordo com a organização sem fins lucrativos Aarp.

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