Roberto Azevedo, presidente do Banco Semear – do Grupo Seculus –, um banco mineiro que tem sua sede em Belo Horizonte, fala sobre a linha de negócio, que é o varejo, com uma carteira de mais de 2.000 lojistas. Com presença em quase 800 cidades brasileiras, Azevedo acredita que ainda há muito espaço para crescer. Neste ano, o banco vai chegar a 3.000 pontos de atendimento em todo o país. Mas Roberto quer muito mais. Com 2 milhões de clientes, o presidente do Banco Semear espera chegar a 5 milhões de clientes daqui a 5 anos. A seguir, a entrevista dada a O Tempo.
Como foi o início do grupo?
O Grupo Seculus tem 61 anos e começou com oito irmãos que foram construindo uma série de negócios. O negócio principal ainda é o de relógios e começou nos anos 1970. Em 2001, eles abriram a Seculus Financeira, em 2004 a gente adquiriu o Banco Emblema, em Belo Horizonte, e conseguimos abrir o nosso banco com a junção da Seculus Financeira com o Banco Emblema, em 2006, que é o Banco Semear, que completa 15 anos. Eu sou da segunda geração e tenho a honra de tocar essa operação que nos dá muito orgulho pelo propósito que a gente tem de semear a inclusão financeira.
Como vai ser a expansão? Vocês tinham 2.000 pontos de atendimento. Quero que você explique até um pouco melhor como funciona o Banco Semear, que não é por agência, é por ponto de atendimento, e vocês querem passar para 3.000 pontos. Conta essa estratégia de capilarização do banco?
A principal linha de negócio do Banco Semear é o varejo, é onde a gente atua mais. Temos uma carteira importante, atuamos com mais de 2.000 lojistas, provavelmente vai alcançar 3.000 até o final do ano. Então a gente está no caminho de em cada loja prover o crédito para o cliente. O que fazemos? Para o cliente que precisa comprar sua geladeira, seu fogão, micro-ondas – e chega na loja e não tem, naquele momento, a disponibilidade para fazer o pagamento à vista ou no cartão de crédito não tem limite – a gente providencia esse crédito para ele. Então a gente faz um cadastro rápido da loja, e ele faz crediário ali, aquele antigo carnezinho da loja, só que hoje de uma forma digital, com biometria, uma série de tecnologias que facilitem a jornada desse cliente. A gente atua no mercado que é competitivo e em que poucas instituições trabalham, que é do crédito para quem eu não conheço ainda, um cliente que muitas vezes não tem a bancarização, e no interior é uma grande realidade, e eles precisam do serviço financeiro. Então estamos lá para auxiliar nesse momento, prover esse crédito, permitir que ele leve, que ele consiga aquele sonho de levar a geladeira, o fogão para casa.
O cadastro positivo é bem aplicado nesse tipo de operação do Banco Semear com o comprador da loja?
Antigamente, eu tinha só quem era mau pagador e colocava todo mundo no mesmo balaio. Eu sabia quem não pagava. Quem pagava bem, eu não sabia. E, com o cadastro positivo que está em implementação, a gente pode consultar, respeitando a privacidade. É um benefício, principalmente para quem não aparecia no mercado financeiro. Se a pessoa paga a conta de água todos os meses de forma correta, esse histórico vem para a gente, que vê que ele é um cliente bom pagador, permite que eu possa dar uma taxa melhor para ele, e não colocar todo mundo no mesmo balaio, como acontecia antes.
Temos visto um movimento de outras instituições financeiras de abertura de capital na Bolsa de Valores por meio de IPO, oferta pública inicial. Outras se aliam a fundos de investimento. Como vai ser esse crescimento do Banco Semear para chegar cada vez mais não somente ao interior do Estado, mas ao Brasil inteiro?
Sempre temos muitas oportunidades. A princípio, acreditamos que conseguimos tocar nossa operação pelo nosso próprio esforço, crescendo organicamente. O mercado está sempre buscando alternativas, principalmente no varejo, ele precisa de parceiros que conheçam isso, então a gente se habilita para esse mercado. O grupo tem investido e quer continuar investindo nessa operação para fazer com que ela cresça e, eventualmente, se aparecerem oportunidades que façam sentido para nós, com que possamos seguir outro caminho, mas, a princípio, é um caminho solo, sempre em conjunto com o varejista.
O Banco Semear está em todos os Estados brasileiros?
Estamos em quase 800 cidades no Brasil. É um número pequeno pelo nosso desejo. Estamos em todos os Estados. Tem muito espaço para crescer, muito local desassistido, sem nenhuma estrutura para poder ter serviço financeiro. Estamos montando as parcerias com os varejistas para poder alcançar mais lugares. Esta é a nossa ambição: estar em todos os lugares do Brasil.
Já tem algum plano estratégico, um plano plurianual, digamos assim, para os próximos anos, de quantos pontos de atendimento o banco pode chegar?
Nossa meta é chegar a 3.000 pontos de atendimento até o final de 2021. Do ano passado para agora, estamos crescendo 50%; em relação ao outro ano, nós já crescemos 40% e queremos continuar nesse ritmo de crescimento. Obviamente, precisamos da parceria dos varejistas, nós temos ampliado o segmento. Hoje estamos muito fortes no segmento de eletromóveis, estamos fazendo alguma coisa no agronegócio, com material de construção, então temos ampliado esses segmentos para prover esse crédito para o cliente e permitir esse crescimento acelerado, que temos seguido nesses últimos anos.
Atualmente, o Banco Semear tem 2 milhões de clientes. Dá para cravar algum número assim nos próximos cinco anos de quanto nessa projeção que vocês veem de crescimento de 50% ao ano?
É sempre muito difícil a gente definir isso, mas a gente tem uns sonhos aqui e a gente vai correr atrás desse sonho.
Mas você pode contar esse sonho?
Eu ficaria muito frustrado se a gente chegasse daqui a cinco anos e não tivesse 5 milhões de clientes. Porque é um cliente onde a gente faz o mais difícil: eu dou crédito para esse cliente, eu o ajudo no momento difícil. Não é uma abertura de conta, é um processo muito mais profundo com esse cliente, e a gente quer manter esse relacionamento de forma constante. Eu preciso dessa recorrência com ele, então por isso a gente tem esse sonho que para outros bancos parece um número pequeno, mas para a gente vai ser bem importante.
Qual tem sido o investimento do Banco Semear nos últimos anos?
Por baixo, no ano passado a gente investiu R$ 20 milhões. Este ano um pouco mais do que isso, então a gente tem colocado esse dinheiro pensando numa operação futura, num resultado futuro, que pode ampliar o nosso horizonte, levar mais serviço para o cliente, entregar uma oferta muito melhor. Este é o nosso objetivo. Isso tende a continuar todos os anos. É um investimento contínuo e vai só crescendo, mas faz parte do negócio.