A temporada Minas S/A Inovação tem hoje o décimo episódio, com Ricardo Lima, CEO da CBMM, em todas as plataformas de O TEMPO.
Em parceria com a Toshiba Corporation e a Volkswagen Caminhões e Ônibus, a CBMM vai apresentar no dia 19 de junho ao mercado o primeiro ônibus elétrico do mundo a aplicar a tecnologia de óxidos mistos de nióbio e titânio em baterias de lítio. Esta tecnologia permitirá uma operação de carregamento rápido com maior durabilidade e segurança.
A CBMM fabrica produtos de nióbio em Araxá, Minas Gerais.
O nióbio é usado para dar mais resistência ao aço em baterias, no segmento siderúrgico, em nanomateriais e em outras funções.
Em 2024, os investimentos da CBMM são de R$ 270 milhões em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia sendo R$ 80 milhões na divisão de baterias.
Com capacidade produtiva de 150 mil toneladas de produtos de nióbio por ano, a CBMM espera um crescimento acelerado no setor de baterias nos próximos cinco anos.
A companhia também colocará em operação uma nova planta em seu complexo industrial, com capacidade produtiva de 3.000 toneladas de óxido de nióbio para baterias.
A indústria demandou um investimento de R$ 265 milhões.
Na frente de Novos Negócios, nos últimos cinco anos, a empresa realizou investimentos estratégicos em empresas com tecnologias promissoras para a aceleração da adoção do Nióbio pelo mercado de baterias de íons de lítio, como a Battery Streak, a Echion Technologies e a Skeleton Technologies.
Em 2023, a CBMM aportou cerca de R$ 100 milhões em sua frente de Novos Negócios.
A seguir, a entrevista na íntegra:
HL: Ricardo, tem um monte de novidades a CBMM esse ano, não é? Quero começar primeiro nessa questão das baterias, que parece que é a nova fronteira mesmo e nesse ano sai um monte de produto aí com bateria que tem óxido de nióbio nelas, porque para a bateria tem o óxido de nióbio junto com o titânio, na bateria que é de lítio, e todo mundo está esperando essa inovação sair. O que você pode anunciar de novo nisso?
RL: Felizmente temos avanços sim. Há 1 ano atrás, nós começamos de maneira mais intensa a partir de 2018 um programa dentro da CBMM de desenvolvimento de materiais para trazer uma performance mais alta para baterias. Em meados de 2018, fizemos aí acho que o primeiro grande passo que foi uma assinatura de contrato com a Toshiba, uma empresa japonesa, uma das líderes mundiais na fabricação de baterias, que tem um corpo técnico altamente capacitado, que junto com o nosso corpo técnico começou a desenvolver então uma nova tecnologia. Depois desses anos, né, nós fizemos aí uma série de investimentos, nós temos hoje um laboratório na nossa planta de Araxá/MG dedicado a esses materiais de baterias, fizemos uma planta piloto para fabricação de células lá no Japão, nas instalações da Toshiba, fizemos uma planta piloto em Araxá/MG para fabricação desse material, que a gente chama de material ativo para baterias, e agora, uma vez que essa tecnologia já ficou comprovada do ponto de vista de especificação, de atendimento, de performance, nós já disparamos um primeiro investimento para ter uma planta em escala industrial. O que tem acontecido, né? Desde o ano de 2022, nós já começamos a colocar o óxido de nióbio no mercado para aplicações em baterias. A primeira aplicação não é uma aplicação desse projeto, é uma aplicação para o outro polo, é uma aplicação para o polo positivo das baterias em que a gente consegue trazer uma densidade energética maior através de pequenas adições em nióbio, pequenas que eu digo de 0,3 a 0,5% de nióbio. E essa tecnologia, que é uma tecnologia hoje chamada de NCM, por que NCM? Ela usa níquel, cobalto e manganês. O que se quer nessa tecnologia é aumentar o teor de níquel, que é o que traz a densidade energética, e a gente viu que essa pequena quantidade de nióbio permite subir o teor de níquel, porque estabiliza a estrutura. Esse material nós começamos a vender em 2022, vendemos cerca de 400 toneladas. No ano de 2023 aumentamos mais de 50% o volume de vendas, e esse ano a gente mais do que dobra. Isso tem sido utilizado principalmente para o que chamamos de mobilidade urbana, seriam baterias para bicicletas elétricas, patinetes elétricos, triciclos e, em paralelo, a gente começa a discutir isso para uma aplicação em veículos, o que tem todo um processo de homologação. Então essa é uma parte da história que já é uma realidade comercial. A parte da Toshiba e outros, porque além da Toshiba nós estamos desenvolvendo também com outros parceiros, inclusive algumas empresas startups nas quais nós investimos, agora nós chegamos a um ponto de amadurecimento da tecnologia e nós estamos mandando para o mercado amostras para um processo de homologação, e aí sim para uma aplicação veicular diretamente.
HL: Ou seja, o Governo tem que autorizar primeiro, né, para essa bateria entrar em operação.
RL: E as próprias empresas montadoras, para que atendam as suas especificações, as normas internacionais, isso tudo tem o seu tempo de aprovação, garantindo todas as condições de segurança.
HL: Porque vai ser utilizado em veículos no mundo inteiro, né? Vai ter nióbio de Araxá/MG, óxido de nióbio no mundo inteiro.
RL: E hoje o mercado que está se movendo mais rápido é a Ásia. E hoje o que a gente viu, depois desses anos todos de pesquisa, é que a adição do óxido de nióbio no polo negativo, no ânodo, aí em concentrações bem maiores, concentrações de 70 e até acima de 90%, trazem uma característica muito interessante que é a possibilidade da carga rápida de 10 a 15 minutos. Se for um veículo para passageiros, como um veículo que nós dirigimos com as nossas famílias, é de 10 minutos, um veículo como um ônibus ou como um caminhão para mineração é alguma coisa como 15 minutos, veículos mais pesados, mas isso comparado com a tecnologia atual é um grande avanço, porque a tecnologia que existe hoje, que usa o grafite no polo negativo, ela exige tempos de recarga de 6 a 8 horas, digamos assim. Então você imagina uma grande capital, uma cidade como São Paulo/SP, que hoje os ônibus que são adquiridos pela prefeitura já são ônibus elétricos, porque São Paulo/SP, por todas as suas características, não pode mais ter emissão de CO2 dentro do seu núcleo urbano, esses ônibus hoje já são elétricos, mas eles têm essa tecnologia que exige ficar muitas horas na garagem parados.
HL: Ou seja, o custo-benefício ainda não é viável para um grande volume de unidades.
RL: Você tem que ter um número maior de veículos, né, para poder atender a demanda. Então a nossa aposta é que essa tecnologia vai se aplicar muito bem para esse tipo de uso. Nós estamos agora, no dia 19 de junho, fazendo um primeiro evento nas nossas instalações em Araxá/MG de apresentar no mercado o primeiro veículo construído no mundo com essa tecnologia, e esse é um material desenvolvido em parceria com a Toshiba que é um óxido misto de nióbio e titânio. Então com isso a CBMM vai estar apta a avançar um passo a mais na cadeia, agregando um pouco mais de valor aos seus produtos. Então a atenção que a gente sempre tem é de realmente o máximo que a gente pode dentro da cadeia de suprimento para agregar valor. A CBMM não vende minério, a CBMM não vende concentrado, a CBMM procura ir até o máximo que ela pode para agregar valor. Não é a nossa estratégia ter uma fábrica de baterias, a gente quer abastecer o mercado de baterias e não concorrer com os nossos clientes, mas esse primeiro veículo, no dia 19 de junho vai estar lá, nós estamos fazendo um evento e vamos ter lá várias pessoas presentes, do mundo inteiro, inclusive, para que seja o primeiro showcase. O que se pretende com isso?
HL: É, o que vocês vão mostrar nesse primeiro ônibus elétrico?
RL: Em menos de 15 minutos uma carga de 100% da capacidade dessa bateria. Em condições de segurança, essa tecnologia evita completamente o risco de superaquecimento ou de explosões.
HL: Ah, então não explode?
RL: Não explode e não superaquece, o que é extremamente fundamental hoje, todas as montadoras zelam…
HL: É o que eles alegam, né? Que a bateria tem que demorar mais para carregar, porque senão ela tem o risco de explosão.
RL: Exatamente. E além disso, a tecnologia atual, além dos riscos que tem, se você faz uma carga rápida com mais frequência, a vida útil da bateria é reduzida de maneira significativa. Nessa tecnologia desenvolvida por nós em parceria com a Toshiba isso não acontece. Então nós vamos mostrar isso ao mercado. E qual é a autonomia que se espera para um veículo como esse? Autonomia de cerca de 100 quilômetros. Não é um ônibus interurbano, é um ônibus urbano.
HL: Não é para ir de uma cidade para outra, ele é para andar dentro de uma única cidade.
RL: Imagina aqui em Belo Horizonte/MG ou São Paulo/SP. Com 100 quilômetros de autonomia, o motorista sai do ponto inicial e vai até o ponto final, 100 km são o suficiente para isso. Obviamente que depois de percorrer esse percurso com trânsito, o motorista vai chegar lá, vai ter que tomar uma água, tomar um café, tem ali alguns minutos para descansar, e depois de 15 minutos ele retorna, bateria novamente carregada, 100%.
HL: Já carregou a bateria do ônibus? Em 15 minutos?
RL: Já carregou, em condições de segurança. Ele (motorista) volta novamente a sua posição dentro do ônibus e faz o caminho no sentido contrário.
HL: Isso é o óxido de nióbio que permite esse carregamento tão rápido?
RL: Exatamente. No polo negativo, no chamado ânodo. Então o ônibus vai ficar indo lá para o ponto inicial/final, para 10, 15 minutos, o motorista descansa um pouquinho, volta, e o ônibus fica 24 horas por dia, 7 dias por semana trabalhando dessa forma em condições de segurança, o que vai exigir uma quantidade menor de veículos, ou seja, um investimento menor das prefeituras ou das empresas privadas que prestam serviço.
HL: Não precisa usar diesel também?
RL: Não, é 100% elétrico. Não é híbrido, é 100% elétrico. Zero de emissão de CO2. Então é essa tecnologia que a gente aposta que vai trazer um crescimento para este produto.
HL: Aí esse óxido de nióbio vai ser fabricado em Araxá/MG, onde a CBMM tem a mina e tem a fábrica?
RL: Exatamente. Nós temos tudo no site de Araxá, desde a exploração mineral até expedição, tudo num único site em Araxá.
HL: Essa tecnologia desenvolvida com a Toshiba já está sendo vendida para as montadoras? Quem está fazendo esse ônibus elétrico primeiro, Ricardo?
RL: Esse ônibus quem está fazendo aqui no Brasil é a Volkswagen, a unidade Volkswagen caminhões e ônibus, que tem uma fábrica em Resende, no estado do Rio de Janeiro. Então o Brasil está sendo o primeiro país a construir um veículo com essa tecnologia, parceria CBMM, Toshiba e Volkswagen caminhões e ônibus.
HL: Esse modelo é único no mundo? Não tem outro igual, que carrega a bateria tão rápido assim, em 15 minutos?
RL: É realmente algo inovador. Em condições de segurança, sem destruir a vida útil da bateria, é realmente inovador.
HL: E qual é o investimento que vocês estão fazendo, porque aí não tem exclusividade, não é, para ter que ser só para essa montadora, as outras montadoras também, se elas quiserem comprar, depois que esse ônibus entrar em operação, for apresentado o primeiro deles, vocês vão também poder comercializar com as outras montadoras, como vai ser isso?
RL: Sim, a ideia é que a gente tenha realmente a tecnologia, uma tecnologia que possa ser disseminada pelo mundo para ser largamente utilizada, é uma tecnologia hoje que é detida pela Toshiba, nesse caso específico do óxido de nióbio e titânio. Existem sim projetos com tecnologias que podem também atender determinados propósitos, cada uma tem a sua vantagem e a sua desvantagem, mas que também existem outras tecnologias para o uso do óxido de nióbio com outros elementos no polo negativo.
HL: Me tira uma curiosidade. É uma bateria grande, igual à de carro? Porque carro o pessoal fala que é uma chapa inteira de fora a fora no carro, se estragar um pedaço já era, tem que trocar a chapa toda, ou é uma bateria normal que cabe lá dentro do motor, vocês conseguiram, Toshiba e vocês conseguiram…
RL: Não, veja, como essa bateria tem uma carga rápida, de 10 a 15 minutos a gente carrega, não é necessário que haja uma autonomia muito grande para esse veículo. Se você tiver que ficar 8 horas parado, a autonomia passa a ser uma coisa chave, porque você não pode parar o veículo. Então uma recarga rápida, a gente pode fazer alguma coisa com uma autonomia de 100 Km e é absolutamente adequado para esse fim para qual nós estamos destinando. Com isso o tamanho da bateria e o peso da bateria ficaram muito reduzidos.
HL: O que é um grande desafio nesse mercado, né? Esse tamanho da bateria.
RL: Então essa é uma outra vantagem bastante interessante. Nesse caso do ônibus, o espaço que se tinha dedicado a um tanque de combustível líquido, ele serve perfeitamente para acomodar a bateria, não tem que se fazer toda uma alteração na estrutura, no projeto do veículo.
HL: Em quantidade, dá para saber quanto que vai em cada bateria, de óxido de nióbio? Assim, é coisa de gramas, de miligramas? É uma coisa muito específica, né?
RL: É muito específico, é tipo a tipo, dependendo da autonomia que a gente quer.
HL: É um pózinho milagroso, né? (risos)
RL: Mas realmente é um mercado que a gente aposta, como eu te disse, o primeiro grande mercado que a gente pretende desenvolver é de veículos comerciais, começamos com ônibus e depois, até pela própria característica aqui do Estado onde estamos, Minas Gerais, que é um estado que tem muitas empresas de mineração de porte relevante, nós pretendemos também a partir daí começar a desenvolver para veículos utilizados na mineração, e aí a nossa própria mina, certamente, vai servir de piloto para isso, porque um equipamento desse também não pode ficar horas parado, tem que estar rodando o tempo todo. Isso faz parte do nosso plano de descarbonização, a CBMM tem um compromisso hoje de se tornar carbono neutro até 2040 e uma das etapas previstas é a eletrificação da nossa frota toda utilizando essa tecnologia.
HL: Porque vocês já conseguem fazer aí 0,54 toneladas de CO2 por tonelada de ferro nióbio, né? Dá para zerar isso até 2040?
RL: Esse é o nosso compromisso assumido, até 2040, isso escopo 1 mais escopo 2. Então escopo 1 mais escopo 2 é 0,54 toneladas de CO2 por tonelada de ferro nióbio expedido, né, como você disse. Escopo 2, hoje, já é zero, então esse 0,54 é totalmente no escopo 1. O Escopo 2, que é aquele referente à energia elétrica utilizada dentro do nosso Complexo Industrial, hoje a gente já garante que 100% da energia nossa vem de fonte renovável, que é uma fonte hidráulica, nas hidrelétricas, isso é uma característica que a Cemig nos concede absolutamente certificada, então já é zero. Nesse caso aqui a lição de casa está pronta, realmente é uma vantagem que o Estado de Minas Gerais e a Cemig nos proporciona. Nós temos agora, do nosso lado ainda, uma lição de casa para tornar esse 0,54 do escopo 1 como zero, e aí tem alguns desenvolvimentos de processos para, naquelas partes que ainda utilizamos combustíveis de origem fóssil, a gente consiga substituir por combustíveis que sejam de fontes renováveis, e isso exige estudos, processos testes.
HL: Porque é uma cadeia, né? Não depende só da CBMM, também depende dos fornecedores dela.
RL: Aí vamos para o escopo 3. O escopo 3, a CBMM tem dentro do seu processo, um processo de redução que a gente chama, não quero ser técnico demais aqui, mas a gente usa o alumínio como uma fonte de um dos nossos processos. Então o alumínio é um grande insumo utilizado na fabricação dos nossos produtos, e nós utilizávamos até o ano de 2019 esse alumínio, principalmente, de fonte primária, e ao longo desses anos nós fomos desenvolvendo fornecedores que trabalham a partir da sucata do alumínio, e o Brasil é uma referência em reciclagem de sucata, não só de alumínio, mas também de alumínio. Então veja que o nosso país, ele realmente nessa agenda sustentável oferece uma série de vantagens em relação a outros locais do mundo
HL: Fica mais competitivo, né, Ricardo? A Gerdau mesmo, o Gustavo me disse, o CEO da Gerdau, que 71% do produto dela é feito à base de sucata.
RL: Exatamente, um processo absolutamente sustentável, uma grande vantagem em relação a vários outros países do mundo, e aqui na Indústria de Alumínio nós temos essa possibilidade. Então hoje, Helenice, nós temos cerca de 90% do alumínio utilizado no nosso processo vindo de sucata.
HL: Que legal isso! Reciclável!
RL: Alguns de nossos fornecedores reciclam isso e trazem para nós. E aí nós tivemos uma redução no escopo 3 muito interessante. De 2019 para cá, ou seja, em 5 anos, se eu falar pra você há 5 anos atrás, o Escopo 1 mais o 2 e mais o 3, nós tínhamos 5,1 toneladas de CO2 por tonelada de ferro nióbio expedido. Hoje, você falou 0,54, está certo para 1 mais 2, quando eu adiciono o 3, que traz a questão toda da cadeia de fornecedores, o número atual é de 1,66. Então em cinco anos saímos de 5,1 para 1,66, então ainda há espaço para melhora, mas eu diria que hoje isso coloca a CBMM e a tecnologia do nióbio em uma vantagem competitiva relevante comparada a outras tecnologias no que diz respeito à emissão de CO2.
HL: E quando você chega também para os compradores, né? Quer dizer, você exporta para 50 países a tecnologia da CBMM, com 500 clientes. E eu lembro que você já me falou que a primeira pergunta, né, tanto na Índia, como na Suécia, “qual que é a sua emissão de CO2, Ricardo?”
RL: Cada vez mais.
HL: Cada vez mais, não surpreende mais isso, né?
RL: Qualquer empresa hoje em dia no mundo, as siderúrgicas estão com mandato muito fortes de descarbonização, eu diria que entre 2040 e 2050 os grandes grupos siderúrgicos mundiais estão todos comprometidos.
HL: Uma pressão enorme, até mesmo dos investidores, não é? Acionistas…
RL: Compromissos de tempos em tempos de ter essa redução de taxa e aí o nióbio tem sido visto, hoje, realmente, como um elemento que pode estar ajudando nessa agenda de descarbonização dos clientes no que diz respeito ao Escopo 3 deles, que comparada a outras tecnologias traz uma vantagem.
HL: A CBMM, o core business dela sempre foi o aço, o setor siderúrgico. Vem essa nova fronteira agora do óxido de nióbio em baterias, mas para o setor siderúrgico vocês também têm apresentado novas soluções, não é? Porque continua sendo carro-chefe da empresa, né.
RL: Continua e eu diria para você que sempre será. A CBMM no ano que vem completará 70 anos de existência, e desde o início da sua fundação o nosso grande desafio foi desenvolver mercado para o nióbio, imagina, 70 anos atrás nem se sabia o que era nióbio, eu diria que a história do nióbio no mundo se confunde com a história da CBMM. A reserva que nós temos em Araxá/MG. descoberta por Djalma Guimarães, foi descoberta 2 anos antes da fundação da CBMM no ano de 1953, e a companhia foi fundada no ano de 1955. Desde o início, parcerias com Universidades, Institutos de Pesquisa, com os primeiros clientes e até hoje com os nossos clientes, para desenvolver aplicações, e a Indústria Siderúrgica foi realmente aquele que nós vimos que pequenas adições de nióbio mudavam propriedades do aço, principalmente aumento de resistência com aumento de tenacidade, normalmente uma coisa vai contra a outra, no nosso caso, pelo o que o nióbio faz na microestrutura do aço, a gente consegue ter a vantagem nos dois lados, começou a ser largamente utilizado. A primeira aplicação foi na indústria de oleodutos, gasodutos, pela segurança que esse tipo de aplicação exige. Hoje 100% do aço utilizado para essa aplicação tem tecnologia do nióbio. Depois passamos a utilizar nióbio em aços inoxidáveis, onde você precisa de resistência a altas temperaturas, sistemas de exaustão em veículos a combustão interna, a própria indústria automotiva, onde você tem a estrutura do veículo mais leve.
HL: Não só na carcaça, mas nas peças do carro também, não é?
RL: Você consegue trazer para o aço uma condição de resistência maior, porque faz com que você possa ter estruturas, peças mais leves, o que é uma grande vantagem para redução do consumo de combustível. Então hoje a gente tem estatísticas de que 40% do aço fabricado no mundo para indústria automotiva já usa a tecnologia do nióbio, mas tem espaço para melhorar ainda.
HL: Pode aumentar esse market share aí, né?
RL: Exatamente. Depois nós tivemos todo um desenvolvimento para o que chamamos de aço estrutural, são aços para construção civil. Então nós temos aí questão de vigas, de seções que são utilizadas para construção metálica, já é um mercado também conhecido através das vantagens que nós podemos oferecer do nióbio
HL: É, todo prédio tem aço, não tem jeito.
RL: E mais recentemente até a indústria de vergalhão passou a utilizar principalmente em países onde você tem algum tipo de abalo sísmico, terremotos. A China no ano de 2018 lançou um novo padrão, que para se atender aquelas propriedades que estão especificadas, você precisa fazer o uso de micro adições no aço para que atinja aquelas propriedades previstas em norma. Então isso trouxe para nós um crescimento interessante de lá para cá, eu diria que é um novo nicho de mercado que nós temos atuado de maneira crescente.
HL: Esse já é o ferronióbio?
RL: Esse é o ferronióbio.
HL: E aí já é diferente do óxido de nióbio.
RL: Exato. Aí é o ferro nióbio que hoje é 90% da nossa receita
HL: E vai continuar assim, 90%?
RL: Não. Nós temos hoje uma área de estratégia, dentro da CBMM com um time qualificado que tem acesso a informações de mercado, uma área de inteligência de mercado.
HL: Fica enxergando lá 10 anos depois, né?
RL: A gente fica fazendo exercício de 10 anos. Então a cada ano a gente revisita isso e põe um ano a mais. É claro que no mundo de hoje, infelizmente a gente não comprou uma bola de cristal ainda, a gente às vezes erra feio, porque a gente faz um plano e vem uma pandemia, não estava previsto ter uma pandemia, aí tem o conflito Rússia e Ucrânia, era difícil também da gente prever, mas eu diria o seguinte, que a gente procura ter uma assertividade maior nos próximos 3 anos e dali para frente vamos observando as grandes tendências mundiais, e a gente vê como o nosso conhecimento usando a tecnologia do nióbio pode estar ajudando o mundo nessas grandes tendências, e a eletrificação veio daí. Em 2012 a gente começou a observar que poderia ter uma tendência de eletrificação no mundo, começamos a avaliar isso, em 2018 a coisa estava mais… e hoje está virando uma realidade.
HL: Ou seja, a mais de 10 anos atrás vocês já começaram a ver isso e aceitaram essa nova realidade, que ela viria, que ela chegaria.
RL: E aí você me traz aqui um dos nossos grandes desafios de hoje, que é fazer isso de uma forma mais rápida através de metodologia ágil, de novas ferramentas, aí passa também por projetos de cultura que a gente faz na companhia para que as pessoas todas estejam desenvolvendo suas competências de maneira complementar. Ninguém sabe tudo na vida, né, então nós temos alguém com um conhecimento ali, outro aqui, um trabalho de time integrado cada vez mais complementar.
HL: E o chão de fábrica, Ricardo, ele está cada vez mais tecnológico, né? A pessoa tem que saber cada vez mais mexer com dados, usar os dados a favor para enxergar lá na frente. Então, assim, o time tem que estar, não só de engenheiros, mas todo o pessoal, esses 2.000 funcionários aí que vocês têm, hoje está tendo essa migração cada vez maior para o uso de tecnologias, o pessoal tem que estar mais tecnológico, não é?
RL: Tem que estar. E hoje em dia, né, essas pessoas chegam com uma vontade de contribuir tremenda. As pessoas não querem chegar ali e simplesmente executar uma tarefa rotineira, repetitiva, e o convite que a CBMM faz hoje nessa agenda de crescimento é que cada um realmente coloque o seu conhecimento à disposição para fazer a diferença, para nos ajudar a crescer, porque cada conhecimento das 2.000 pessoas ali é bem-vindo e é necessário, de novo entendendo o trabalho em time, conhecimento complementar, que as pessoas se realizem através do desenvolvimento, é claro que com o crescimento da companhia as pessoas crescem também. Esse é o momento que a gente tem vivido e aí trabalhos de cultura, de aproximação das pessoas, da criação de um ambiente profundo de respeito, acho que sempre tivemos isso na CBMM, sempre tivemos. O que a gente tem procurado é cada vez mais estimular as pessoas a se aperfeiçoarem, a estudarem, a trazerem o seu conhecimento.
HL: Como está o time de engenheiros lá?
RL: Nós temos um time hoje, técnico, de mais de 100 pessoas que têm realmente o principal papel no dia a dia, eu diria, são duas grandes frentes: uma de aprimoramento dos nossos processos em Araxá. A gente tem desde a mina até a expedição uma busca contínua de redução de custos, aumento da recuperação do nióbio, o nióbio é nossa maior riqueza, então aquele nióbio que sai do minério a gente não quer perder, então quanto mais a gente conseguir aproveitar aquilo, melhor. Então tem esforços, trabalhos técnicos para desenvolver isso, ganho de produtividade, eficiência energética, redução de emissão de CO2.
HL: Na mina também tem cada vez mais como vai lavrar isso, né?
RL: É um trabalho que não tem fim, é a vida toda uma busca de melhoria contínua.
HL: O nióbio lá está na superfície ou já está tendo que fazer escavações maiores para poder conseguir?
RL: A nossa mina é uma mina a céu aberto, open pit que a gente fala, né, nós não usamos explosão, então a gente trabalha com escavação, é uma mina com boas condições, a nossa concentração média hoje de nióbio é cerca de 2 mil, o que é bom.
HL: 2 mil o quê?
RL: 2.000% de nióbio contido no minério. É uma boa concentração.
HL: Já foi mais?
RL: Não.
HL: Sempre foi isso, né, essa quantidade.
RL: De lá a gente leva para um pátio de higienização, para que isso seja bastante uniforme, não causar alterações no processo da frente. O próximo passo é uma concentração, aí sim a gente começa já um processo industrial através de flotação, que a gente leva essa concentração para níveis bem mais altos, daí para frente é o refino, até chegarmos no produto acabado são cerca de 160 etapas de processo. O que a gente tem feito na mina, nos últimos dois anos avançamos muito em perfuração para que a gente possa conhecer as características realmente da nossa mina na sua totalidade, e felizmente temos sido surpreendidos com boas informações
HL: Boas reservas aí por muitos e muitos anos ainda.
RL: Eu diria que realmente o nosso desafio é desenvolver o mercado, hoje o principal desafio é desenvolver o mercado.
HL: Porque reserva tem.
RL: Reserva tem, conhecimento técnico nós temos e estamos também investidos hoje em capacidade. Nossa capacidade para o ferronióbio, que é o nosso carro-chefe, é de 150 mil toneladas por ano.
HL: Essa transmissão de pensamento aqui, eu ia perguntar isso para você, como está essa capacidade, né? Porque assim, vocês a aumentaram para 150 mil toneladas por ano, aí eu fico pensando “gente, CEO deve ter uma pressão tão grande, porque aumentou tem que vender, né?” (risos) Você tem que ocupar essa capacidade instalada, tem que ter mercado. No ano passado vocês produziram 92 mil toneladas…
RL: Nós vendemos 92 mil toneladas.
HL: Venderam, né, quer dizer, não é que produziu, porque produz…
RL: Nós temos alguns estoques estratégicos nos mercados, porque, Helenice, nós somos uma empresa líder global em produtos de nióbio. E uma empresa líder global tem a responsabilidade associada a isso, nós não podemos nunca correr o risco de desabastecer o mercado em nenhum tipo de produto, nós temos todo o portfólio de produtos de nióbio, que não é só o ferronióbio, nós temos o óxido de nióbio, nós temos o próprio nióbio metálico, nós temos ligas que nós chamamos de grauvaco, que são ligas que exigem um grau de pureza extremamente elevado, nós temos ligas de níquel e nióbio para aplicação aeroespacial, então temos tudo isso e nós temos que ter a capacidade de em até 3 dias entregar qualquer tipo de produto em qualquer lugar do mundo para os nossos clientes. Em função disso, nós temos centros de distribuição com inventários nesses principais mercados para que a gente possa realmente garantir essa condição aos nossos clientes com atendimento pleno às especificações, à qualidade, um time técnico também presente em todas essas regiões para dar uma assistência técnica a todos esses clientes. Então nós temos escritórios regionais espalhados pelo mundo…
HL: Têm China, né, Estados Unidos…
RL: China, Estados Unidos, Europa, temos em Singapura.
HL: Mas é tudo produzido em Araxá? Aí é tudo transportado, ficam os estoques lá nos centros de distribuição, digamos assim, né, e aí não dá para ser just in time, produz e entrega, né?
RL: Nós temos hoje uma área muito bem-organizada de planejamento disso, né, que é uma área que faz uma interface entre o comercial e o industrial. Então nós não temos aqui, não é uma commodity, são produtos que tem diferentes especificações dependendo do seu uso.
HL: É uma boutique né, digamos assim, Ricardo? Fazer uma comparação aí, cada cliente tem uma especificidade, “eu preciso do nióbio nesse estado da arte”, “eu já preciso desse outro jeito”, então é um desafio imenso, né?
RL: Mas aí voltando ao tema da capacidade.
HL: O que você vai fazer para completar essa capacidade toda? Porque eu sei que tinha um projeto de chegar até 180 mil toneladas por ano, ainda continua com esse projeto?
RL: Veja, nós temos uma capacidade para 150 mil toneladas por ano e isso foi fruto de um ciclo de investimentos de 1 bilhão de dólares que nós terminamos durante a pandemia, então não paramos durante a pandemia, nós terminamos. Hoje temos essa capacidade, mas o ano passado, que foi um ano recorde, o mercado global, não só dos nossos clientes, o mercado total de ferro nióbio, foi um mercado de 124 mil toneladas. Então nós teríamos capacidade para abastecer o mercado todo e ainda sobra, por isso que o grande desafio é desenvolver o mercado. Não é nossa estratégia ter uma fatia maior no mercado, nós já temos uma fatia bastante relevante, o que nós queremos é desenvolver mais o mercado, que ele cresça. E aí core business, Indústria Siderúrgica, nós temos uma realidade hoje mundial, que a Indústria de Aço, a produção de aço bruto tem se mantido bastante estável, grandes números aqui, cerca de 2 bilhões de toneladas por ano, dos quais, no ano passado, 1 bilhão e 18 milhões foram feitos na China, ou seja, a China faz metade deste aço. Em segundo lugar vem a Índia, mas com 130 milhões de toneladas e por aí vai.
HL: Que abismo.
RL: Então hoje o nosso desafio é o seguinte, a gente não pega carona num crescimento orgânico da produção de aço e até acho que tem um desafio maior, a própria China tem acenado que como o país já tem hoje toda a sua infraestrutura feita, já está sobrando infraestrutura, a China começa a sinalizar com uma redução da sua produção. Por outro lado, a Índia tem crescido e a gente está muito atento a Índia, na semana passada eu estive na Índia, impressionante o que a Índia está fazendo, depois a gente pode comentar sobre isso, os indianos têm realmente feito um trabalho muito interessante.
HL: Tem tudo para se fazer lá, né?
RL: Um mercado que a gente tem crescido bastante, muito estratégico, mas se eu pego de maneira geral, não tem produção de aço crescente no mundo, pelo contrário, pode até diminuir. Então a gente não pega carona no crescimento orgânico. Aí vem o nosso desafio, que é o que nós chamamos de inserção. O que é a inserção? É desenvolver novos tipos de aço, novas aplicações, ainda tudo dentro do aço, que tem mercado. Nessa agenda da descarbonização tem muitas aplicações.
HL: É o cliente falar “nossa, vocês têm isso? Eu não sabia que eu precisava, né?”
RL: Exato. E tem novos mercados emergentes. Hoje o sudeste asiático tem países já com produções bastante relevantes de aço, que a gente está apresentando uma tecnologia para eles, mesmo ali no Oriente Médio tem uma série de países que nós também temos hoje uma equipe focada no desenvolvimento desse mercado. O México tem crescido, sem falar de China e Índia, que China, apesar de ter ainda uma possibilidade de queda de produção, eu acho que tem um enobrecimento do tipo de aço.
HL: Ela vai precisar de outros tipos de aço e aí o nióbio se aplica…
RL: Que aí para nós pode ser conveniente, mas para isso a gente tem que estar presente, tem que estar fazendo o desenvolvimento. Nós todo ano fazemos lá um grande seminário de pesquisa e de desenvolvimento, que são trabalhos que nós patrocinamos junto às Universidades e aos clientes. Esse ano eu estive lá presente, foram 32 trabalhos que foram apresentados, de alta qualidade, e fazemos isso também em outros mercados.
HL: E no Brasil, em, Ricardo? Como está o Brasil no nióbio, você tem vendido bem aqui?
RL: Sim, sim. O Brasil já é referência em uso de nióbio, se você comparar o Brasil com a Europa, com os Estados Unidos, o Brasil não deixa nada a desejar.
HL: Quais setores que usam mais aqui? É a Siderurgia, o automotivo agora pode criar aí…
RL: É a Siderurgia. A Siderurgia indo para aplicações automotivas, energéticas, estrutural na construção, mas o Brasil hoje tem Siderúrgicas que produzem o aço na qualidade estado da arte, a qualidade do aço brasileiro é excelente. Agora o nosso país, infelizmente, ainda tem uma demanda baixa de aço, nós precisaríamos fazer o que a China fez, o que a Índia está fazendo, que são investimentos em infraestrutura que vão estar demandando materiais, aí sem dúvida o aço vai ser o principal material. Mas a qualidade do aço brasileiro, as operações aqui são realmente, eu diria para você, num padrão internacional dos melhores.
HL: Ricardo, aí você falou que tem ainda, que continua com esse projeto de chegar a 180 mil toneladas por ano. Como é que isso se encaixa, então, nesse plano plurianual da CBMM? Você falou que enxerga sempre os 10 anos seguintes, então vocês já estão olhando até 2034 como que tem essa jornada aí de investimentos. Nisso aí você está enxergando até mais do que isso ou…
RL: Eu acho que a gente, como eu te falei, né, é muito difícil a gente prever todo esse contexto macroeconômico.
HL: Mas você já tem algum investimento, algum volume, o que vocês estão já separando lá no caixa, o caixa que no ano passado vocês terminaram aí com R$7.9 bilhões. Como está essa previsão, essa provisão até?
RL: O nosso tipo de atividade, o tipo de indústria que nós atuamos, qualquer investimento é um investimento extremamente relevante, a gente facilmente vai para a escala de bilhão. Então eu acho que um desafio da nossa gestão, da administração, é fazer aumento de capacidade à medida que a gente for tendo uma crescente de demanda para não ter um capital empregado parado, porque isso custa, né. Então fazer o pare e passo é um grande desafio. Nós temos no desafiado, nós temos uma equipe de engenharia interna bastante desenvolvida, porque a nossa indústria é muito específica, uma indústria de commodities, então uma série de particularidades do nosso processo são tecnologias próprias, por isso tem uma engenharia interna com competência para isso, a gente tem procurado fazer avanços cada vez mais modulares e dessa forma ir acompanhando a medida em que as tecnologias forem sendo aceitas, desenvolvidas e criando demandas. É dessa forma que a gente pretende trabalhar e aí é o que eu te falei, o ciclo de desenvolvimento de estratégia, uma assertividade maior nos próximos 3 anos e todo ano vamos revisitando, e assim vamos andando, vamos discutindo com o nosso conselho, nós temos um conselho muito conhecedor do negócio, muito ativo e muito presente para que a gente possa estar validando os próximos passos. Eu acho que mais importante do que um compromisso com um número qualquer que seja, é a gente ter a clara percepção de que nós estamos fazendo o melhor possível, ou seja, não estamos deixando oportunidades em cima da mesa. E aí vem de um time energizado, um time que realmente esteja pondo o seu conhecimento a disposição do crescimento da companhia, seja nos processos em Araxá ou seja na ponta. Nós temos hoje, você perguntou do nosso time de engenheiros, nós temos mais de 100 pessoas hoje com trabalho específico técnico, que além de desenvolver os nossos processos têm que desenvolver a aplicação do cliente, tem que dar apoio técnico, tem que dar assistência técnica aos clientes, e no mundo todo. Então nessas regionais que nós temos, nós temos pessoas com perfil comercial e técnico, porque a nossa venda é muito técnica. Nós temos que ter sempre uma duplinha atuando e o modelo é esse, de dois em dois eles vão no cliente, tem um cliente aqui que eu tenho uma corresponsabilidade do comercial e do técnico para desenvolver, para dar apoio, para manter a satisfação do cliente, para mostrar o quanto a gente consegue agregar de valor a ele. Ultimamente nós temos aproveitado também para mostrar ao cliente como o nióbio pode até ajudá-lo na otimização de processos, em redução de custos, não é só ganho de performance e ganho de qualidade.
HL: Você falou da construção civil, 15% que dá para reduzir o custo, né? De uma obra.
RL: Se você tiver um emprego de estruturas metálicas com aços de alta resistência, você pode cumprir o mesmo papel estrutural e funcional com cerca de 15% a menos de aço, o que torna a obra mais barata e o que faz com que a cadeia toda gere menos emissão de CO2. E isso para a Indústria Siderúrgica pode ser bom por vários aspectos, primeiro que eles têm também um compromisso de redução de CO2, e para eles passa a ser uma venda de um produto de valor agregado mais alto, e vem essa alteração de mix que é uma tendência global também.
HL: E para o cliente também, no consumidor final ali na ponta, chega com um preço também não tão inflacionado, não é? Como a gente viu depois da pandemia, não teve mais volta, né, essa área da construção. No meio do caminho desses 10 anos de plano plurianual tem o contrato com o governo, que a CBMM usa uma das minas do Governo, né? Vocês pagaram R$1 bilhão e 500 milhões pelo uso da mina, e eu vejo que esse volume vai só subindo a cada ano por conta dos resultados financeiros positivos, isso depende é do acionista, aí é o acordo que ele fizer quando terminar o contrato lá em 2032, vocês não têm essa preocupação disso?
RL: Veja, esse contrato, na nossa maneira de ver, é um contrato que trouxe resultados muito interessantes para todas as partes, né. Sem dúvida foi interessante para nossa companhia, sem dúvida foi interessante para o Estado também. Então nós temos hoje uma mina que 50% dela é um direito que pertence ao Estado, através da Codemig, então a gente tem um trabalho conjunto de exploração, a outra metade é um direito da CBMM, e nós temos um contrato em que nós temos que fazer uma lavra igualitária em massa, e isso é cumprido à risca, a gente faz isso, e esse contrato uma vez feita essa exploração da mina, todo o trabalho de desenvolvimento de processo, de desenvolvimento de mercado, de tecnologia, isso fica sob responsabilidade da CBMM. Ao final, o resultado da CBMM é apurado e 25% do lucro líquido a gente repassa para o Estado e aí chega nesse 1,5 bilhão que você citou, referente à execução desse contrato de acordo com que ele foi previsto. Para nós é um contrato de sucesso, ele em 2032 tem a discussão de continuidade e vamos ver o que vai acontecer, realmente é uma agenda que vai ser discutida nos próximos anos.
HL: Independentemente disso, a CBMM continua com o avanço dela em investimentos em tecnologias novas para atender novos mercados, né?
RL: Foi uma fórmula de muito sucesso até aqui.
HL: Ricardo, a fábrica do óxido de nióbio também está inaugurando nesse ano, né?
RL: Em junho.
HL: Em junho também está na mesma pegada, 3 mil toneladas, que é a capacidade dela. Esse investimento todo é dos R$ 274 milhões neste ano, ela está nesses R$ 80 milhões em baterias? Como ficou dividido esse volume?
RL: A CBMM já, de longa data, produz óxido de nióbio para diferentes aplicações, mas não produzia para baterias. Uma aplicação que é muito tradicional é na indústria óptica, então a gente já tem uma planta que trabalha para diferentes aplicações, uma delas é a óptica, e esse investimento que a gente está fazendo numa planta nova de 3 mil toneladas de capacidade, é para o que a gente chama de grau bateria. Então é um óxido específico com características para atender o polo negativo da bateria, o ânodo. São essas 3 mil toneladas, que um dos projetos é com a Toshiba, e a gente pretende com isso atender pelo menos os três primeiros anos de lançamento do produto no mercado. Bom, estamos agora nessa fase, vamos fazer o comissionamento a partir de junho, quem estiver presente lá no dia 19 de junho para esse evento de lançamento do ônibus vai ter a chance de ver inclusive esse investimento. Nós vamos ter lá a cerimônia, as pessoas vão ter a experiência de visitar o nosso site rodando no ônibus, depois vão visitar essa nova planta industrial, vão visitar a planta piloto, a gente vai contar toda a história ali, pessoas do mundo todo estarão ali presentes, e a gente então começa a fazer o comissionamento, como eu te falei, e no início, nos primeiros meses, vão estar produzindo material para todo esse trabalho de homologação dos nossos produtos, mas já é uma atividade comercial, ainda numa escala menor. A gente pretende, num período de um ano, estar com isso já mais avançado e a partir daí ir para o mercado com uma forma, realmente, numa escala comercial para valer. Então isso vai exigir que ao término do ano de 2025, no mais tardar, nós tenhamos já todas as informações necessárias para tomar uma decisão de seguir ou não com o próximo estágio para crescimento de investimentos para plantas que deem subsídios à indústria de baterias, e aí nós vamos estar tomando uma definição, são investimentos já de uma magnitude maior.
HL: Aí já é para bilhão.
RL: Aí já passa de bilhão. Nós temos hoje também, com esse nosso departamento de engenharia e a nossa área de estratégia, cada vez mais buscado benchmark na Indústria para ver como fazer investimentos de uma maneira cada vez mais eficiente, quais são os standards, sempre primando pela segurança, disso a gente não abre mão, segurança em primeiro lugar, aí não se faz economia. Agora, busca de eficiência, busca de padrões que a gente possa comparar com as melhores práticas internacionais, acho que nos últimos anos evoluímos bastante nisso.
HL: Vocês conseguiram um certificado aí, né? Que só tem em pouco mais de 200 países, a CBMM conseguiu um certificado…
RL: Esse certificado que você diz, acho que foi da ISO 37001, que diz respeito às normas antissuborno.
HL: Ah é, esse é outro, do antissuborno, que chama a atenção, né, ter um certificado desses?
RL: Chama. O certificado eu diria que ele é o coroamento de um processo que a CBMM tem, sempre teve, acho que isso aí está desde a origem na CBMM, de boas práticas, de um zelo pelas boas práticas. Nós temos hoje áreas muito atuantes de apoio a nossa gestão, como a área de auditoria, nossa área de compliance, área de gestão de risco, ou seja, todas as áreas de defesa da companhia que trabalham, e no ano passado a gente falou “poxa, vamos trazer o selo?” Porque como nós somos uma empresa internacional, que exporta para mais de 50 países, é sempre um bom cartão de visitas mostrar que você tem um certificado desses que ainda não são muitas empresas que detêm.
HL: Abre muitas portas, né?
RL: E aí trabalhamos, fomos certificados, ficamos muito felizes com isso, eu diria para você que é realmente um momento de celebração de processos que a gente tem que mereçam esse tipo de certificação, que protegem a companhia.
HL: Em nanomateriais, tem alguma coisa que vocês… porque eu lembro que tinha assim, a CBMM aplicava um monte de novas tecnologias, depois vocês resolveram fazer um direcionamento, o foco em algumas tecnologias. Vocês voltam a olhar para nanomateriais com uma lupa melhor?
RL: Nós temos uma curva em formato de um S. Essa curva, o que é? Nós temos hoje, no final do S, na parte superior, aquelas tecnologias que a gente tem que cuidar da manutenção. Também temos que cuidar da manutenção, se você não cuida…
HL: Senão fica obsoleto e começa a deteriorar com tudo, né.
RL: A gente concorre com outras tecnologias, então ninguém pode ficar dormindo.
HL: Só em berço esplêndido, né? “Ah, eu detenho 80% do mercado”. Nada disso, né?
RL: Então o uso do ferronióbio em determinadas aplicações tradicionais, que a gente tem já há muito anos, tem que estar lá olhando, avaliando.
HL: Porque senão perde para outro. “Ah, apareceu uma outra novidade aí”.
RL: Otimizando. Depois nós temos aquilo que já está no final da subida do S, que é aquilo que a tecnologia já está desenvolvida e nós estamos indo ao mercado. Eu diria que as baterias estão neste momento. Depois desses anos todos de tecnologia nós estamos indo ao mercado.
HL: Agora vocês já vão para o mercado com um produto. “Estamos aqui com um novo mercado”
RL: Lá na base do S, aqui no início, eu vou te dar um exemplo de um trabalho que está sendo desenvolvido, que é mais recente, que é o uso de nióbio em aplicação de fungicidas para o agrobusiness, que é uma vocação do nosso país. E eu diria para você que não tem crise no agro, porque com o crescimento da população todo mundo tem que comer
HL: Não tem pílula ainda (risos). E é cada vez mais tecnológico o agro também.
RL: Em uma fase ainda inicial, esse foi um trabalho que foi desenvolvido por um grupo brilhante de professores e alunos da Universidade Federal de Mina Gerais, eles fizeram, a CBMM simplesmente cedeu amostras para eles testarem e a gente viu que realmente é um trabalho de altíssimo nível, de altíssima competência. Agora a gente está acompanhando um pouco mais de perto, eles conseguiram provar que o uso de fungicida parece ser muito interessante, porque, primeiro, não faz mal à saúde humana, não faz mal às plantas e tem trazido produtividade para as lavouras. E agora a gente está dando suporte para o desenvolvimento disso, vamos ver, cai naquele desafio de fazer isso de uma forma mais rápida, mais ágil, mas ainda está na base do S. Então dentro desse S nós temos 16 projetos. Eu citei 3 para você, 16 famílias de projetos, na verdade projetos hoje são 208 classificados em 16 famílias, um investimento de R$250 a R$300 milhões todo ano. Aqui não é investimento em equipamento, é investimento em pesquisa e desenvolvimento, vamos separar as coisas. R$250 a R$300 milhões para construção do futuro, essa companhia cresce, esse negócio cresce através de tecnologia, aqui não tem fusão, não tem aquisição, aqui é tecnologia pura, por isso tem que estar no nosso DNA a tecnologia, a pesquisa, o desenvolvimento, parceria com universidades, que sempre fizemos, desde a fundação.
HL: E aí nesses projetos, em mais de 200 projetos, é lógico que vocês olham, “esse aqui vai ter uma aplicabilidade mais rápida, esse aqui tem mercado para consumir igual o agronegócio, o setor agropecuário, em qualquer parte do Brasil ele está em franca expansão”. Então, assim, é claro que vocês dão destaque para esses projetos que vão ter consumo, né?
RL: E a gente tem que tomar cuidado, porque nós somos uma empresa de engenheiros, eu sou engenheiro, e a gente quer na tentação do gosto pela tecnologia falar “poxa, esse projeto aqui é muito legal, vai dar certo, mas quanto é que vai vender no final? 1 tonelada. Então opa, então para. Vamos naquele que tem mais portencial”. Então essa é outra coisa que nos últimos anos eu acho que nós evoluímos muito, sabe? Nessa definição de uma visão de negócio, de estratégia, porque nós não somos uma academia. Nós damos muito valor à academia, nós precisamos disso, mas nós temos que trazer a visão do negócio para que a gente possa cumprir o nosso maior desafio, que é o crescimento de mercado no final. Então não adianta ficar anos com o desenvolvimento de alguma coisa que vai trazer depois um crescimento que não muda o ponteiro da companhia. Se eu pegar as baterias hoje, eu acredito, acredito fortemente, que nós vamos de ano em ano estar dobrando baterias até que isso vai representar cerca de 25 a 30% da receita. Então a gente está saindo de zero para alguma coisa que vai chegar a 30% da receita da companhia, mesmo com os outros crescendo, porque o aço também vai crescer, mas uma indústria mais tradicional vai crescer numa taxa menor do que a gente imagina que a bateria vai crescer pelo processo de eletrificação no mundo.
HL: Mas não dá para colocar os recursos todos num negócio que vai aí só 1 tonelada ou 2, tem que ter esse olho clínico também, né, para enxergar.
RL: E aí você perguntou dos nanomateriais, isso é um negócio que está crescendo de 7 a 10% ao ano, então isso já é realidade, já está crescendo, tem aplicações aí em materiais com propriedades magnéticas, também propriedades muito interessantes de redução de ruídos, de ganhos de eficiência, tem aplicações que estamos também desenvolvendo para motores elétricos, que permite a minituarização desses motores que é uma coisa muito interessante, eu diria para você que é outra alavanca de crescimento. Então aço está aqui como core business, bateria eu diria que vem como uma grande alavanca de crescimento, nano vem como uma segunda alavanca de crescimento, lá atrás os fungicidas que a gente quer trazer para cá e assim vamos, é isso que está na nossa cabeça nessa dinâmica. Montamos hoje um time dedicado à inovação, nós temos 70 anos de tradição em pesquisa e desenvolvimento, e agora a gente está trazendo pessoal de inovação. O que a gente quer dizer com inovação? O que é diferente
HL: É, o que quer dizer isso? É startup, é o quê?
RL: É alguma coisa que a gente possa ter uma maneira rápida de fazer algum teste que exija menos trabalho de pesquisa científica, que a gente possa pegar algum conhecimento já existente e testar numa aplicação, fazer isso de uma maneira mais ágil e mais rápida. Então nós temos hoje algumas pessoas com conhecimento bem diferenciado que estão nos ajudando a identificar essas oportunidades, pessoas que ficam dedicadas em tempo integral a isso.
HL: E estão conseguindo? Porque você fala que a bateria vocês começaram lá em 2012, quer dizer, já são mais de 10 anos, hoje o mundo não dá mais para ficar esperando uma década inteira para chegar a um produto supernovo, né?
RL: Eu acho que sim, e aí passa realmente por também escolher os parceiros, e tem parceiros que são mais conservadores, que os processos são mais lentos, tem indústrias que são mais conservadoras e aí a gente tem toda essa habilidade de estar olhando no mundo quem pode nos ajudar, quem se move mais rápido. Nós temos hoje alguns clientes que uma vez desenvolvido um projeto que a gente provou que dá certo, a implementação é no dia seguinte, tem outros que tem um processo mais demorado, então a gente tem também, junto aos clientes, demonstrado o quanto que todos podem ganhar se a gente tiver um processo mais rápido de implementação daquele conhecimento que já foi desenvolvido.
HL: Evitar queimar etapas.
RL: A gente não quer relatório bonito na gaveta, a gente quer implementar.
HL: Isso é a Indústria 4.0, Ricardo? Como ela está inserida na CBMM? Ela passa por robôs, vocês pensam nisso para evitar alguma etapa com a intervenção humana ou não? A Indústria 4.0 na CBMM qual que é?
RL: Eu diria para você, se a gente pega os últimos investimentos que fizemos de aumento de capacidade, das últimas plantas, todas elas já têm um nível de uso de inteligência artificial, do conceito de Indústria 4.0, de automação mais avançados, a gente vai fazendo depois uma modernização das plantas mais antigas, mas tudo isso garantindo, primeiro um processo bastante homogêneo e a busca de eficiência, de um maior rendimento, aquilo tudo que eu te falei. Quando a gente verifica os principais indicadores industriais isso tem proporcionado realmente a obtenção de índices que nós mesmos no passado não acreditávamos que seriam possíveis, e hoje a gente vê que aquilo está se consolidando, está estável, teve um crescimento realmente consistente, porque existem essas ferramentas, essas tecnologias todas que nos permitem fazer essa evolução.
HL: Ricardo, você está sempre andando pelo mundo, né? Claro, também com clientes aí em mais de 50 países, como você falou. Além dessa pegada da preocupação das emissões de gás carbônico, o que você tem sentido mais, assim, do que o cliente quer, hoje, num produto com a marca da CBMM?
RL: Eu vejo que cada vez nós e os clientes temos interesse realmente em relações de longo prazo, nós não temos clientes que são clientes seu não estou com você, eu estou com outro.
HL: Aquele leilão, né, de preços?
RL: A gente quer clientes que valorizem o desenvolvimento conjunto de otimização, de eficiência, e nós temos realmente conseguido isso através de companhias que têm valorizado cada vez mais essa relação ganha/ganha de otimização de processos, de otimização de qualidade, de lançamento de novos produtos, e aí que a CBMM acaba sendo reconhecida. Nós somos aquela empresa que acredita que podemos agregar o nosso conhecimento ao conhecimento do cliente, buscar essa sinergia para que todos tenham uma relação voltada ao crescimento. Crescimento seja de volume, de novos mercados ou de eficiência, né? Hoje como realmente as siderúrgicas vivem um momento que não é fácil, o tema redução de custos, busca de eficiência e produtividade está na pauta, e nós mesmos temos desenvolvido o nosso conhecimento interno para que a gente possa ajudar os nossos clientes nisso. Então temos vários funcionários, que tem larga experiência em processos siderúrgicos, que tem a condição de interagir com o cliente, nós temos hoje vários sistemas, vários softwares que foram desenvolvidos com o patrocínio da CBMM em alguma Universidade do mundo, e a gente se senta com o cliente, simula rapidamente o processo dele, e a gente vê no modelo se tem algum ganho interessante e o próximo passo é fazer em escala industrial. E aí nós vamos juntos, apostando, mas é um trabalho sentando-se juntos, parceria.
HL: É, parceria. E para a cidade de Araxá/MG? Qual é o legado que a CBMM quer sempre dar para a cidade onde tem a fábrica dela e que vai continuar tendo, sempre ali expandindo na região de Araxá, no Alto Paranaíba, em Minas Gerais?
RL: Eu falo de forma muito isenta aqui, porque a CBMM vai fazer 70 anos e eu estou lá a 6 anos e meio, então os meus antecessores, acho que realmente foram pessoas visionárias no sentido de, na década de 80, nós já tínhamos preocupações com sustentabilidade, com trabalho de responsabilidade social. Na década de 80, nós construímos o que nós chamamos de centro de desenvolvimento ambiental, onde nós temos um cuidado com preservação da flora e da fauna, preocupações ali com as espécies do cerrado, isso está ali. Nós temos crianças de toda a rede de ensino básico da cidade de Araxá e dos arredores que passam por lá, então é realmente um trabalho de educação muito forte que veio da década de 80. Hoje todas as boas empresas têm isso, né, felizmente o mundo vem evoluindo, mas eu fico pensando em como os nossos antecessores realmente foram visionários e genuínos nessa preocupação. E a relação com a comunidade também, nós temos muitos projetos estruturantes de ensino, de educação, de esporte e de saúde muito voltados para a infância e para a adolescência, acreditando no desenvolvimento do potencial dos jovens daquela região. No ano passado eu diria para você, se não me falha a memória, nós investimos R$39 milhões em projetos de responsabilidade social.
HL: Na educação, né?
RL: Todos voltados para a educação, esporte. Então a relação com a cidade sempre foi uma relação boa. O que a gente quer é cada vez mais que seja uma relação em que a gente fomente o empreendedorismo, que a gente crie uma Araxá autossustentável, não uma Araxá dependente da CBMM. Então esse é um olhar que a gente tem cada vez mais, trazido profissionais com essa expertise, com metodologia. Acabamos de estruturar uma área com foco bastante intenso nisso, trouxemos profissionais do mercado para que a gente possa estar conversando com todos os formadores de opinião em Araxá, para que a gente possa de uma maneira metodológica verificar quais são as necessidades, onde a cidade tem uma deficiência que a gente possa estar atuando. Então não queremos chegar lá com a presunção de achar “eu sei o que a cidade precisa”. Não, não, pera aí, vamos usar uma metodologia, vamos conversar com os principais stakeholders para ver o que é, e a partir daí fazer algum trabalho que de fato deixe alguma coisa no sentido de obter uma cidade que seja autoajustável no futuro. Já é, né? É uma cidade que tem um IDH muito interessante, hoje oferece condições muito boas, acho que os nossos funcionários desfrutam disso, é uma boa cidade pra se morar, mas que seja cada vez melhor.
HL: É, com uma cadeia de fornecedores, com toda uma economia bem diversificada, porque é aquilo, vocês pagam os impostos, são quase R$5 bilhões de reais em impostos, né?
RL: Entre municipais, estaduais e federais chega a esse valor.
HL: Mas aí também os gestores, as cidades têm que saber como elas lidam com isso, né, para desenvolver uma economia alternativa.
RL: Mas sem dúvida é uma preocupação de estarmos sempre muito próximos da cidade.